Taxas de volta do câncer colorretal após remissão diminuíram nas duas últimas décadas

Com a evolução das técnicas cirúrgicas com proposta curativa e outras abordagens de tratamento oncológico, os pacientes em remissão têm menos probabilidade hoje de ter a volta da doença quando comparado com o cenário de 20 anos atrás

  • Data: 27/08/2024 15:08
  • Alterado: 27/08/2024 15:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: SBCO
Taxas de volta do câncer colorretal após remissão diminuíram nas duas últimas décadas

Plano de Saúde

Crédito:Marcello Casal Jr - Agência Brasil

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Estar em remissão do câncer – quando há a redução ou desaparecimento dos sintomas e sinais da doença – é uma condição desejada pelos pacientes que recebem o diagnóstico de câncer. Esse processo é interrompido quando ocorre a recorrência. A probabilidade diminui com passar do tempo e, quando se completa cinco anos de remissão, o risco de volta da doença é menor.

As taxas de recorrência variam de acordo com o tipo de câncer e da fase em que a doença é descoberta. Com o câncer colorretal (intestino grosso e reto), por exemplo, um dos mais incidentes na população brasileira, com 45 mil novos casos previstos para 2024, o risco de volta da doença após remissão é de 20%. Por conta disso, é recomendado que os pacientes com esse tipo de câncer recebam vigilância pós-operatória.

Após finalizar o tratamento em dezembro de 2023 e apresentar remissão de um adenocarcinoma no reto, a cantora e apresentadora Preta Gil tornou pública em 22 de agosto a informação de que teve a volta da doença e iniciou o tratamento. Preta Gil se insere em uma taxa de recorrência que, atualmente, está diminuindo. Um amplo estudo publicado em 2023 na revista científica JAMA Oncology mostra que houve redução de taxas do retorno   da doença entre os pacientes diagnosticados com câncer colorretal nos estágios I a III quando se compara o cenário atual com as taxas de recorrências apresentas no período 2004/2008.

Os dados, tabulados e analisados até 2023, mostraram que – nas últimas duas décadas – as taxas de recorrência caíram para o câncer de cólon (intestino grosso) de 16,3% para 6,8% (pacientes diagnosticados em estágio I), de 21,9% para 11,6% (estágio II) e de 35,3% para 24,6% (estágio III). Para o câncer retal, as quedas foram de 19,9% para 9,5% no estágio I, de 25,8% para 18,4% no estágio II e de 38,7% para 28,8% no estágio III da doença. O trabalho reuniu os dados de 34 mil pacientes.

Nas últimas duas décadas, entre as iniciativas que propiciaram a redução de taxas de recorrência do câncer, além da evolução das técnicas cirúrgicas, também se destacam a abordagem de equipe multidisciplinar e os protocolos melhorados de recuperação após cirurgia. “O acompanhamento, pós-tratamento, é essencial para, em caso de recidiva, ela ser descoberta precocemente”, ressalta o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e titular do Hospital de Base, de Brasília.

De acordo com Pinheiro, o risco de volta da doença é maior quando, antes da remissão, ela apresentava um crescimento acelerado e perfil mais agressivo. Para cada tipo de câncer, explica o especialista, há um padrão comum de recidiva. Segundo ele, é fundamental seguir as orientações do cirurgião oncológico para o seguimento após a finalização do tratamento. “Com o acompanhamento regular e uma rotina de exames periódicos, qualquer indício de retorno da doença pode ser mais facilmente identificado”, reforça.

Como as recidivas ocorrem?

A recidiva do câncer ocorre quando células tumorais permanecem no corpo após o tratamento. Trata-se de micro metástases, que são indetectáveis por exames de imagens, mesmo os mais modernos. Com o passar do tempo, essas células podem se multiplicar indiscriminadamente, levando ao desenvolvimento de um novo câncer.

Quais são os tipos de recidivas do câncer?

O câncer em recidiva pode reaparecer no mesmo local onde foi diagnosticado inicialmente ou em outras regiões do corpo. De acordo com essa localização, costuma-se classificar os diferentes tipos de recidiva:

  • recidiva local: é quando o câncer volta no mesmo lugar onde houve a primeira ocorrência da doença;
  • recidiva regional: o câncer volta nos linfonodos próximos à região do primeiro câncer;
  • recidiva metastática distante ou metástase à distância: quando o câncer volta em outra parte do corpo, geralmente distante de onde ocorreu pela primeira vez. É quando um paciente, a princípio com câncer de intestino, por exemplo, desenvolve a doença no fígado.

É possível prevenir a recidiva?

Algumas medidas, multifatoriais, podem contribuir para a redução do risco de volta da doença, como a interrupção do tabagismo. Embora não haja evidências sólidas da influência dos alimentos na prevenção do câncer — seja na primeira ocorrência ou em recidivas — está comprovado que as consequências da má alimentação, sobretudo a obesidade e o sobrepeso, estão entre os principais fatores de risco para a recidiva do câncer.

Ao mesmo tempo, o organismo de pessoas com déficit nutricional pode ter mais dificuldade em combater a doença, prejudicando a evolução do tratamento. Por isso, a dieta equilibrada é uma das chaves para prevenir as manifestações da doença. Aliada à alimentação, a prática de atividades físicas atenua os efeitos colaterais da quimioterapia, ajuda a melhorar a imunidade e a controlar o sobrepeso. Além disso, é importante o suporte psicológico e emocional ao paciente.

Neste sentido, ressalta a SBCO, o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar (com a presença de nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, educadores físicos e outros profissionais que apoiem a melhora na qualidade de vida), tem impacto positivo na recuperação do paciente e na prevenção de novas ocorrências.

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  • Data: 27/08/2024 03:08
  • Alterado:27/08/2024 15:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: SBCO









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