Representantes de favelas indicam desafios para o G20
No Dia Nacional da Favela, fórum divulga documento Comuniquê
- Data: 04/11/2024 09:11
- Alterado: 04/11/2024 09:11
- Autor: Redação/AI
- Fonte: Agência Brasil
Crédito:Fernando Frazão/Agência Brasil
No cenário global atual, onde as desigualdades sociais e econômicas se tornam cada vez mais evidentes, destaca-se a apresentação de um documento vital para o enfrentamento desses desafios. Trata-se do Comuniquê, elaborado pelo projeto Favela 20 (F20), iniciativa da organização não governamental Voz das Comunidades. O lançamento oficial ocorrerá nesta segunda-feira (4), coincidindo com o Dia Nacional da Favela, e busca colocar em pauta as urgentes demandas de comunidades marginalizadas em países do G20.
O F20 foi criado com a missão de integrar as vozes das favelas brasileiras e de outras nações do G20 nas discussões globais sobre desenvolvimento sustentável. Erley Bispo, cofundador do projeto, destaca a importância de levar essas questões aos líderes mundiais, enfatizando que a inclusão dessas demandas no fórum internacional foi uma meta essencial desde o início. “Participamos de várias conferências e sessões técnicas do G20 para apresentar as urgências vividas nas favelas”, afirmou Bispo em entrevista à Agência Brasil.
A estruturação do F20 foi inicialmente pensada em torno de cinco grupos de trabalho, mas ao longo do processo foi acrescentado um sexto, dedicado às finanças sustentáveis. Entre os temas abordados estão a luta contra desigualdades e pobreza, saúde mental, acesso a água potável e saneamento básico, além da transição energética e inclusão digital e cultural.
Os debates realizados por esses grupos culminaram na produção de policy briefs, documentos que sugerem políticas públicas específicas para cada tema abordado. Gabriela Santos, também cofundadora do projeto, ressaltou a relevância das participações internacionais do F20 em eventos como a Conferência Internacional da Semana do Clima em Nova York e as reuniões financeiras do G20. “Foi significativo ter espaço para expressar nossas demandas”, comentou.
Um dos principais obstáculos identificados durante as discussões foi a exclusão financeira das comunidades de favela. A dificuldade de acesso ao crédito bancário impede investimentos necessários ao desenvolvimento econômico local. “É fundamental reconhecer o papel inovador que as favelas podem desempenhar nesse cenário”, explicou Santos.
Para enfrentar esses desafios, o Comuniquê propõe um fundo de impacto social destinado a projetos sustentáveis nas favelas, focando em habitação, educação e empreendedorismo. Erley Bispo ressalta que o investimento em infraestrutura é crucial para superar os problemas atuais enfrentados por essas comunidades. “Os bancos multilaterais e nacionais de desenvolvimento podem desempenhar um papel fundamental nesse contexto”, afirmou.
Além disso, o documento visa fomentar uma aliança global contra a fome e a pobreza. “É importante priorizar as favelas nos investimentos como forma central de resolver os desafios enfrentados”, destacou Bispo.
Na cerimônia de lançamento do Comuniquê, prevista para ocorrer no Mirante do Morro do Adeus no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro, espera-se contar com representantes das embaixadas dos países do G20 e autoridades governamentais. Durante o evento, serão apresentados painéis com os participantes que contribuíram para a elaboração do documento.
Após sua apresentação, o F20 planeja monitorar quais recomendações serão incorporadas na proposta final do G20. Segundo Erley Bispo, este será um momento decisivo para assegurar que as necessidades das favelas sejam efetivamente consideradas nas discussões globais. “Esperamos avançar dentro do próprio G20”, concluiu Bispo.
Com essa iniciativa pioneira no contexto das discussões internacionais sobre desenvolvimento sustentável, espera-se que as vozes das favelas não apenas sejam ouvidas, mas que suas demandas sejam transformadas em ações concretas para um futuro mais equitativo.