Ocupação Cartola traz o Rosa da Mangueira ao Itaú Cultural
A nova Ocupação do Itaú Cultural apresenta Cartola também em suas versões músico, poeta, erudito e contemporâneo. Ocupação inova na série de recursos para deficientes visuais e auditivos
- Data: 08/09/2016 09:09
- Alterado: 22/08/2023 21:08
- Autor: Redação
- Fonte: Conteúdo
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Neste ano em que se comemora o centenário do samba no Brasil, em sua 31ª edição, a série do instituto, se volta para a trajetória do carioca Angenor de Oliveira, o Cartola (1908-1980), imortalizado como músico e compositor e aqui revelado, ainda, como um poeta de obra feita e atual até os dias de hoje; a mostra possui ferramentas de acessibilidade e se estende a uma publicação, hotsite, shows – no Itaú Cultural e no Auditório Ibirapuera – e rodas de conversas
De 17 de setembro a 13 de novembro, o público pode conhecer na Ocupação Cartola, 31ª da série realizada pelo Itaú Cultural desde 2009, o grande poeta erudito, popular e altamente contemporâneo que viveu em Angenor de Oliveira, mais conhecido pelo nome que batiza esta mostra. O visitante encontra o sambista e fundador da verde e rosa Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira – 18 vezes campeã do Carnaval do Rio de Janeiro, a primeira em 1932 e a mais recente em 2016 – e muito mais sobre a vida, obra e processo de criação deste notável brasileiro. A homenagem se estende a dona Zica, pseudônimo de Euzébia Silva de Oliveira (1913-2003), sambista da velha guarda da Mangueira, parceira e grande amor da vida do bamba do samba e da poesia desde os anos de 1950.
A curadoria desta Ocupação é compartilhada pela cantora Fabiana Cozza e os Núcleos do Itaú Cultural de Música e de Enciclopédia, com consultoria de Nilcemar Nogueira, neta de Cartola. Em seis eixos, a linha curatorial desenvolve o fio da vida e pluralidade de Cartola, em paralelo a uma das histórias de amor mais famosas do mundo do samba: 1908, o nascimento, Encontros/rua, Zi Cartola, Casa/varanda, Palácio do Samba e Cartola de Ouro.
Assim, ela perpassa a vida do artista desde seu nascimento no bairro carioca do Catete, a mudança, ainda criança, para o Morro da Mangueira, zona norte do Rio de Janeiro, onde fundou em 1928 a escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Segue seu percurso que, apesar de resultar na gravação de apenas quatro discos solo – o primeiro deles aos 66 anos, seis antes de morrer –, legou mais de 500 canções, algumas compostas em parceria com nomes como Carlos Cachaça, Dalmo Castello e Elton Medeiros. Até chegar ao fim da exposição, o público não somente terá tomado parte dos feitos conhecidos de Cartola, como também, descobrirá a sua intimidade e a sua poesia.
Ocupação Cartola contém poemas inéditos – nove dos quais foram transformados em libreto a ser distribuído no instituto durante o período da mostra –, fotos de família – entre imagens tiradas por profissionais e, outras, do cotidiano e de época – além de audiovisuais. Soma pelo menos 47 originais, entre imagens e manuscritos e o som da música Quem me vê Sorrir, escrita em parceria com Carlos Cachaça, que é o primeiro registro gravado de Cartola.
A entrada ao universo de Cartola e de dona Zica, é marcada por fotos de época – cedidas pelo Instituto Moreira Salles –, audiovisuais e uma paisagem sonora daquele tempo, percorrendo o Rio de Janeiro como era quando o poeta nasceu, cresceu e já anunciava a sua paixão pelo violão. Segue pelos seus encontros primordiais, como com Carlos Cachaça, Nelson Sargento e o maestro Villa Lobos, e por realizações como a criação da Mangueira e seu amor por Dona Zica. Continua pelo famoso bar no centro do Rio de Janeiro, fundado por ele sempre com a firme e incentivadora parceria da mulher e frequentado por outros bambas como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Paulinho da Viola, que recebeu o seu primeiro cachê ali e também primeiro lugar onde Clementina de Jesus se apresentou.
Em seguida, a Ocupação entra no modo de viver do sambista poeta dentro de casa para desembocar no Palácio do Samba e finalizar com o legado deixado pelo mestre na voz de consagrados nomes da música brasileira. Atestando a sua contemporaneidade, são exibidas declamações de letras de suas canções por músicos na atualidade, como As Bahias e a Cozinha Mineira, Juçara Marçal, Ellen Oléria e Rico Dalasam, entre outros.
