Recomposição de aprendizagem resulta em melhora de escrita nos 5º anos
Plano de Desenvolvimento da Educação Diademense foi estruturado para auxiliar estudantes no aprendizado, gravemente prejudicado pela pandemia de Covid-19
- Data: 30/09/2022 13:09
- Alterado: 15/08/2023 21:08
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Em todos os anos do Ensino Fundamental I foram registrados avanços e a iniciativa já é realizada em todas as escolas da rede
Crédito:Dino Santos
A realização da Prova Diadema, em fevereiro deste ano, avaliou o quão grande foi o impacto da pandemia de Covid-19 no aprendizado dos estudantes da rede. Com os resultados em mãos, a equipe da Secretaria de Educação elaborou o Plano de Desenvolvimento da Educação Diademense (PDE), que definiu metas e ações para recomposição das habilidades que não foram assimiladas no ensino remoto. Quatro meses depois do lançamento, as novas avaliações realizadas pelas unidades escolares, ao final do trimestre, já mostram melhoras no nível de escrita dos estudantes, com redução de até 44% na proporção de crianças do 5º ano que não conseguiam ler e escrever.
A diretora do Departamento de Formação e Apoio Pedagógico da Secretaria de Educação, Aline Fernandes, explicou que 79% dos estudantes da rede foram avaliados, o que corresponde a 9.470 crianças. Quando a Prova Diadema foi realizada alguns pais ainda optavam pelo ensino remoto, e por isso ela não atingiu 100% da rede. Ela também relata que outro desafio é a frequência dos estudantes: “Temos lidado também, desde o retorno das aulas presenciais, com um número muito grande faltas”, relatou. De posse dos resultados das provas, os números mostraram o que a equipe já esperava: o impacto de um ano e meio fora das salas de aula se refletia em uma alfabetização incompleta, ou em muitos casos, inexistente.
“A gente considera, no Brasil, o 1º e o 2º ano do ensino fundamental como o ciclo de alfabetização. Ocorre que as crianças que entraram no 1º ano em 2020, quando começou a pandemia, passaram por esse ciclo praticamente sem aula presencial. Então os estudantes do 3º ano chegaram em 2022 à essa etapa sem saber o que era necessário”, pontuou. Os dados indicavam que pelo menos 49% dos estudantes do 3º ano, em 2022, não estavam na fase alfabética, que é quando a pessoa domina de maneira razoável o processo de leitura e escrita.
AVANÇOS
Em fevereiro, 21,83% dos estudantes do 5º ano estavam na fase não alfabética, ou seja, o aluno sabe que para escrever se usam letras, mas não compreende seus significados nem é capaz de usa-las para formar palavras e frases. Um trimestre depois, a porcentagem caiu para 12,2% do total de estudantes nessa fase da alfabetização, uma queda de 44%.
Aline explicou, ainda, que a avaliação e o diagnóstico foram feitos de maneira individualizada, para que cada professor soubesse o que deveria trabalhar com os estudantes; a nível escolar, para que a direção pudesse pensar em estratégias para aquele coletivo; e de maneira geral, para que a Secretaria de Educação atuasse pela melhoria de toda a rede. “Com o PDE nós pensamos metas para cada ano e já demos início às ações para alcançar esses objetivos. Uma delas é o Aprender Mais, que começou no início do ano com os alunos dos 4ºs e 5º anos com ações de alfabetização e em matemática no contraturno”, afirmou.
Especificamente para os 3ºs anos, começaram no segundo semestre os Grupos de Recomposição de Aprendizagem (GRA). “Foi preciso contratar mais professores, porque as atividades são feitas durante o período escolar e não podemos defasar o processo regular de aprendizagem”, detalhou a diretora. Em escolas menores, os grupos de recomposição serão ofertados também para estudantes dos 4ºs e 5ºs anos. “Temos feito um monitoramento trimestral das habilidades essenciais e a prova para todas as habilidades do ano/ciclo vai ser aplicada de 7 a 11 de novembro deste ano. Com isso vamos ver onde houve avanço e como precisamos replanejar as ações para 2023”, concluiu Aline.
CÁPSULA DO TEMPO
Para a equipe gestora a evolução dos estudantes pode ser medida por meio de números e planilhas, para os estudantes o avanço ocorre de maneira cotidiana, mas também é possível pensar em maneiras de registrar esse percurso. Na EMEB Sagrado Coração de Jesus, no Jardim Gazuza, durante uma reunião de planejamento do grupo de recomposição, a equipe resolveu fazer uma cápsula do tempo. Foi conversado com os estudantes sobre como eles avaliavam a importância de ler e escrever. Os alunos escreveram ou desenharam, do seu jeito, o que isso significava para eles. As professoras foram suas escribas (quem, na antiguidade, tinham a missão de fazer os registros escritos) e “traduziram” as mensagens logo abaixo.
Toda essa produção foi colada em cartazes e guardada em um baú, que será aberto em dezembro, quando estudantes, professores e direção poderão avaliar, todos juntos, o quanto foi avançado em termos de aprendizagem e domínio da escrita no período, além de socializarem seus sentimentos sobre isso. “Pra eles foi uma novidade. Alguns até questionaram se é possível guardar por tanto tempo sem estragar. Acabou aguçando ainda mais a curiosidade e a euforia pelo novo”, detalhou a coordenadora pedagógica da escola, Patrícia Machado.
Nessa escola, a brinquedoteca foi adaptada e transformada na sala do GRA. “As crianças têm chamado de sala secreta”, contou a coordenadora. Os estudantes que apresentam dificuldade com a alfabetização têm uma hora de aula, quatro vezes por semana, com foco específico nessa habilidade, em um atendimento individualizado. “Foi um trabalho de toda a equipe, mas a organização da sala ficou toda a cargo da nossa coordenadora”, explicou a diretora da escola, Adriana Monteiro.