Rio passa a contar com sistema de coleta de lixo eletrônico
Capital fluminense é a 7ª cidade a ofertar serviço para a população
- Data: 14/10/2021 17:10
- Alterado: 14/10/2021 17:10
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Central de Logística Reversa de Eletroeletrônicos, em Realengo, na zona oeste.
Crédito:Tomaz Silva / Agência Brasil
Pilhas, baterias, celulares, computadores e eletrodomésticos velhos passam a ter destinação correta no estado do Rio de Janeiro. A população poderá procurar pontos de descarte, e esses equipamentos serão encaminhados para a reciclagem ou dispensados de forma que não ofereçam riscos às pessoas e ao meio ambiente. Hoje (14), no Dia Internacional do Lixo Eletrônico, foi inaugurada a Central de Logística Reversa de Eletroeletrônicos, localizada em Realengo, na Zona Oeste da cidade do Rio.
A central, que conta com o apoio dos governos federal, estadual e municipal, será gerida pela Associação de Recicladores do Estado do Rio de Janeiro (Arerj). Com a inauguração, o estado passa a contar também com 271 pontos de entrega voluntária (PEV), que a população pode procurar para fazer o descarte de aparelhos eletroeletrônicos. A gestão dos pontos fica a cargo da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree).
A intenção é que seja consolidado o chamado ciclo da logística reversa. Ou seja, após o descarte do lixo eletrônico, os componentes são reciclados e voltam para a indústria para serem transformados em novos aparelhos. O que não é reciclado passa a ser dispensado da forma correta, por centrais especializadas.
“A logística reversa de eletroeletrônicos permite que esses materiais sejam descartados de forma adequada pelo consumidor, de forma a retornar para a cadeia produtiva gerando empregos verdes. Assim, se preserva os recursos naturais e se evita o descarte inadequado que poderia levar a poluição do solo e das águas”, diz o secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), André França.
Com o sistema implementado no Rio de Janeiro, a estimativa é que, no próximo ano, sejam recolhidos e destinados de forma ambientalmente adequada cerca de 200 toneladas de eletroeletrônicos.
A capital fluminense é a sétima cidade brasileira a ofertar esse serviço para a população. De acordo com o MMA, a meta é que, até o fim de novembro, pontos semelhantes estejam instalados em dez capitais. As centrais já estão presentes em Campo Grande, Florianópolis e Vitória, no Distrito Federal, em Maceió e Manaus. Curitiba, Goiânia e Fortaleza serão as próximas capitais a receber o serviço.
Para o presidente executivo da Abree, Sergio de Carvalho Mauricio, a inauguração da central é um importante passo para o país. Mas, ainda é preciso avançar. “Acho que o Brasil está bastante atrasado em relação a outros países, temos uma grande geração de resíduos promovida pelo fim da vida útil desses produtos e, lamentavelmente, muitos desses produtos continuam ainda tendo um descarte ambientalmente inadequado”, diz.
Mauricio acrescenta que, com a instalação da estrutura necessária, é preciso conscientizar a população, para que procurem os pontos de descarte. “Acho que a gente ainda tem uma longa jornada em transformar essas iniciativas em cultura. A hora que isso fizer parte da cultura, do dia a dia, de procurar o descarte correto para todos os produtos, não só eletroeletrônicos, mas outros materiais que são descartados, acho que vamos garantir que estamos deixando uma situação ambiental para as próximas gerações”.
Dia Internacional do Lixo Eletrônico
Em um mundo cada vez mais digital e eletrônico, o descarte correto e a reciclagem desses produtos são questões que preocupam diversos países.
Anualmente, mais de 53 milhões de toneladas de equipamentos eletroeletrônicos e pilhas são descartadas em todo o mundo, segundo o The Global E-waste Monitor 2020. Na outra ponta, o número de dispositivos, no mundo, cresce cerca de 4% por ano. Apenas o Brasil descartou, em 2019, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, sendo que menos de 3% foram reciclados, de acordo com o relatório desenvolvido pela Universidade das Nações Unidas. Os números posicionam o Brasil como o quinto maior gerador desse lixo no mundo.
Os dados estão na pesquisa Resíduos eletrônicos no Brasil – 2021, divulgada na semana passada pela Green Eletron, gestora sem fins lucrativos de logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas.
Para marcar a data, ao longo deste mês, diversas ações estão sendo realizadas nas cinco regiões do Brasil para conscientizar as pessoas sobre a importância do descarte adequado e também para viabilizar infraestrutura física e logística para que o eletroeletrônico descartado retorne ao ciclo produtivo por meio da reciclagem.
O que diz a lei
A destinação correta do lixo eletrônico está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) e é regulamentada pelo Decreto Federal 10.240/2020. Esse dispositivo define metas para os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes sobre a quantidade de PEVs que devem ser instalados, o número de cidades atendidas e o percentual de aparelhos eletroeletrônicos a serem coletados e destinados corretamente.
Pelo decreto, as empresas devem, gradualmente, até 2025, instalar PEVs nas 400 maiores cidades do Brasil além de coletar e destinar o equivalente em peso a 17% dos produtos colocados no mercado em 2018, ano definido como base. O site do MMA tem uma lista dos pontos de coleta disponíveis em todo o país.
Papel das empresas
O decreto estabelece a participação e responsabilização de fabricantes e importadores de eletroeletrônicos no sistema de logística reversa no país. A própria Abree é formada por 52 empresas que representam 174 marcas de produtos das mais diversas linhas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos. “Esses produtos [descartados] são reunidos por municípios, são consolidados e nós, custeados pelos fabricantes, retiramos os produtos e fazemos a destinação ambientalmente correta”, explica Mauricio.
A Vivo, por exemplo, conduz o programa Recicle com a Vivo. “É um esforço conjunto das empresas e demais instituições que visa garantir, desde a mobilização do consumidor para o descarte correto, oferecer alternativas e pontos de descarte e permitir, por meio de programas estruturados, que estes resíduos voltem para a indústria sob a forma de matéria prima. Deste modo, juntos, promovemos a economia circular e protegemos o meio ambiente”, diz a executiva de Sustentabilidade da Vivo, Joanes Ribas.
A Vivo conta atualmente com 1,7 mil pontos de coleta em lojas, destinados a pequenos eletroeletrônicos, como tablets, carregadores, fones de ouvido e celulares. Ela passará a colaborar também com o recolhimento de eletrodomésticos e outros produtos de maior tamanho, comercializados em seu marketplace. Junto às ações da Abree, no último ano, a empresa recolheu 7,6 toneladas de lixo eletrônico no país.