São Paulo falha no básico e não precisa de ‘soluções mirabolantes’ na Saúde, diz Tabata Amaral
A primeira proposta que fez foi aumentar de 58% para 75% a cobertura da saúde da família para os moradores da capital.
- Data: 02/08/2024 21:08
- Alterado: 02/08/2024 21:08
- Autor: Redação
- Fonte: FolhaPress/Geovana Oliveira
Crédito:Câmara dos Deputados
A candidata à Prefeitura de São Paulo, Tabata Amaral (PSB), afirmou nesta sexta-feira (2) que seu plano de saúde para o governo tem como foco melhorar a gestão da atenção primária. Segundo a deputada federal, a capital está “falhando no básico” e não precisa de “soluções mirabolantes” para a área, mas de melhor organização.
A Atenção Primária à Saúde é a principal porta de entrada do SUS (Sistema Universal de Saúde) e inclui serviços que vão desde a prevenção de doenças até o controle de doenças crônicas e cuidados paliativos.
“São Paulo é a cidade mais rica do país e do hemisfério sul, concentra melhores médicos da América Latina […], ao mesmo tempo é tão desigual que falta o básico, o mais essencial para quem está na ponta”, disse em debate promovido pelo SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de SP). “Não precisa de tecnologia de foguete” para consertar, afirmou.
A candidata criticou a falta de comunicação entre unidades de saúde da própria prefeitura, além de unidades estaduais; demora no atendimento; escassez de remédios; baixo número de psicólogos e leitos psiquiátricos na rede de saúde mental; e corrupção que, disse ela, afeta a intersetorialidade municipal -para a qual deu como exemplo a “máfia das creches”, com suposto envolvimento do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Até o céu cinza da cidade foi pauta para falar de um envelhecimento saudável.
“Hoje, de cada dez pessoas que moram em São Paulo, seis, se pudessem, iriam embora. Pretendo virar essa estatística”, afirmou.
A primeira proposta que fez foi aumentar de 58% para 75% a cobertura da saúde da família para os moradores da capital. “Temos a pior cobertura do Sudeste”, disse. “Até para falar de telemedicina, precisamos desse profissional que conhece a família e sua história”.
Segundo ela, a tecnologia e a telemedicina -também citada por Pablo Marçal (PRTB) em seu encontro- devem ser utilizadas para auxiliar os atuais fluxos do SUS. “A telemedicina não é uma panaceia, mas pode ser um baita aliado em uma cidade territorialmente tão grande como a nossa”.
A deputada afirmou ainda que pretende governar a saúde da cidade sem “polarização”. “Consegui R$ 7 milhões paa três novos CAPS na Zona Leste. Por questões partidárias, o prefeito recusou o recurso. Isso não vai acontecer comigo, não importa quem é o governador ou o presidente”.
Tabata fez uma longa fala sobre saúde mental, que afirmou ser sua causa de vida. “Criei e sou hoje presidente da bancada de saúde mental do Congresso porque saúde mental tem que ser tratada como saúde física, não importa se estou falando de depressão ou de uma dependência química”, disse. “Temos um problema gigantesco com a cracolândia, mas não começa e não encerra ali”.
Segundo a candidata, a capital tem apenas 1.300 psicólogos para 12 milhões de habitantes e, somando as redes pública e privada, pouco mais de 1.500 leitos em unidades de saúde voltados para a saúde mental. Sobre a cracolândia, afirmou que é um problema de saúde e de segurança pública.
Após receber perguntas dos membros do sindicato, pontuou ainda que seu governo iria priorizar o envelhecimento saudável, a prática de esportes, a segurança alimentar e o saneamento básico como política essencial. “Não nos esqueçamos que é no básico que estamos faltando”.
Newsletter Cuide-se Ciência, hábitos e prevenção numa newsletter para a sua saúde e bem-estar *** O debate promovido pelo SindHosp faz parte de uma série de entrevistas com os pré-candidatos mais bem colocados para prefeitura de São Paulo para discutir saúde pública e está disponível no canal do YouTube da associação.
Além de Tabata Amaral, o encontro já entrevistou o atual prefeito do município, Ricardo Nunes (MDB), o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) e segue com agenda para as próximas semanas com Marina Helena (Novo) e Guilherme Boulos (PSOL).
O sindicato entrega para cada candidato um guia com propostas para melhorar o sistema de saúde da cidade de São Paulo; no qual saúde mental, epidemias, envelhecimento e doenças crônicas são apontados como principais eixos de atenção para os novos secretários de Saúde.
Há um livro especialmente para a capital e outro em termos gerais para todos os 645 municípios do estado. “Suspeito que está muito alinhado com nosso plano de governo”, disse Tabata ao receber o seu.
Com 10% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha do início de julho, ela está tecnicamente empatada com Marçal (11%) atrás de Nunes (24%) e Boulos (23%) na corrida pela prefeitura da capital paulista.