Teste do Nissan Versa Sense manual – Questão de etiqueta

Versão Sense manual dispensa requintes e tecnologias para ser a alternativa mais barata na linha Nissan Versa

  • Data: 05/01/2022 09:01
  • Alterado: 05/01/2022 09:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix
Teste do Nissan Versa Sense manual – Questão de etiqueta

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No nicho de sedãs compactos mais espaçosos e bem equipados – disputado por modelos como o Chevrolet Onix Plus, o Volkswagen Virtus, o Fiat Cronos e o Honda City –, a Nissan é representada pelo Versa. A nova geração chegou ao Brasil em outubro de 2020 e passou a ser importada da fábrica de Aguascalientes, no México – antes, o modelo era produzido em Porto Real, no Estado do Rio de Janeiro. Em todas as versões do Versa, o motor e câmbio são os mesmos do Kicks – um 1.6 de quatro cilindros flex de 114 cavalos e 15,5 kgfm, com opção manual de 5 marchas ou Xtronic CVT. Além de uma estética mais contemporânea que a da geração anterior, o Versa incorporou inovações em segurança, conforto e tecnologia, em boa parte concentradas na configuração “top” Exclusive CVT, com preço de R$ 118.890 (no Estado de São Paulo, onde as alíquotas de ICMS são mais altas, sai por R$ 122.870). Contudo, quem topa abrir mão do câmbio CVT e da maioria das novidades tecnológicas da nova geração, pode levar para casa um Versa com o visual da atual geração pagando quase 23% a menos – R$ 91.990 (R$ 95.070 em São Paulo). No caso, a configuração que oferece a etiqueta de preços mais atraente é a Sense manual – a única do sedã sem o câmbio CVT.

Na atual geração, o Versa adota o conceito estético denominado pela Nissan de “geometria emocional”, caracterizado por linhas simples, mas que transmitem sensação de força. A frente é marcada pela grade V-motion característica dos modelos da marca e pelos faróis em forma de asa. O teto tem um estilo “flutuante” acentuando a silhueta aerodinâmica, com uma fluidez semelhante à dos cupês. Na traseira, as lanternas têm um desenho que lembra pontas de flecha. Na versão Sense, os faróis e lanternas em leds da versão Exclusive dão lugar a iluminações halógenas convencionais, não há faróis de neblina e os espelhos externos permanecem na cor da carroceria, porém, não incorporam as luzes de mudança de direção integradas. Outra diferença fica por conta das rodas – as vistosas de alumínio aro 17 com acabamento usinado da versão mais cara cedem espaço a modelos de aço com 15 polegadas com calotas integrais. Por dentro, em todas as versões, a linguagem de design da marca japonesa se explicita no painel de instrumentos estilo “asa deslizante”, que amplia a sensação de espaço. Todavia, os materiais com “soft touch” na versão topo de linha Exclusive viram plásticos duros na Sense.

Se na estética as diferenças são até discretas, em termos de equipamentos o despojamento da versão Sense é mais sensível. Toda a linha Versa vem equipada de série com seis airbags, direção eletricamente assistida, controles de estabilidade e tração, auxílio de partida em rampa, chave presencial com botão de partida, Isofix de cadeirinhas infantis e ar-condicionado. Os itens mais requintados ficam reservados à versão “top” Exclusive, como o acabamento premium nos bancos, o ar-condicionado automático digital, o apoio de braço central traseiro, o volante com “soft touch”, a antena estilo barbatana de tubarão, o alerta de colisão frontal com assistente de drenagem, o detector de objetos em movimento, o alerta de tráfego cruzado traseiro, o monitoramento de ponto cego, o GPS integrado e a tecnologia mais admirada do sedã – a eficiente Visão 360 Graus Inteligente, que simula uma imagem aérea do veículo integrada à tela do multimídia, também “emprestada” do Kicks. Na versão Sense, não resta quase nada disso. Em termos de auxílio ao motorista, as ofertas se resumem ao sensor de estacionamento traseiro e ao auxílio de partida em rampas, relevante em um modelo com câmbio manual. O sistema multimídia Nissan Connect com tela sensível ao toque de 7 polegadas é disponível de série apenas a partir da configuração Advance – na Sense, o espaço é ocupado por um singelo rádio AM/FM com entrada auxiliar, três conexões USB e Bluetooth.

Para quem se anima com a ideia de pagar cerca de R$ 30 mil a menos pelo Versa ao abrir mão do CVT e de algumas tecnologias e confortos, é bom ter em mente que o preço inicial de R$ 91.990 (R$ 95.070 em SP) indicado no site da Nissan para a configuração Sense manual vale somente para as cores Branco Aspen (a do modelo testado) e Preto Premium. Todas as outras disponíveis para a versão – Prata Classic, Cinza Grafite, Vermelho Malbec, Branco Diamond e Azul Cobalto – somam R$ 1.600 à fatura. Existe ainda um Versa Sense com câmbio CVT, que acrescenta R$ 7 mil ao preço da manual – sai por R$ 98.990 (R$ 102.310 em SP). Acima dela, há a configuração intermediária Advance CVT, de R$ 106.790 (R$ 110.370 em SP), e a topo de linha Exclusive CVT, de R$ 118.890 (R$ 122.870 em SP).

