Sonho na palma da mão
Melhor jogadora de handebol do mundo, Duda Amorim se recupera de contusão e faz planos para 2016
- Data: 23/03/2015 09:03
- Alterado: 23/03/2015 09:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Jogos Cariocas
Contusões são as piores coisas que podem acontecer na vida de qualquer atleta. Mas também podem gerar oportunidades. A jogadora de handebol Duda Amorim rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo em novembro, durante um jogo entre Brasil e Tunísia, realizado na Espanha. Eleita em fevereiro como a melhor jogadora do mundo de 2014, a atleta catarinense – que joga desde 2009 no clube húngaro Gyori Audi ETO KC – ainda não tinha conseguido comemorar o feito com a família. “Estava esperando por este momento há muito tempo. Se não tivesse lesionado o joelho, só viria a Blumenau em julho. É hora de fazer festa”, vibra a armadora esquerda da seleção brasileira, que desfilou em um carro de bombeiros pelas principais ruas de Blumenau. Duda ficou em sua cidade apenas de sexta até domingo, de 20 a 22 de março. Depois, teve de voltar para São Paulo para continuar o tratamento. “Em quatro ou cinco meses estarei na quadra novamente. Faço parte do ciclo olímpico, quero estar bem para estar na lista de convocadas”, avisa.
Aos 28 anos, seus resultados refletem bem a evolução dela e da seleção de handebol feminina brasileira, uma das candidatas ao pódio olímpico no Rio de Janeiro, em 2016. Foi 14a colocada no Mundial da França, em 2007, medalha de ouro no Pan-Americano do Rio 2007, nona colocada nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, quinto lugar no Mundial do Brasil, em 2011, medalha de ouro no Pan-Americano de Guadalajara, em 2011, sexto lugar nas Olimpíadas de Londres, em 2012, e campeã do Mundial de 2013, na Sérvia – quando foi eleita a melhor atleta da competição. Entre 2006 e 2009, jogou na Macedônia, pelo Kometal Skopje. Depois foi para a Hungria jogar no Gyori Audi ETO KC, onde foi bicampeã da Liga dos Campeões da Europa em 2013 e 2014. Para 2015, o plano é se recuperar para disputar o Mundial, em dezembro, na Dinamarca. Quanto ao Pan de Toronto, em julho, as chances são mais remotas. “Geralmente, essa lesão exige de seis a oito meses de recuperação. Não quero correr o risco de jogar o Pan e perder o Mundial. Ganhar esse Mundial vai ser uma dose extra de confiança para as Olimpíadas do Rio”, explica.
Jogos Cariocas – Como o handebol surgiu na sua vida?
Duda Amorim – Comecei a jogar handebol por causa da minha irmã. Na época, a Ana jogava na Seleção e eu simpatizei com o esporte. Comecei no colégio, depois fui jogar pela minha cidade, que é Blumenau, em Santa Catarina. Na adolescência, fui pegando gosto e vendo que tinha talento para a modalidade. Aos 17 anos, já sabia que queria jogar na Europa e viver do handebol profissional.
Jogos Cariocas – Segundo José Costa, o protagonista do livro “Budapeste”, de Chico Buarque, “o húngaro é a única língua do mundo que o diabo respeita”. Como é viver em Gyor, na Hungria?
Duda Amorim – A vida é muito boa. Uma vida menos agitada que a do brasileiro. Gosto de estar lá, meu clube tem uma estrutura boa, jogo campeonatos de alto nível, vivo uma vida profissional. O handebol é um dos maiores, talvez o primeiro esporte lá. Sou respeitada pelo clube e fãs, que gostam e reconhecem meu trabalho. Me reconhecem na rua. É bem diferente. Aprendi o húngaro na marra. No início, só duas jogadoras do time falavam inglês.
Jogos Cariocas – Como é a sua rotina lá?
Duda Amorim – Acordar, tomar um bom café da manhã, sair para o treino, voltar, almoçar com o marido, descansar, treinar de novo ou jogar, voltar para casa, fazer janta para gente, analisar algum vídeo, ficar na internet ou ler, as vezes passear com o cachorro e depois dormir. Treinamos mais em pré-temporada, geralmente duas vezes ao dia. Durante a temporada, jogo duas vezes por semana, então, com as viagens e cansaço de jogos, o ritmo de treinos diminui um pouco.
Jogos Cariocas – Qual foi seu momento mais emocionante, dentro do esporte?
Duda Amorim – Ganhar a primeira Liga dos Campeões da Europa, em 2013. Foram anos tentando conquistar esse título, até que finalmente conseguimos. Lógico que também foi igualmente emocionante o Mundial de 2013, que era outro sonho, e agora o título de melhor do mundo em 2014. Quando soube, através de uma ligação da assessora de marketing da Seleção, foi uma festa só!
Jogos Cariocas – No dia 24 de março, faltarão 500 dias para as Olimpíadas do Rio. O que espera dos Jogos de 2016?
Duda Amorim – Espero uma competição muito boa para nosso handebol. Estamos em ascensão e é possível lutar pelo pódio. É lógico que o meu sonho e o do grupo é ter uma medalha olímpica, ainda mais jogando em casa. A torcida pode influenciar em uma partida mais apertada. Sei que a quadra de handebol está quase pronta. Acho que essa Olimpíada será um sucesso. A organização está preparada para fazer um evento inesquecível.