Saiba como se proteger e os riscos da diarreia viral que afeta milhares
Baixada Santista enfrenta surto de norovírus
- Data: 10/01/2025 10:01
- Alterado: 10/01/2025 10:01
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Praia da Enseada, em Guarujá (SP)
Crédito:Reprodução - TV Tribuna
O Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência no estado de São Paulo, confirmou a presença do norovírus em amostras fecais coletadas na região da Baixada Santista. Este vírus é reconhecido mundialmente como a principal causa de diarreia viral.
A complexidade do norovírus reside em suas frequentes mutações e recombinações genéticas, que não apenas possibilitam múltiplas infecções em um mesmo indivíduo, mas também dificultam o desenvolvimento de uma vacina eficaz.
A Baixada Santista enfrenta um surto de virose, com milhares de casos entre moradores e turistas. Os primeiros registros começaram a surgir em dezembro, coincidentemente com o período das festividades de fim de ano. A identificação do norovírus pelo Instituto Adolfo Lutz ocorreu na última quarta-feira (8).
A virologista Fernanda Marcicano Burlandy, coordenadora do serviço de referência regional para rotavírus e norovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), mencionou que os primeiros relatos do norovírus datam de 1968, após um surto de gastroenterite em Norwalk, Ohio, nos Estados Unidos. Naquela época, a infecção estava mais restrita a ambientes como escolas e navios de cruzeiro. Contudo, o cenário evoluiu, tornando o vírus comum em locais com aglomeração e água contaminada.
Fernanda observou que, nas últimas décadas, os surtos de gastroenterite provocados por rotavírus diminuíram devido à introdução da vacina contra este vírus. Como resultado, o norovírus emergiu como a causa predominante desses surtos.
Embora haja pesquisas em andamento para o desenvolvimento de vacinas contra o norovírus, nenhuma foi licenciada até o momento. A dificuldade em criar uma imunização eficaz está relacionada às alterações constantes no material genético do vírus, que pode levar ao agravamento dos sintomas e novas infecções por variantes diferentes.
Evaldo Stanislau, médico infectologista e professor universitário, acrescentou que as mutações podem ocorrer até mesmo dentro do organismo da pessoa infectada. Além disso, as mudanças climáticas têm contribuído para a proliferação do norovírus, especialmente com o aumento das chuvas que facilitam sua transmissão através da contaminação hídrica.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), as noroviroses são doenças virais que se manifestam principalmente como gastroenterites. Os sintomas incluem náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal, podendo também ocorrer dores musculares e febre leve.
A virologista alertou que o norovírus pode levar a complicações graves como desidratação profunda, especialmente em grupos vulneráveis como idosos e crianças pequenas.
Para prevenir infecções por norovírus, a SES-SP recomenda:
- Lavar bem as mãos antes de preparar ou consumir alimentos;
- Evitar alimentos mal cozidos;
- Manter os alimentos refrigerados adequadamente;
- Evitar banhos de mar nas 24 horas seguintes a chuvas;
- Levar lanches próprios durante passeios ao ar livre;
- Verificar a higiene dos estabelecimentos comerciais;
- Evitar consumir gelo ou sucos de procedência duvidosa.
No que diz respeito ao tratamento das infecções por norovírus, a hidratação é fundamental. Em casos severos, pode ser necessária a hidratação intravenosa; no entanto, internações hospitalares são consideradas raras. Sintomas como evacuações frequentes e líquidas devem ser avaliados por profissionais da saúde.
Finalmente, Evaldo Stanislau destacou que a principal diferença entre o rotavírus e o norovírus é que o primeiro geralmente afeta crianças enquanto o segundo pode infectar pessoas de todas as idades.