Policial autor de disparos em festa de Piracicaba alega ter se defendido
Os tiros mataram a estudante de Odontologia Heloise Magalhães Capatto, de 23 anos, e o jovem Leonardo Victor Cardozo, de 26
- Data: 23/11/2022 20:11
- Alterado: 23/11/2022 20:11
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
O policial militar Leandro Henrique Pereira, de 25 anos, autor dos disparos que mataram dois jovens e feriu outros dois durante uma festa sertaneja, domingo, 20, em Piracicaba, disse à polícia que atirou para se defender. Conforme sua versão, houve um empurra-empurra durante o show sertanejo e sua arma caiu. Quando a recuperou, as pessoas tentavam agredi-lo e ele fez os disparos na tentativa de afastar os agressores.
Os tiros mataram a estudante de Odontologia Heloise Magalhães Capatto, de 23 anos, e o jovem Leonardo Victor Cardozo, de 26. Outros dois jovens foram atingidos pelos disparos – um deles, ferido na cabeça, chegou a ser internado, mas já recebeu alta.
O PM, lotado no 46º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, na zona leste de São Paulo, se apresentou à Polícia Civil na tarde de terça-feira, 22, e está preso preventivamente no Presídio Romão Gomes, na capital. A defesa dele informou que entrará com pedido de habeas corpus para que responda ao inquérito em liberdade.
A versão apresentada pelo soldado conflita com depoimentos de testemunhas. A irmã de Leonardo afirmou à polícia que havia uma briga de casal e seu irmão interveio em defesa da mulher, quando o atirador teria sacado uma arma e efetuado os disparos.
A delegada Juliana Ricci, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba, que ouviu o depoimento do atirador, disse que a versão será confrontada com outras provas, como os vídeos e fotos que registraram os disparos, a perícia no local e nos corpos das vítimas, além do exame das cápsulas de projéteis recolhidas no cenário dos crimes.
Segundo ela, o policial disse que não sabe quantos tiros foram disparados e não entregou sua arma, que será requisitada para perícia. O objetivo é esclarecer se os disparos foram feitos de uma única arma, já que Leandro estava na companhia de outros policiais.
Além de sua esposa, que também é PM, dois casais de policiais estavam com ele. Conforme a delegada, os policiais têm autorização para portar armas em qualquer parte do território nacional e não são barrados pela revista em eventos quando informam essa condição.
O Ministério Público estadual também acompanha a investigação. “Temos a versão apresentada pelo suspeito, dentro do seu direito de defesa, mas as fotos, os vídeos, os depoimentos de testemunhas e das vítimas sobreviventes estão no inquérito e tudo será analisado antes da conclusão”, disse o promotor de Justiça Aloísio Maciel Neto.
Além da Corregedoria da Polícia Militar, o ouvidor das polícias do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, vai acompanhar as investigações.
Conforme o coronel Willians de Cerqueira Leite Martins, comandante do Policiamento de Área do Interior, que acompanhou o depoimento do PM, o Conselho de Disciplina vai apurar a conduta do atirador. “Tem uma sequência de atividades que serão realizadas no caso. O processo apuratório vai individualizar as condutas e analisar todo o contexto, que pode gerar inclusive demissão ou afastamento (do policial) Certamente todo o rigor será aplicado na apuração”, disse.