Atento aos reflexos da pobreza menstrual, Senac SP promove esclarecimento sobre o tema
Da produção de uma cartilha virtual à adaptação de espaços físicos, colaboradores e estudantes são respaldados pela instituição
- Data: 20/04/2022 11:04
- Alterado: 20/04/2022 11:04
- Autor: Redação
- Fonte: Senac SP
Crédito:Marcello Casal Jr - Agência Brasil
De acordo com recente estudo da Esporo (Ensino Social Profissionalizante), 20% das pessoas que menstruam, com idades de 14 a 24 anos, já deixaram de ir à escola por não terem acesso a absorventes e outros itens de cuidado pessoal durante o período menstrual. Entre a população com renda de até 1 salário-mínimo, o percentual chega a 30%.
Atento a essa realidade, o Senac São Paulo vem promovendo uma série de ações que visam o acolhimento apropriado a todos os públicos, que menstruam ou não, por meio do Programa Senac de Qualidade de Vida. Essas iniciativas vão desde o esclarecimento para naturalização do tema à transformação de espaços para que as pessoas que menstruam tenham o suporte necessário para não precisarem se ausentar de suas atividades durante seus ciclos.
Apesar de ser um processo natural do corpo humano que pode ter início antes mesmo dos 10 anos de idade, o tema ainda é tratado como tabu, o que pode causar reflexos à autoestima e à saúde, uma vez que quem menstrua acaba se sentindo intimidado a buscar ajuda e informação necessárias para se cuidar de forma apropriada. Além disso, outros fatores como a falta de recursos financeiros para comprar produtos de higiene pessoal, não ter como se consultar com um profissional de ginecologia e a deficiência de saneamento básico na moradia, também são determinantes para uma parcela substancial da população.
A Superintendente de Operações do Senac São Paulo, Lucila Mara Sbrana Sciotti, reforça que a menstruação não é um assunto restrito às mulheres, mas uma questão social e de saúde pública, cujo debate deve começar na escola. “Em parceria com as famílias, é papel da escola ser espaço seguro para dar luz ao tema e a todos os aspectos sociais envolvidos. Entendemos que essas questões devem ser compreendidas independentemente de gênero, pois todos podemos contribuir para sanar os prejuízos da pobreza menstrual”.
Para dar suporte
A instituição observou os reflexos da pobreza menstrual dentro de suas próprias portas. Por este motivo, disponibilizou em todas as unidades educacionais do estado pelo menos um sanitário com ducha higiênica e absorventes. Ao todo, foram 362 sanitários adaptados com esses itens para higienização e proteção adequadas.
Para esclarecer
Com o objetivo de orientar adequadamente colaboradores, professores e estudantes, de todos os gêneros e níveis de ensino, o Senac São Paulo desenvolveu uma cartilha virtual sobre menstruação e pobreza menstrual. O material conta com diversos conteúdos audiovisuais e interações que envolvem informações sobre anatomia humana, dados de pesquisas e como todos podem contribuir para a causa. O conteúdo é gratuito, aberto à população em geral e está disponível on-line no site da instituição.
Cuidado com frases ou falas que envolvem menstruação
Algumas frases ou expressões que, apesar de bastante comuns no dia a dia, podem carregar um viés de machismo e preconceito contra as pessoas que menstruam. Devem ser banidas dos textos e das falas. Um exemplo é: “Está nervosinha porque está de TPM”. A Tensão Pré-Menstrual (TPM) mexe com os hormônios e pode trazer diversas oscilações de humor. Ao invés de apontar — sem saber se a pessoa está passando de fato por isso — converse com calma, ofereça escuta ativa e ajuda caso seja necessário.
Também é comum ouvirmos: “estou naqueles dias”. Por que não chamar cada coisa pelo seu nome? Não tenha medo ou vergonha de dizer que está menstruando. É muito importante falarmos abertamente sobre isso para que o assunto e o termo se tornem mais naturais.