Secretária de Educação de Diadema vai a Natal falar sobre educação integral
Ana Lucia Sanches participou de mesa da Conferência Nacional de Educação Popular e apresentou a experiência do município; equipe da cidade apresentou outros três trabalhos durante o evento
- Data: 18/07/2022 17:07
- Alterado: 18/07/2022 17:07
- Autor: Redação
- Fonte: Prefeitura de Diadema
Crédito:Divulgação
A secretária de Educação de Diadema, Ana Lucia Sanches, participou na última sexta-feira (15) do evento “Educação Integral na escola pública brasileira: experiências em curso e aprendizados da história”, realizado pela Conferência Nacional de Educação Popular 2022 (Conape) em Natal, no Rio Grande do Norte. Ao lado de representantes das Secretarias Municipais de Educação de Contagem (MG), São Leopoldo (RS) e Maricá (RJ) e das Secretarias Estaduais de Educação da Bahia e do Rio Grande do Norte, a gestora relatou como o programa de educação em tempo integral no município busca fazer de toda a cidade um espaço educativo e garantir o direito à educação de qualidade para as crianças.
Ana Lucia destacou a importância de se entender que a educação integral é construída em rede, com pessoas, em diferentes lugares e de diferentes formas. “Essa conexão nos fortalece, nos faz pensar diferente e nesse fazer coletivo a gente vai aprendendo a fazer uma nova educação coletiva e construída em muitas mãos”, pontuou. A secretaria apontou que quando se fala em currículo, o que são levados em conta são valores e crenças que em algum momento, alguém validou como importante e que sob essa perspectiva, é necessário que o currículo seja permanentemente debatido.
Ana Lucia explicou que um oitavo da população da cidade vive em situação de extrema pobreza, que 49% das famílias têm renda mensal de até R$ 2.200 e que é preciso refletir sobre as condições de vida das crianças, que em um contexto e exclusão, são sempre as maiores vítima. “Nunca devemos deixar de pensar em proteção integral, em direito a uma convivência adequada, alimentação saudável e toda sua rede de vivências educativas que vai oportunizar o direito de presente e não só de futuro”, declarou.
Falando especificamente da experiência de Diadema, a secretária relatou que a volta dos valores dos saberes populares, da ancestralidade, da corporalidade e da cultura dos povos originários é fundamental na educação integral e faz parte do currículo do município. “Diadema teve mais de 20 anos de administração populares e democráticas. Em 1983 assumiu um prefeito metalúrgico, 70% da cidade eram favelas e essa construção complexa, pessoas que migraram e caíram em um lugar de exclusão, esse povo foi construindo a cidade”, citou.
“Estivemos fora por oito anos e quando voltamos vimos as escolas destruídas, a Secretaria de Educação abandonada, as politicas educacionais sumiram todas e essa materialidade eu trago aqui como uma bandeira, para falar do tempo das materialidades”, afirmou. “Não temos tempo de uma discussão de quatro anos para elaborar um documento, a nossa urgência é do compromisso ético politico pedagógico agora, nossas equipes trabalham muito, mas conclamo as universidades a se comprometerem com um projeto real, urgente, que se comprometa com as crianças fora das escolas, com a fome que assola muitos lugares e é esse compromisso que queremos discutir. É essa materialidade que sai do chão da escola e vai para a faculdade e se compromete com o fazer”, concluiu.
Ana Lucia apresentou as iniciativas que hoje atendem 1.200 estudantes, do 2º e 3º ano do ensino fundamental, com atividades no contra turno escolar que acontecem não apenas nas escolas, mas nos parques, praças, centros culturais e outros equipamentos municipais da cidade. “Diadema é uma cidade muito adensada, a mais adensada do Brasil, são 15 mil pessoas por quilômetro quadrado. Então decidimos usar a cidade como território educador”, explicou. “Educação integral real, concreta, raiz, que se compromete com essa cidade, um território que não é ilusório. São espaços educativos. Onde a gente faz? Nos centros culturais da cidade”, completou.
A meta é atender 50% da rede, 6.000 estudantes, e incluir alunos do 1º, 4º e 5º ano do fundamental. “Precisamos ter de novo um governo federal comprometido com a educação integral, porque hoje o Ministério da Educação não faz aportes para isso”, alertou. A secretária destacou ainda as iniciativas democráticas com relação à educação, como o PPPP (Projeto Político Pedagógico Participativo) e os Conselhos Curumins, onde representantes dos estudantes podem debater os rumos da escola.
Ana Lucia concluiu sua fala alertando sobre um dos grandes desafios da atualidade na educação que é a falta de professores. “No Estado de São Paulo hoje não temos mais professores sendo formados. O ensino superior foi estagnado e não temos mais profissionais sendo formados para a educação básica. Estamos fadados a não termos mais professores muito em breve. Não existem mais escolas formadoras e penso que esse é um desafio muito grande”, concluiu.