Espetáculo infantil Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus estreia no Sesc Santo André
Coletivo O Bonde apresenta as aventuras de Abou, um menino africano que foi encontrado dentro de uma mala, tentando entrar no continente europeu
- Data: 31/08/2022 14:08
- Alterado: 15/08/2023 23:08
- Autor: Redação
- Fonte: Sesc Santo André
Espetáculo infantil Quando eu morrer
Crédito:Tide Gugliano
Baseada em fatos reais, o espetáculo Quando eu morrer, Vou Contar Tudo a Deus estreia em 4 de setembro no Sesc Santo André com montagem e direção do coletivo O Bonde, formado por atores negros criados em bairros periféricos de São Paulo. A temporada segue até 25 de setembro, aos domingos, às 12h, e sessão única no feriado do dia 7/9.
Je m’appelle Abou (Eu me chamo Abou) foi a primeira frase dita por um menino marfinense ao ser encontrado escondido dentro de uma mala pelo Raio-x da imigração espanhola na cidade de Ceuta, fronteira com Marrocos. Envolto entre as roupas, a cena foi mais um caso a realçar a situação de refugiados no mundo.
De forma lúdica e poética, o coletivo O Bonde retrata a situação de abandono e ausência de condições básicas de sobrevivência a que muitas crianças são submetidas, sobretudo as negras, no processo de imigração em massa de africanos para o continente europeu. Este é o ponto de partida para a construção do espetáculo baseado no texto homônimo da dramaturga, cronista e roteirista negra Maria Shu.
Para o diretor Ícaro Rodrigues o que mais chama a atenção é a forma como o garoto enfrenta suas dificuldades. “O Abou é um grande guerreiro que lida com a pobreza, com a fome e com a condição de refugiado, mas encontra forças para ressignificar a realidade em que está inserido.”
A partir de uma pesquisa afro centrada e inspirados nos contadores de histórias africanos, os griots, o elenco conta a trajetória de Abou e sua família. Os atores não fingem ser a criança, são narradores do processo migratório e da forma como a vida dele dialoga com as realidades de tantas crianças das periferias brasileiras.
Para o grupo, de um modo geral, no teatro infantil faltam referenciais de crianças negras quando se trata de representação e de influências. “Nós temos poucos personagens de desenhos animados e de videogames que são negros e não estão associados a uma imagem criminosa. É um processo maior do que o próprio teatro infantil, isso nos motivou a montar esse texto para conversarmos com as crianças negras e trazermos a imagem e os costumes do povo preto”, aponta Rodrigues.
A cenografia, assinada por Eliseu Weide, traz uma parede de malas que “inicialmente revela a savana, o espaço onde Abou morava, a África. Com o passar do tempo elas vão se fechando e vem a viagem. Tudo sai de dentro delas simbolizando a memória de Abou, ao mesmo tempo em que essas malas representam o alto número de refugiados”.
A direção musical de Cristiano Gouveia traz referências sonoras, rítmicas e melódicas das cantigas tradicionais africanas. “Algumas são em línguas africanas como o yorubá, pois é importante trazer essa referência da palavra falada africana”, exalta Gouveia. “Dentro das composições originais que criei para peça, também traduzi letras para línguas africanas para ampliar o repertório. A música também funciona como um elemento narrativo do espetáculo, uma dramaturgia musical”, completa. A violonista Ana Paula Marcelino e o percussionista Anderson Sales tocam ao vivo.
Apesar de tratar de um tema forte, o coletivo O Bonde entendeu que o primeiro passo do grupo seria conversar com as crianças negras. “São tantas as narrativas em torno da negritude que entendemos que seria importante falar primeiro com as crianças. Esse primeiro olhar busca que elas se sintam representadas, retratas e com possibilidade de fala, de diálogo e de escuta”, revela Filipe Ramos.
Sinopse
Baseado numa história real, o espetáculo conta as aventuras de Abou, um menino africano que foi encontrado dentro de uma mala, tentando entrar no continente europeu. Ao som de tambores e violão, quatro atores-narradores contam a história deste refugiado que, junto com sua mala Ilê -companheira, abrigo e animal de estimação -enfrentou dificuldades com criatividade, imaginação e coragem.
SERVIÇO
ESPETÁCULO – SESC SANTO ANDRÉ
Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus
com coletivo O Bonde
4/9 a 25/9 – Domingos 12h
7/9 – Quarta-feira 12h
Local: Teatro do Sesc Santo André
Classificação etária: livre para todos os públicos.
Venda de Ingressos: online no Portal Sesc SP e presencial nas Bilheterias da Rede Sesc.
Valores de Ingressos
R$25,00 – público geral
R$12,50 – categorias elegíveis ao desconto de 50%, de acordo com a legislação vigente.
R$7,50 – Credencial Plena válida
Grátis para crianças até 12 anos mediante retirada de ingressos na Bilheteria.