Renúncia de Evo deixa vácuo de poder na Bolívia
A renúncia de Evo Morales, após três semanas de protestos contra sua reeleição e depois de perder o apoio das Forças Armadas, deixa um vácuo de poder na Bolívia
- Data: 11/11/2019 14:11
- Alterado: 11/11/2019 14:11
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
12/12/2016- La Paz- Bolívia, Brasil- Presidente Evo Morales, reúne-se com embaixadores bolivianos. Foto: Jose LIrauze /
Crédito:Divulgação
No momento ninguém sabe quem comanda o país.
A Constituição prevê que a sucessão começa com o vice-presidente depois passa para o titular do Senado e depois para o presidente da Câmara dos Deputados, mas todos eles renunciaram com Evo.
As renúncias do vice-presidente Álvaro García, da presidente e do vice-presidente do Senado, Adriana Salvatierra e Rubén Medinacelli, e do titular da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, criaram uma situação de incerteza e vazio sobre a cadeia de sucessão constitucional.
Senadora opositora reivindica direito de assumir presidência
Neste cenário, a segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, reivindicou o direito de assumir a presidência da Bolívia.
“Ocupo a segunda vice-presidência e na ordem constitucional me corresponderia assumir este desafio com o único objetivo de convocar novas eleições”, afirmou Jeanine em uma entrevista ao canal Unitel.
Um governo de transição, insistiu ela, será para renovar o Tribunal Supremo Eleitoral e convocar eleições, em um prazo de 90 dias, segundo a Constituição.
A senadora também defendeu a convocação de sessões do Congresso bicameral, o mais rapidamente possível, “para considerar a renúncia dos primeiros mandatários”. Também é necessário – de forma prévia – uma sessão de senadores para elegê-la no cargo de presidente.
Consequências da renúncia de Evo
Evo Morales renunciou no domingo, pressionado por militares, policiais e pela oposição, que exigiram que deixasse o cargo que ocupava desde 2006 com o objetivo de pacificar o país.
“Renuncio a meu cargo de presidente para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não continuem perseguindo dirigentes sociais”, disse Evo em Cochabamba, em discurso exibido pela TV, em referência aos líderes opositores que o acusaram de fraude nas eleições de 20 de outubro.
A saída de Evo do poder provocou muitas comemorações, mas também violência em La Paz e outros pontos do país. O agora ex-presidente denunciou a existência de uma ordem de prisão “ilegal” contra ele, uma afirmação negada pelo chefe da polícia do país, o general Yuri Vladimir Calderón.
Ainda não está claro qual será o destino de Evo. Ele afirmou que não abandonaria a Bolívia, mas o México ofereceu asilo a ele, segundo o chanceler Marcelo Ebrard, que falou em “20 personalidades do Executivo e do Legislativo da Bolívia” refugiadas na embaixada mexicana na capital boliviana.
Lista de autoridades que renunciaram
Antes da renúncia do presidente Evo Morales, diversas autoridades bolivianas deixaram seus cargos. Algumas relataram violência contra parentes e atos de vandalismo, de acordo com informações dos jornais La Razón e El Deber.
O presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, e o ministro de Mineração, César Navarro, se demitiram após denunciar que suas casas foram incendiadas por vândalos mobilizados em Potosí, que, segundo eles, também colocaram em risco a vida de suas famílias.
Evo Morales, presidente
Álvaro García, vice-presidente
Adriana Salvatierra, presidente do Senado
Víctor Borda, presidente da Câmara dos Deputados
María Eugenia Choque, presidente do Tribunal Supremo Eleitoral
Pablo Menacho, procurador-geral
Luis Alberto Sánchez, ministro de Hidrocarbonetos
Luis Arce, ministro de Economia
Mariana Prado, ministra de Planejamento
César Navarro, ministro de Mineração
Tito Montaño, ministro de Esportes
Manuel Canelas, ministro de Comunicação
Rubén Medinacelli, vice-presidente do Senado
René Joaquino, senador
David Ramos, deputado
Mario Guerrero, deputado
Carmen Almendras, vice-chanceler
Oscar Cusicanqui, vice-ministro do Tesouro
Marcelo Arce, vice-ministro de Turismo
José Luis Quiroga, vice-ministro do Interior
Wilfredo Chávez, vice-ministro de Segurança
Iván Canelas, governador de Cochabamba
Alex Ferrier, governador de Beni
Juan Carlos Sejas, governador de Potosí
Esteban Urquizo, governador de Chuquisaca
Williams Cervantes, prefeito de Potosí
Iván Arciénega, prefeito de Sucre
Mario Cronenbold, prefeito de Warnes
Gonzalo Durán, embaixador da Bolívia na França
Natalia Campero, cônsul em Washington
Marlene Ardaya, presidente da Alfândega Nacional
Mario Cazón, presidente de Impostos Nacionais
Beniana María Argene Simón, senadora
Saúl Aguilar, prefeito de Oruro
Orlando Careaga, senador