Choro imotivado na adolescência: quais são as causas?

Chorar é uma manifestação de emoção em qualquer idade, mas enquanto o adulto consegue identificar, na maioria das vezes, a razão do choro e atribuir um sentimento a ele, o adolescente tem maior dificuldade de compreender quais foram seus gatilhos. Como para o adolescente, nem sempre o motivador está claro, é comum ele relatar que tem chorado “do nada”. E, se alguém insistir perguntando o porquê, “não sei” será a resposta mais provável.

A psicóloga do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) Gabriela Azevedo explica que o choro frequente na adolescência ajuda o jovem a extravasar emoções que ele não consegue identificar. “Embora não seja capaz de nomear o que está sentindo, há, sim, algumas emoções frequentes na adolescência que levam à angústia e ao consequente choro, às quais devemos prestar atenção”, ressalta a profissional.

Segundo a especialista, alguns desses motivos podem ser o desapontamento, no qual o jovem acredita que esteja decepcionando seus pais; a exposição, quando conversas pessoais são expostas ou sente que a sua privacidade foi invadida; quando se sente ofendido, desrespeitado ou agredido; medo e inseguranças; frustração; pressão; quando teme que seus sentimentos não sejam apropriados; momentos em que não se sente parte de um grupo; assim como as preocupações diárias.

Embora, para o adulto, isso possa parecer mais simples e não justifique a oscilação de humor vivida tão intensamente na adolescência, para os jovens, não é trivial. “Isso ocorre porque a parte do cérebro conectada à emoção – o sistema límbico – reage mais fortemente em adolescentes que em adultos. Ao mesmo tempo em que a parte frontal do cérebro, responsável pela regulação emocional, não está completamente amadurecida”, explica a psicóloga. Além desse desenvolvimento neurológico, os adolescentes passam por mudanças hormonais importantes, que também impactam a variação de humor.

Como ajudar o adolescente?

É importante os pais prestarem atenção se os episódios de choro estão se intensificando, tornando-se recorrentes, e passarem a interferir significativamente na rotina e nas atividades cotidianas do jovem. Os pais devem acolher o adolescente e, caso se sintam inseguros ou incapazes de ajudar naquele momento, devem buscar o apoio de um psicólogo.

Gabriela alerta que essa atenção é de extrema importância para o desenvolvimento do jovem. “Se não permitirmos aos adolescentes ter um espaço para extravasar suas emoções, é possível que manifestem seus sentimentos por meio da agressividade, da violência, desenvolvam quadros de ansiedade, desordens alimentares ou experimentem entorpecentes”, conclui Gabriela.