ACESSIBILIDADE
Possui ferramentas como mapa e piso tátil e audioguia. Em cada eixo da exposição, materiais como manuscritos, textos, o cardápio do Zicartola, o convite de casamento da Zica e Cartola tem versão em braile. O ar da varanda que transporta para o jardim do poeta, com rosas e samambaias, exala o perfume das flores. Na ambientação do Zicartola são os temperos que ajudam a despertar pelo olfato as sensações do lugar para os deficientes visuais. Todas as playlists contam com recursos para manipulação dos cegos.
Todos os vídeos exibidos na exposição têm tradução em libras e legendas – entre eles, depoimentos de Nelson Sargento, Monarco e Dona Regina, filha de Cartola, assim como o dele com o pai, as falas de Elton Medeiros e Zé Kety e as declamações com Juçara Marçal, Rico Dalasam, Ellen Oléria e Raquel Virginia. Há um extremo cuidado em indicar, na legenda, os vídeos que não tem áudio, como a projeção de Cartola caminhando. Os equipamentos de áudio contam com vibroblater. No espaço que representa a sua casa, por exemplo, o som ambiente é do próprio Cartola falando sobre a sua vida e um monitor faz a tradução em Libras, a Língua Brasileira de Sinais.
ALÉM DA MOSTRA
A Ocupação Cartola se desdobra em uma publicação impressa – com poemas inéditos do artista – e no site itaucultural.org.br/ocupacao, onde o público encontra textos e entrevistas em vídeo com parentes, amigos e parceiros do homenageado. Esta Ocupação também inaugura a parceria entre o Itaú Cultural e o Spotify. No perfil do instituto na plataforma, é possível ouvir uma playlist com músicas importantes da trajetória do artista.
Foi organizada, ainda, uma série de apresentações relacionadas a Cartola, que acompanham a Ocupação, do dia de sua abertura até o fim de setembro. No primeiro fim de semana, dias 17 e 18, o grupo Inimigos do Batente se apresenta, no sábado ao meio dia no Piso Paulista, e às 20h na Sala Itaú Cultural, onde volta a fazer show no domingo às 17h. Na programação Fim de Semana em Família, nestes mesmos dois dias, é realizada a oficina Vamos todos sambar com Histórias de Brincar comandada pelo grupo Histórias de Brincar – esta atividade para as crianças e seus acompanhantes, acontece na Sala Multiúso, às 14h e às 16h.
Ainda no dia 18 de setembro, domingo às 19h, o Itaú Cultural organiza no Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer, do qual é gestor, uma Roda de Samba em homenagem a Cartola comandada por Fabiana Cozza. Na quinta-feira, 22 de setembro, às 20h, a obra do artista é lembrada em um espetáculo apresentado por Luan Charles e pelo grupo Duas, composto de Ana Paula Marcelino e Vaisy Alencar, integrantes da Escola do Auditório Ibirapuera, com apresentação na Sala Itaú Cultural.
No dia seguinte, sexta-feira, 23, às 20h, Nelson Sargento lança seu novo disco Nelson Sargento 90. No sábado, 24, quem se apresenta é Áurea Martins, também na Sala Itaú Cultural. Fechando a programação, no dia 25, domingo, às 19h, a apresentação é de Clarianas.
O Núcleo Educativo, promove Rodas de Conversa e Composição em que os educadores do Itaú Cultural convidam o público a participar de um bate papo sobre o processo de criação de algumas composições de Cartola e suas parcerias. Estas rodas acontecem todos os sábados e domingos de 17 de setembro a 123 de novembro, incluindo o feriado do Dia das Crianças, em 12 de outubro, e de Finados, dia 2 de novembro. Sempre das 16h às 17h. Especialmente em 24 e 25 de setembro, 15 e 16 de outubro, 2, 5 e 6 de novembro, as conversas são acompanhadas por uma interprete tradutora de libras para português.
Ainda no espírito do centenário do samba e da vida de Cartola, o Banco Itaú apresenta o Musical Cartola – O Mundo é um Moinho, com estreia no dia 11 de setembro no Teatro Sergio Cardoso, com texto de Artur Xexéo, Direção Roberto Lage e idealização de Jô Santana. No elenco, Flávio Bauraqui, Virgínia Rosa, Adriana Lessa, Silvetty Montilla, entre outros.
SERVIÇO:
Ocupação Cartola
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Fones: 11. 2168-1776/1777
Acesso para pessoas com deficiência física
Ar condicionado
Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho. R$ 10 pelo período de 12 horas. Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural: 3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10. Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
De 17 de setembro a 13 de novembro
De terça-feira a sexta-feira, das 9h às 20h
Sábado, domingo e feriado, das 11h às 20h
Piso Térreo
Indicada para todas as idades
Entrada gratuita