Supervia registra queda nos furtos de cabos, mas impacto nos passageiros persiste
2024 registra 62 km de fios roubados
- Data: 30/12/2024 14:12
- Alterado: 30/12/2024 14:12
- Autor: Redação
- Fonte: G1
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Crédito:Tânia Rêgo - Agência Brasil
Embora o número de ocorrências tenha diminuído em comparação ao ano anterior, a Supervia, concessionária responsável pelo sistema ferroviário do Rio de Janeiro, enfrenta desafios significativos em relação ao furto de cabos. Entre janeiro e novembro de 2024, foram registrados mais de 62 quilômetros de fios roubados, quantidade que poderia dar quase oito voltas na Lagoa Rodrigo de Freitas.
O impacto desse crime não se limita ao prejuízo financeiro; ele afeta diretamente a rotina dos cerca de 300 mil passageiros que utilizam os trens da concessionária diariamente. A rede ferroviária urbana do Rio abrange 270 quilômetros, distribuídos em cinco ramais, três extensões e 104 estações.
Apesar do expressivo volume de fios furtados, a Supervia reportou uma redução em relação a 2023, quando o total foi de 85.128 metros. A empresa atribui essa diminuição ao investimento em novas medidas de segurança. Uma dessas iniciativas é a aplicação de um revestimento cerâmico com nanomarcadores nos cabos, uma tecnologia exclusiva que inibe o valor comercial dos fios roubados.
A Supervia explica que essa solução atua como um “verniz permanente” que confere aos fios uma identidade única, permitindo sua rastreabilidade mesmo após tentativas de ocultação por parte dos receptadores. De acordo com a concessionária, essa tecnologia possibilita a identificação da origem dos cabos mesmo que sejam queimados ou raspados, práticas comuns entre os criminosos.
Além disso, a Supervia intensificou a presença de agentes do Programa de Integração de Segurança (Proeis) nas estações, com um efetivo médio de seis homens por local. Essa estratégia visa aumentar a segurança nas áreas mais vulneráveis da malha ferroviária.
Os furtos de cabos representam um obstáculo significativo para o planejamento operacional da Supervia, pois resultam na alteração dos intervalos entre as composições. Em casos como esse, o comando das viagens é realizado via rádio pelos controladores do Centro de Controle Operacional (CCO), ao invés do sistema automático habitual. A concessionária descreve essa situação como um apagão nos sinais de trânsito, exigindo que os trens operem em velocidade reduzida para garantir a segurança.
No dia 17 de dezembro, uma nova ocorrência afetou usuários do ramal Belford Roxo: 600 metros de cabos foram furtados por um grupo armado, resultando no fechamento de nove estações por aproximadamente dez horas.
Em meio a esses desafios operacionais, a Justiça do Rio de Janeiro homologou um acordo entre a Supervia e o Governo Estadual para facilitar a transição na gestão dos trens urbanos até que uma nova licitação seja realizada. Este processo deve ocorrer ao longo dos próximos seis a nove meses e envolve um investimento total estimado em R$ 450 milhões, sendo R$ 300 milhões provenientes do governo estadual e R$ 150 milhões da própria Supervia.
A assinatura do acordo ocorreu em uma reunião no Palácio Guanabara e foi celebrada por representantes da Supervia e autoridades governamentais. O objetivo é aproveitar este período para reorganizar o sistema ferroviário antes da realização da nova licitação.