EXPERIÊNCIA A BORDO
Simples assim
O espaço interno sempre foi um ponto forte do Versa. A distância de entre-eixos de 2,62 metros resulta em um espaço interno equivalente ao de alguns sedãs médios e permite levar quatro pessoas confortavelmente – e até cinco, sem sacrificar demais o conforto no banco traseiro. Além de espaço generoso para as pessoas, o habitáculo oferece vários compartimentos para acomodar objetos. O porta-malas acomoda até 466 litros de carga, características que fazem do Versa um dos favoritos entre motoristas de aplicativos e taxistas. A versão de entrada não tem o encosto traseiro bipartido nem a possibilidade de alteração na inclinação do encosto traseiro, o que reduz sutilmente a capacidade do porta-malas – que é de 482 litros nas demais versões. O banco do motorista preserva a tecnologia que a Nissan chama de “Zero Gravity”, apresentada no Kicks. É confortável e tem ajuste manual de altura.

Em termos estilísticos, a proposta apresentada pelos designers da Nissan para o sedã ganha no Versa Sense uma leitura bem mais espartana e desprovida das “firulas” tecnológicas da versão “top”. E são justamente as diferenças entre a versão Exclusive e a Sense – como a troca do multimídia Nissan Connect com tela sensível ao toque de 7 polegadas e Visão 360 Graus Inteligente por um modesto rádio AM/FM com entradas USB e Bluetooth – que revelam a personalidade do Versa mais básico: um inusitado contraste entre a modernidade do ambiente com o aspecto “vintage” dos equipamentos. O painel de instrumentos é simples, mas traz um computador de bordo com o essencial em termos de dados. Já a iluminação interna ostenta um aspecto empobrecido que destoa do conjunto.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
O peso da leveza
A segunda geração do Versa herdou do Kicks a mecânica. Só que, como o sedã é em média 40 quilos mais leve em comparação ao SUV em versões equivalentes, além de ser mais baixo e ter melhor aerodinâmica, o elástico motor 1.6 16V aspirado acaba entregando no Versa um desempenho dinâmico mais interessante. No caso particular da versão Sense manual, ela pesa menos 57 quilos em relação à configuração Exclusive – totaliza 1.074 quilos ante 1.131 quilos da topo de linha. A redução de peso e a maior agilidade conferida pelo câmbio manual em relação ao CVT – que é mais lento nas respostas e entrega retomadas mais graduais – explicam o desempenho mais esperto da versão básica. O câmbio manual de 5 marchas oferece trocas fáceis, com engates relativamente curtos, e a possibilidade de antecipar as mudanças ajuda a quem gosta de andar mais rápido.

Porém, como se costuma dizer, “não há almoço grátis”. Os quase R$ 30 mil economizados por quem descarta a versão Exclusive e opta pela Sense manual se fazem notar também no comportamento dinâmico. Embora o peso menor e o câmbio manual da versão Sense permitam aproveitar de forma mais instigante a força do motor, os pneus de 15 polegadas da Sense reduzem o conforto de rodagem proporcionado pelos de 17 polegadas que calçam a Exclusive. Os sacolejos são mais frequentes na configuração mais básica. Além disso, a ausência das tecnologias de assistência ao motorista, fartas na versão topo de linha, demanda no Versa mais básico um nível mais elevado de atenção e de estresse ao dirigir, seja no trânsito ou nas manobras de estacionamento. No final das contas, a versão mais barata e espartana do Versa é mercadologicamente justificável e é apresentada pelo fabricante com transparência e dignidade, sem “camuflar” as escolhas pelos itens de série mais simples que resultam na redução do preço.

FICHA TÉCNICA
Nissan Versa Sense manual
Motor: 1,6 litro, 1.589 cm³, quatro cilindros, 16 válvulas, CVVTCS, flex (etanol e gasolina) e acelerador eletrônico. Injeção eletrônica multiponto sequencial.
Potência: 114 cavalos a 5.600 rpm (álcool e gasolina)
Torque: 15,5 kgfm a 4 mil rpm (álcool e gasolina)
Taxa de compressão: 10,7:1
Diâmetro e curso: 78 x 83,6 mm
Direção: elétrica com assistência variável
Tração: dianteira
Transmissão: manual de 5 marchas
Suspensão: dianteira independente, tipo MacPherson, com barra estabilizadora e traseira com eixo de torção e molas helicoidais
Freios: dianteiros com discos ventilados e traseiros com tambor
Rodas: aço com calotas integrais, 15 polegadas
Pneus: 195/65 R15
Dimensões: 4,49 metros de comprimento, 1,74 metro de largura, 1,47 metro de altura e 2,62 metros de entre-eixos
Porta-malas: 466 litros
Tanque de combustível: 41 litros
Peso em ordem de marcha: 1.074 quilos
Preço: R$ 91.990 (R$ 95.070 em São Paulo), nas cores Branco Aspen e Preto Premium – outras cores acrescentam R$ 1.600

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