Semasa lança campanha contra o assédio no ambiente de trabalho

A Prefeitura de Santo André lançou nesta terça-feira (07), por meio do Semasa, o lançamento de campanha contra o assédio moral e sexual no ambiente de trabalho. Ao longo dos próximos dias, a “Semasa Contra o Assédio” vai contar com ações e palestras para debater o tema e promover a conscientização sobre esta problemática.

O primeiro dia de campanha foi aberto pela fala do vice-prefeito e prefeito em exercício, Luiz Zacarias e contou com uma palestra da advogada, pesquisadora e especialista em estudos de gênero Mayra Cotta. “Temos que dar condições de trabalho para todos. Cuidar do ser humano, nosso maior patrimônio que é o funcionalismo público, é uma prioridade da gestão”, declarou o vice-prefeito.

“Isso é só o início, o assunto é muito delicado,” afirmou Renata Timóteo, assistente social do Semasa. “A expectativa é que os gestores possam se abrir para diálogos, mudanças de posturas e que incentivem suas equipes que busquem informações.” A iniciativa, inédita na autarquia, visa proporcionar um ambiente de trabalho seguro e garantir o bem-estar de seus funcionários através, não somente da punição aos casos de assédio, mas também da prevenção.

De acordo com dados nacionais apresentados por Renata, 51% das pessoas já sofreram algum tipo de assédio moral no trabalho, sendo que 84% destas não fizeram nenhuma denúncia. É importante notar que a justificativa para este grande número de vítimas em silêncio é o medo de represálias ou vergonha da situação. Além disso, mais 60% destas pessoas acreditam que suas organizações não possuíam uma estrutura para acolher as denúncias de assédio.

Mayra Cotta se aprofundou no tema, expondo para os gestores da autarquia e os servidores municipais presentes o que caracteriza o assédio no ambiente de trabalho, especialmente quando ele é proveniente de vieses inconscientes. É comum que pessoas deixem preconceitos ou presunções em relação aos outros as induzam a comportamentos inadequados. 

Cotta explica que um estudo científico demonstrou que, em menos de um minuto de conversa no ambiente de trabalho, uma pessoa é capaz de aferir corretamente a classe social de seu colega. A partir daí, a pesquisa indica que pessoas de classes mais altas se julgam mais competentes que as de classes inferiores. Transpondo para a questão de gênero, Mayra explica que mulheres têm, frequentemente, seu trabalho questionado ou invalidado por colegas ou superiores homens. Além disso, mulheres em cargos de chefia não são tão bem-vistas quanto homens em mesmo nível hierárquico.

Sobre a problemática do assédio sexual, a advogada destaca que não é necessário violência ou ameaça — isto, na verdade, caracteriza o crime estupro. Piadas e comentários sugestivos, olhares indiscretos ou toques indesejados já são condutas que caracterizam um processo de assédio.

Para garantir que todo o corpo de servidores esteja alinhado com a política, a autarquia investiu em folders e cartilhas, além de estender o debate feito hoje para seus demais funcionários. Até a sexta-feira (10), diferentes equipes do Semasa vão participar de oficinas e palestras sobre a problemática. A partir desta semana, a autarquia também cria canais claros e seguros de denúncia e estabelece seus mecanismos de apuração para casos reportados.