“O Bom Cinema”: filme retrata primórdios do Cinema Marginal

Além do longa, confira o episódio inédito de “Inconveniências Históricas”

  • Data: 01/04/2022 19:04
  • Alterado: 17/08/2023 06:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: Curta!
“O Bom Cinema”: filme retrata primórdios do Cinema Marginal

Cena exibida em “O Bom Cinema”

Crédito:Divulgação/Curta!

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Em “O Bom Cinema”, que estreia no Curta!, o diretor Eugênio Puppo mostra que mesmo enfrentando adversidades e uma sociedade moralista, o cinema brasileiro conseguiu triunfar. Ao assistir ao documentário, cuja narrativa é recheada de cenas de outros filmes, o público se vê diante do nascimento de um dos movimentos mais importantes da cinematografia brasileira: o Cinema Marginal.

Com belas e representativas imagens de arquivo, o longa nos remete ao contexto mundial da década de 1960, vai estreitando o olhar para a cidade de São Paulo e, enfim, para a Escola Superior de Cinema da Faculdade de Economia São Luís, ligada ao colégio de mesmo nome, fundado pelo padre jesuíta José Lopes. De inclinação religiosa, a instituição quis levar a cabo uma resolução da Igreja Católica: a de incentivar uma produção cinematográfica cujos valores seriam condizentes com os preceitos morais da religião. Daí nasceria o que, para o Vaticano, seria “o bom cinema” — expressão que dá nome ao filme de Puppo.

A história mostra que tal intenção da Igreja foi não apenas frustrada, mas obteve resultado contrário ao previsto. Das salas da Escola Superior de Cinema, vieram cineastas como Carlos Reichenbach (1945-2012), conhecido como Carlão, cujo depoimento — em material de arquivo que se mescla com cenas de filmes — ajuda a guiar o espectador de “O Bom Cinema”. “Se existe um movimento chamado Cinema Marginal ou Pós-Cinema Novo, de certa forma, ele nasceu nos corredores da Escola São Luís (…), como um movimento que aglutinou pessoas de formação diferente que foram fazer um cinema vinculado à vida”, conta Carlão.

Essa reunião incluía, além dele, nomes como Rogério Sganzerla, João Callegaro, José Mujica Marins — conhecido pelo personagem que ele mesmo encarnava, o Zé do Caixão —, Andrea Tonacci, Antônio Lima e João Silvério Trevisan. Entre as cenas cuidadosamente costuradas — a fim de contar essa história —, estão trechos de diversos filmes que marcaram o Cinema Marginal como: “As Libertinas — Três Histórias de Amor e Sexo” (1968), de Callegaro, Lima e Reichenbach; “Bang Bang” (1971), de Tonacci; “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” (1964), de Mujica; e “O Bandido da Luz Vermelha”, de Sganzerla, talvez o principal representante do movimento.

“O Bom Cinema” é um filme da Heco Produções, e foi viabilizado pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Além de sua estreia no canal, também estará no streaming através do Curta!On – Clube de Documentários, plataforma disponível no NOW — da NET / Claro — e no Tamanduá.TV. A estreia é na Quarta do Cinema, 6 de abril, às 22h30.

A brutalidade da Guerra do Paraguai é tema de episódio inédito de “Inconveniências Históricas”

Em “Guerra do Brasil”, episódio inédito da série “Inconveniências Históricas”, dirigida por Belisário Franca e Pedro Nóbrega, questiona-se o mito de que o Brasil é um país conciliador e cordial com os vizinhos da América do Sul e demais países do mundo. O capítulo conta um dos períodos mais sangrentos da nossa história: a Guerra do Paraguai ou “La Guerra Grande”, como chamam os paraguaios.

O conflito foi um divisor de águas para o Império brasileiro, então comandado por Dom Pedro II, e para o próprio exército, que cresce em tamanho e poder — e, anos depois, seria protagonista do golpe de estado que instaurou a República. A guerra, que se prolongou por muito mais tempo que o previsto, provocou um massacre no Paraguai e muitas baixas no exército brasileiro, além de ter consumido as finanças imperiais. Também escancarou os horrores da escravidão, pois homens escravizados foram obrigados a combater, substituindo uma elite que se dizia patriota.

Ainda que o conflito tenha sido iniciado pelo então presidente do Paraguai, Solano Lopez — que declarou guerra ao Brasil, à Argentina e ao Uruguai —, foi o Brasil que decidiu permanecer lutando mesmo diante de um Paraguai arrasado, com o objetivo de capturar Solano Lopez. Duque de Caxias, que comandava as tropas, renunciou ao cargo quando percebeu que não havia mais sentido continuar. No lugar dele, assumiu o Conde D’Eu, genro do imperador, que comandou o exército brasileiro na covarde Batalha de Campo Grande: contra mulheres, adolescentes e crianças — os únicos que haviam sobrevivido após a população masculina adulta ter sido dizimada. Até hoje, o Paraguai comemora o Dia das Crianças em 16 de agosto, em homenagem às que foram mortas nesta ocasião.

“Inconveniências Históricas” é uma produção da Giros, viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e, neste episódio, conta com a participação de especialistas como Vitor Izecksohn, Lilia Schwarcz e Sidney Chalhoub. A exibição é na Sexta da Sociedade, 8 de abril, às 23h30.

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  • Data: 01/04/2022 07:04
  • Alterado:17/08/2023 06:08
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