Legado das Águas lança livro sobre borboletas
Com linguagem simples e acessível, a obra tem diferentes finalidades, seja como guia para observar esses animais na natureza, material didático ou simplesmente uma leitura
- Data: 16/09/2022 09:09
- Alterado: 15/08/2023 22:08
- Autor: Redação
- Fonte: Legado das Águas
Eurybia molochina molochina
Crédito:Thiago Marcel Campi
Com objetivo de divulgar o conhecimento científico sobre lagartas, borboletas e mariposas, o Legado das Águas – maior reserva privada de Mata Atlântica do país – lança o livro “Borboletas do Legado das Águas”. A publicação é resultado de quatro anos de pesquisa científica realizada com esses animais nas florestas do Legado em parceria com a Sustentar – Meio Ambiente. A obra reúne informações de 145 das 350 espécies registradas na Reserva, incluindo algumas raras e ameaçadas de extinção. O livro é um dos poucos do país que reúne fotos em tamanho real das espécies, história natural e informações sobre a ecologia e biologia desses animais, voltado para diferentes públicos, desde profissionais da área de biologia a leitores em geral.
A versão digital do livro pode ser adquirida gratuitamente
O livro é de autoria da bióloga Dra. Laura Braga que, de 2016 a 2019, coordenou a pesquisa no Legado das Águas, junto a sua equipe, composta pela bióloga Ma. Janaína Oliveira e pelo auxiliar de campo Willer Bontempo, contando também, em muitas ocasiões, com a participação de membros da equipe da Reserva, em especial, José Alves e Miguel Flores.
A bióloga conta que a obra é uma jornada pela pesquisa em si, explicando os métodos utilizados no Legado das Águas, além de ser uma aula, leve e colorida, sobre esses animais. A publicação inclui destaques como as admiradas borboletas azuis, representadas pelo gênero Morpho, as chamadas “corujas”, representadas pelo gênero Caligo – que chamam a atenção por serem grandes e terem um desenho nas asas que lembram olhos dessa ave, além das enigmáticas borboletas de asas transparentes. O livro também mostra passo a passo das fases de vida das espécies, diferenças entre borboletas e mariposas e como elas evoluíram para enganar e se defender de predadores.
“Para o público geral, o livro está recheado de curiosidades, que enriquecem o repertório intelectual e o conhecimento sobre a natureza. Já para profissionais das áreas de biologia e observadores de borboletas, a publicação funciona como um guia de campo, além de compreender um material didático e de divulgação científica. Inclusive, pode ser utilizado por educadores em sala de aula”, acrescenta a doutora.
Durante a pesquisa no Legado das Águas, a Dra. Laura Braga foi responsável por importantes registros para a conservação dessas espécies na Mata Atlântica, como as borboletas Prepona deiphile deiphile (Godart, [1824]) (Nymphalidae), que não era vista há 60 anos no Estado de São Paulo, Godartiana byses (Godart, [1824]) (Nymphalidae), que foi o primeiro registro no Estado, e a Argyrogrammana caesarion Lathy, 1958 (Riodinidae) – espécie rara, que só é encontrada na Mata Atlântica.
“É surpreendente a diversidade de espécies abrigadas pelo Legado das Águas, desde as mais comuns, até as mais raras e ameaçadas de extinção. Isso prova a importância de áreas naturais bem preservadas para conservação das borboletas. Por esse motivo, o livro “Borboletas do Legado das Águas” pode ser utilizado em diferentes regiões do país, pois muitas espécies possuem ampla distribuição, ou seja, podem ser encontradas em diferentes biomas do nosso país”, reforça a bióloga.
Conhecimento compartilhado
De acordo com Daniela Gerdenits, gerente do Legado das Águas, o livro integra as ações da Reserva para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade da Mata Atlântica, de forma que contribua com a conservação do bioma. “As pesquisas científicas realizadas no Legado das Águas têm dois grandes objetivos: transformar o conhecimento em negócio de impacto positivo e que gere receita para manter a floresta em pé e, ao mesmo tempo, contribuir com a conservação do bioma. Com a parceria com a Dra. Laura Braga, conseguimos avançar nessas duas frentes. A pesquisa já serviu de base para um curso realizado na Reserva no início desse ano, por meio do nosso Programa de Turismo Científico, e agora compartilhamos todo esse conhecimento adquirido nessa publicação”, explica Daniela.
A gerente reforça o papel da obra na ampliação do conhecimento sobre as espécies com o público geral. “É comum ver borboletas e mariposas serem representadas em diversas culturas no mundo como seres mágicos e místicos, ou como um símbolo de beleza e delicadeza. Mas, a popularidade desses animais baixa quando se trata da representação real da sua importância para o equilíbrio do ecossistema. Ampliar o conhecimento sobre esses insetos é urgente. As populações desses animais estão desaparecendo em uma velocidade assustadora, causada principalmente pela diminuição de áreas naturais conservadas. A existência deles impacta diretamente a nossa, principalmente na produção de alimento, considerando que muitas espécies são polinizadoras. Sem contar nos demais papéis ecológicos que eles desempenham para a saúde do meio ambiente. O conhecimento é a ferramenta mais poderosa de conservação. Desejamos que esse livro seja muito utilizado por todos os públicos”, finaliza.