Exposição “Vidas Invisíveis?” leva multidão à Fábrica de Cultura

Representantes do Movimento Nacional de Luta em Defesa da População de Rua também vieram prestigiar a exposição

  • Data: 19/08/2022 17:08
  • Alterado: 16/08/2023 08:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: PMD
Exposição “Vidas Invisíveis?” leva multidão à Fábrica de Cultura

Exposição "Vidas Invisíveis?" leva multidão à Fábrica de Cultura

Crédito:Divulgação

Você está em:

“A foto que mais me marcou foi a do José Carlos. Eu passei por ele, no Centro Pop, e percebi que precisava fazer uma foto. Não exatamente para a exposição, mas é que a figura dele me chamou a atenção. E aí acabei presenciando um diálogo bem bacana. Um outro fotógrafo que me acompanhava, também negro, perguntou de onde ele era. Aí ele ficou assim, sem saber o que dizer, meio parado, olhando, e o fotógrafo disse ‘O senhor é de Angola, né? Nós somos de Angola, eu e você.’ Foi aí que ele percebeu que o fotógrafo o estava enxergando como um irmão, um irmão de cor. ‘Será que eu sou de Angola?’, ele respondeu, como se falasse consigo mesmo, analisando a própria origem. ´Acho que sou de Angola.'”

Essa declaração foi da fotógrafa Adriana Horvath, funcionária de carreira da Secretaria de Comunicação. Acostumada a fotografar a população diademense por exigência de diversas pautas em seu trabalho diário, não foi por acaso que seu olhar pousou na população em situação de rua. “O simples fato de estarem em situação de rua coloca essas pessoas com alguém que não tem vontade, desejo, objetivo na vida… e isso não é verdade. A ideia dessa exposição nasceu no Centro Pop e quando foram falar comigo eu a abracei de imediato. Com o objetivo de buscar a dignidade dessas pessoas, que muitas vezes é esquecida. Eu queria retratar essas pessoas, que podem estar em situação de rua hoje, mas que podem estar em uma situação totalmente diferente daqui a um tempo. Todos os retratados são do Centro Pop, mas são pessoas em busca de uma reinserção na sociedade. De seguir em frente.”

“Para o Centro Pop, esse trabalho valoriza toda a nossa equipe, bem como a população de rua de Diadema, que sabe que não é invisível. Ela tem sentimentos, tem voz, tem vontade e está aí para mostrar a sua cara,” afirmou a coordenadora Pamila Braz. A educadora social Samira, idealizadora do projeto, era um das mais emocionadas na abertura da exposição. “A gente que já trabalha há um tempo com essa população sabe o quanto é difícil quebrar esse preconceito que existe tanto da população em situação de casa quanto dos próprios serviços acessados pela população em situação de rua,” desabafou ela, sendo muito aplaudida pelos usuários do Centro Pop ali presentes.

“Eu fico feliz de ser um prefeito de uma equipe com tanta sensibilidade,” contou o prefeito de Diadema, José de Filippi Jr, que também prestigiou o evento. “Quando assumimos a prefeitura, encontramos um centro pop que não podíamos chamar aquilo de política pública. Não foi fácil, mas foi um símbolo para nós: em 4 meses inaugurávamos o prédio do Novo Centro Pop, no centro da cidade, ao lado da prefeitura. Eu digo que a gente aprende com essa população, principalmente a ajustar nossas políticas. Este é o grande desafio. Por isso criamos um Grupo de Trabalho Intersetorial para a População em Situação de Rua. A gente quer que nossa política seja não só de olhos abertos, mas de braços abertos também.”

Já com a exposição aberta, o prefeito deu um abraço em um rapaz em situação de rua, que já estava há um bom tempo parado em frente a um dos grandes painéis, os olhos marejados. Era Mateus Camargo de Lima, e a foto ali no painel era dele. “É gostoso se ver assim, né? Em um evento pra nós mesmos, pra população de rua, pros meus amigos. É gostoso.”

Representantes do Movimento Nacional de Luta em Defesa da População de Rua também vieram prestigiar a exposição, como Anderson Miranda, que viveu 30 anos em situação de rua. “Nós não somos invisíveis. O que nos joga para esta situação é a falta de políticas públicas intersetoriais. Não é um problema só da Assistência Social. Nós somos um problema da Saúde, da Educação, da Habitação, do Esporte, da Cultura… de todos e de todas. Então, parabéns a Diadema. Que acolhe a população de rua quando ela precisa, mas também nos vê como seres humanos. É uma cidade que olha nos nossos olhos.”

“Eu olhei nos olhos dessas pessoas e vi que cada uma tinha uma história pra contar,” resumiu Adriana. “Foi uma das experiências mais emocionantes que eu já tive como fotógrafa da prefeitura.”

Exposição Fotográfica “Vidas Invisíveis?”, de Adriana Horvath

De 18/08 a 10/09, na Fábrica de Cultura

R. Vereador Gustavo Sonnewend, Neto, 135 – Centro, Diadema – SP

De terça a sexta, das 9h às 17h / sábados, das 9h às 17h30

Compartilhar:
1
Crédito:Divulgação
1
Crédito:Divulgação
1
Crédito:Divulgação
1
Crédito:Divulgação
1
Crédito:Divulgação
1
Crédito:Divulgação Exposição "Vidas Invisíveis?" leva multidão à Fábrica de Cultura










Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados