Ucrânia inicia ofensiva para retomar territórios ocupados pela Rússia
Objetivo é retomar cidades estratégicas, como Kherson, com uso de armas ocidentais modernas, como os sistemas de foguetes Himars, dos EUA
- Data: 30/08/2022 09:08
- Alterado: 30/08/2022 09:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
A Ucrânia anunciou na segunda-feira, 29, que deu início a uma contraofensiva para recuperar território ocupado pelos russos no sul do país. O objetivo é retomar cidades estratégicas, como Kherson, com uso de armas ocidentais modernas, como os sistemas de foguetes Himars, dos EUA. O governo ucraniano, porém, deu poucos detalhes sobre a operação.
Moradores relataram um aumento nos combates na linha de frente, com o governo ucraniano dizendo ter rompido a primeira linha de defesa dos russos em Kherson. A Ucrânia também diz ter destruído uma base militar russa na região.
“Temos uma chance brilhante de recuperar os territórios com a ajuda dos sistemas Himars. Quase todas as grandes pontes em Kherson já foram destruídas. O Exército russo teve o fornecimento de armas e pessoal da Crimeia interrompido”, afirmou um grupo operacional de tropas ucranianas chamado Kakhovka, em mensagens nas redes sociais.
ESTRATÉGIA
Kherson, primeira cidade a cair nas mãos da Rússia, vem sofrendo apagões. Segundo a mídia russa, civis estão sendo retirados da área. A região tem uma posição estratégica, já que faz fronteira com a Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
Após fracassar na tomada de Kiev, no início da guerra, a Rússia voltou sua ofensiva para Donbas, leste da Ucrânia, e depois para o sul, para conter o avanço ucraniano que ameaça a Crimeia. Um relatório publicado pela inteligência britânica, em julho, já indicava que as tropas ucranianas estavam conseguindo destruir pontes que serviam para abastecer as forças russas, que teriam ficado extremamente vulneráveis.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, estava sob pressão para iniciar a ofensiva antes que a estação chuvosa deixe os campos lamacentos e intransitáveis ou o apoio europeu vacile em meio ao aumento dos preços da energia.
A Ucrânia deu poucas informações sobre como está conduzindo a contraofensiva. A porta-voz do comando militar, Natalia Gumeniuk disse que ações foram realizadas em “muitas direções”. “Toda operação militar requer silêncio e todo mundo precisa ser paciente”, disse.
Um oficial de defesa dos EUA confirmou o início da ofensiva da Ucrânia. “Ela mostra o apetite dos ucranianos por progresso no campo de batalha”, disse. O funcionário, falando sob condição de anonimato, acrescentou que o Pentágono vê com cautela as possibilidades de ganhos na região. A Rússia negou ontem qualquer movimentação das tropas ucranianas na região.
USINA NUCLEAR
A intensificação dos combates ocorre no momento em que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) enviou uma equipe de especialistas para monitorar a usina de Zaporizhzia, ao norte de Kherson. Ontem, os cientistas realizaram as primeiras inspeções de segurança nas instalações.
Nas últimas semanas, Ucrânia e Rússia vêm se acusando mutuamente de alimentar o conflito bombardeando a região ao redor da usina, que já havia sido brevemente desligada da rede elétrica, na semana passada. Esse incidente aumentou o medo de um desastre nuclear em um país ainda assombrado pela explosão em Chernobyl, em 1986.
Na semana passada, autoridades ucranianas distribuíram comprimidos de iodo para mitigar os efeitos da radiação em caso de vazamento. O governo teme que qualquer interrupção da energia possa sobrecarregar os sistemas de backup e prejudicar o resfriamento dos reatores.
A Ucrânia afirma que a Rússia está usando a usina como escudo para atacar alvos ucranianos, além de armazenar armas e equipamentos no local. Já os russos acusam a Ucrânia de disparar imprudentemente contra a instalação.
ALTO RISCO
O chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, alertou ontem que a missão da AIEA em Zaporizhzia será a “mais difícil da história” da agência. “A Rússia está colocando não apenas a Ucrânia, mas também o mundo inteiro sob risco de um acidente nuclear”, afirmou Kuleba, durante visita à Suécia.