Venezuela rompe relações diplomáticas com o Paraguai após apoio à oposição
Decisão de Maduro ocorre após Paraguai reconhecer opositor como vencedor de eleições contestadas, aprofundando isolamento diplomático da Venezuela na América Latina
- Data: 06/01/2025 17:01
- Alterado: 06/01/2025 17:01
- Autor: Redação
- Fonte: ABCdoABC
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
Crédito:Ricardo Stuckert/PR
Na última segunda-feira, 6 de novembro, o governo da Venezuela, sob a liderança de Nicolás Maduro, anunciou a ruptura de relações diplomáticas com o Paraguai. A decisão se deu em resposta ao apoio do país sul-americano ao candidato opositor Edmundo González Urrutia nas eleições realizadas em julho, cujo resultado é contestado por diversos países que consideram a vitória de Maduro como fraudulenta.
Em um comunicado oficial, a presidência do Paraguai, liderada por Santiago Peña, determinou que o embaixador venezuelano, Ricardo Capella, juntamente com todo o pessoal diplomático credenciado, deve deixar o território paraguaio em um prazo de 48 horas. O governo paraguaio reafirmou seu compromisso em apoiar o direito do povo venezuelano à democracia.
Apoio do Paraguai ao opositor Edmundo González
A ruptura foi motivada pelo apoio paraguaio ao opositor Edmundo González Urrutia nas eleições presidenciais de julho, consideradas fraudulentas por diversos países. Essas eleições, que resultaram na reeleição de Maduro para um terceiro mandato consecutivo até 2031, foram marcadas por intensos protestos, denúncias de fraude e violentos conflitos nas ruas.
Segundo a oposição, González foi o verdadeiro vencedor. Os protestos levaram à morte de 28 pessoas, deixaram cerca de 200 feridos e resultaram na prisão de mais de 2.400 manifestantes, muitos dos quais adolescentes acusados de terrorismo e detidos em condições severas. Aproximadamente 1.500 já foram liberados desde então.
Histórico de isolamento diplomático da Venezuela
A decisão de romper laços diplomáticos não é uma novidade para o regime de Maduro. Em 2019, Caracas cortou relações com os Estados Unidos após o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino por cerca de 50 países. Mais recentemente, Maduro retirou seus diplomatas de países como Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai, aprofundando o isolamento diplomático da Venezuela na região.
A relação entre Maduro e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva também se deteriorou após as eleições. Embora fossem aliados próximos, Lula não reconheceu oficialmente a vitória do venezuelano, resultando em trocas públicas de acusações. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, chegou a insinuar que Lula e o presidente chileno Gabriel Boric seriam agentes da CIA.
A ruptura das relações entre Venezuela e Paraguai acontece poucos dias antes da cerimônia de posse de Maduro para seu novo mandato, prevista para ocorrer em um clima tenso e conturbado devido às denúncias contínuas de irregularidades eleitorais.