Professores de Diadema apresentam seus livros na Flid

Dez professores da rede municipal de Diadema estão expondo seus livros na primeira Feira Literária da cidade (Flid), que ocorre no Centro Cultural Diadema até este sábado (15). A iniciativa de incluir os docentes autores da rede no maior evento de literatura do município foi da Secretaria de Educação, como uma forma de valorizar o trabalho dos professores que fazem a educação de Diadema. Participam da feira os docentes Andréa Ramos de Jesus Branco, Conceição Rosa, Flávia Branca Machado, Maria Osmarina de Araújo, Mércia Magalhães, Naara Adma Borges de Oliveira, Nilza Maria da Conceição Santos, Roberto Bezerra dos Santos, Simone da Silva Matias e Vania Priscila Royo Porfirio de Paula.

A Flid começou na última quinta-feira (13) e logo na abertura teve palestras dos jornalistas e escritores Xico Sá e Fernando Morais. No encerramento, será a vez do escritor Ferréz, grande nome da chamada literatura marginal brasileira. Com oficinas, workshops, contação de história, encontros literários, rodas de conversa e peças teatrais, o evento pretende ser um catalisador cultural e será anual.

O pedido para que os professores da rede municipal que também são escritores participassem do evento partiu da Secretaria de Educação. “Acreditamos que precisamos valorizar a cultura local e as habilidades dos nossos professores. Valorizar os autores da rede abrirá portas para outros interessados”, avaliou a diretora do departamento de formação e apoio pedagógico da Secretaria de Educação, Aline Fernandes.

Autora de dois livros e professora na rede municipal há 26 anos na educação infantil e fundamental, Conceição Rosa, 48 anos, é uma das docentes que vão participar da Flid. As suas obras ‘O melhor brinquedo do mundo’ e ‘Tranças’ estarão à venda. As duas tratam de histórias e experiências reais vividas pela autora enquanto educadora e também marcam importantes momentos de transformação pessoal. “Escrevi ‘Tranças’ com a intenção de ajudar uma aluna que não gostava do seu cabelo e acabei eu mesma passando por uma transição capilar e resgatando a minha beleza ancestral”, afirmou.

A professora Mercia Magalhães, 46, há seis anos na rede municipal, apresenta seu primeiro livro, ‘Kaya, uma história de representatividade’, que foi lançado em maio de 2022 com o objetivo de debater a representatividade negra nas escolas. “Meu livro é uma literatura antirracista e fala sobre a minha pratica com a Lei 10.639 na sala de aula, que trata da obrigatoriedade do ensino da cultura afrobrasileira nas escolas”, explicou.

Professor e agitador cultural, organizador de saraus, slams e outras atividades culturais nas escolas e fora delas, Roberto Bezerra dos Santos, 49, o professor Betinho, leciona em unidades públicas desde 2003 e desde 2006 dá aulas em Diadema. O docente apresenta seu primeiro livro, ‘A poesia e a luta’. “São poemas que refletem minhas reflexões diante da vida, na sociedade e de minha própria trajetória enquanto ser político, ativista e militante numa sociedade tão injusta e desigual”, detalhou. O obra reúne poemas apresentados em saraus, núcleos políticos, escolas e outros espaços de resistência onde o docente atua.

Para os professores, poder participar da Flid é um momento importante de reconhecimento do trabalho que vem sendo desenvolvido. “É de extrema importância esse olhar que a secretaria tem hoje com os profissionais, com os professores, um olhar de cuidado, de dizer o quanto eles são capacitados e é um momento muito especial que a gente está vivendo em Diadema”, afirmou Mercia. “Participar de uma feira de livros na cidade onde eu trabalho é uma alegria. Ver que meus livros estão alcançando cada vez mais pessoas, uma honra, é muito bom”, declarou Conceição.

“Sei da importância da literatura, da arte no geral, como um direito humano essencial. Que a poesia seja espelho e janela para cada um de nós. E que Diadema esteja à frente desse processo. Terra fértil a gente sabe que essa cidade é”, ponderou o professor Betinho, que sugere, para as próximas edições da feira, uma mesa de debates onde os docentes da rede possam falar sobre suas obras com o público presente. “Seria um ganho para todos”, concluiu.