Cunha diz que Brasil não é “republiqueta” para tirar presidente do dia pra noite
Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, Cunha advogou pela tese de que um presidente não pode ser afastado do cargo por um ato anterior ao mandato que está exercendo
- Data: 17/03/2015 15:03
- Alterado: 16/08/2023 15:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Eduardo Cunha: ""Não posso achar que o Brasil virou uma 'republiqueta' e que podemos tirar o presidente democraticamente eleito"
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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu que o impedimento de um presidente é algo grave e que exige previsões constitucionais.
“Não posso achar que o Brasil virou uma ‘republiqueta’ e que podemos tirar o presidente democraticamente eleito. O Brasil não pode fazer como o Paraguai, que tirou o Lugo do dia pra noite porque ele perdeu apoio, vai ser um impeachment atrás do outro se isso acontecer.”
O presidente da Câmara disse ainda ser a favor do parlamentarismo como sistema de governo, mas que falar nisso agora soaria golpista, então que preferiria plantar uma semente deste debate para o futuro.
Questionado sobre a operação Lava Jato e sobre a sua fala de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, teria escolhido a quem investigar, Cunha disse não ser uma alegação política, mas técnica.
“O procurador usou dois pesos e duas medidas”, afirmou Cunha, ao argumentar novamente que, a seu ver, o inquérito contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS) não deveria ter sido arquivado e que não deveria ter sido aberta investigação contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
O presidente da Câmara também voltou a ressaltar que o envolvimento de seu nome não foi corroborado pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef. Cunha disse que, mesmo que seu inquérito vire uma denúncia contra ele, não pretende renunciar ao cargo de presidente da Câmara.
“Não podemos condenar ninguém antecipadamente”, alegou.
Sobre a polêmica afirmação dada na manhã desta segunda-feira, 16, Cunha esclareceu que não quis dizer que não há corrupção no poder Legislativo, mas que a governança para evitar os casos denunciados recentemente é do poder Executivo.
“Não estou isentando, mas a raiz do problema não está lá (no Legislativo)”, afirmou ao defender que a corrupção na Petrorbras decorreu, em grande parte, de mudanças regulatórias de licitação, na competência do Executivo.