Reciclagem no Rio: apenas 0,5% dos resíduos são reaproveitados
A coleta seletiva no Rio é alarmantemente baixa, com apenas 1.500 toneladas recicladas mensalmente
- Data: 15/01/2025 09:01
- Alterado: 15/01/2025 09:01
- Autor: Redação
- Fonte: Comlurb
Caminhão da Coleta Seletiva da Comlurb
Crédito:Reprodução - Comlurb
A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) revelou que a quantidade de materiais recicláveis encaminhados às cooperativas na cidade do Rio de Janeiro é alarmantemente baixa, somando apenas 1.500 toneladas mensais. Apesar de mais de duas décadas de implementação da coleta seletiva, muitos cidadãos ainda permanecem alheios ao serviço, que continua sendo percebido como invisível.
Os dados são preocupantes: a cidade recicla apenas 0,5% do total de resíduos sólidos que são depositados mensalmente no aterro sanitário localizado em Seropédica, na Baixada Fluminense. Este cenário se agrava pela desconfiança generalizada entre a população em relação à eficiência do sistema de coleta seletiva da Comlurb.
Atualmente, a frota encarregada da coleta seletiva conta com apenas 16 caminhões, os quais operam com cerca de 30% de capacidade ociosa. Esses veículos azuis têm a permissão para transportar diversos tipos de recicláveis – papel, papelão, vidro, plásticos e metais – desde que não sejam misturados com lixo orgânico. Edison San Romã, coordenador da coleta seletiva, esclarece que a mistura entre materiais recicláveis é aceitável, mas não deve incluir restos alimentares.
Entretanto, muitas pessoas expressam suas dúvidas sobre a real destinação dos recicláveis coletados. “Acredito que tudo vai para o aterro sanitário. Se não sabemos para onde vai o que separamos, por que fazer isso em casa?”, questiona Thiago Roldão. Outros moradores compartilham sentimentos semelhantes sobre a eficácia do sistema e afirmam que os materiais coletados podem acabar em um local comum.
Para verificar a destinação correta dos materiais recicláveis recolhidos, uma reportagem da RJ2 acompanhou discretamente o trajeto de um caminhão azul. O veículo seguiu diretamente para uma cooperativa localizada no Jacaré, na Zona Norte do Rio. O diretor da Comlurb assegura que existe um sistema de roteirização para os caminhões, permitindo o monitoramento via satélite das rotas e destinos dos recicláveis.
No entanto, os líderes das cooperativas indicam que a quantidade recebida não é suficiente para garantir um sustento adequado aos catadores. Ana Carla Nistaldo, diretora financeira da Coopideal, aponta a necessidade de aumentar a frequência das coletas e realizar campanhas educativas para estimular a separação dos resíduos pela população.
Luiz Carlos Fernandes, diretor da Copam, reforça a urgência de ampliar a frota de caminhões. Ele destaca que a redução do material disponível forçou cortes na equipe e ressalta a importância da conscientização sobre o que realmente pode ser reciclado. “A falta de informação gera um grande volume de rejeitos”, afirma.
As cooperativas dependem essencialmente do material separado corretamente pelas residências. Sem campanhas efetivas promovidas pela prefeitura, os cidadãos precisam buscar informações sobre as rotas disponíveis no site da Comlurb para saber se suas ruas são atendidas pelo serviço.
Embora oficialmente se estime que a coleta seletiva atinja 10% dos recicláveis produzidos na cidade, até mesmo o prefeito Eduardo Paes expressou ceticismo quanto a esse número. Durante uma recente declaração, ele mencionou que a realidade é muito mais baixa e enfatizou a necessidade de uma abordagem mais ousada para melhorar o sistema.
Thales Malta, diretor da Comlurb, acredita que uma mudança significativa só ocorrerá por meio da educação ambiental nas escolas e entre as famílias. “É essencial desenvolver uma cultura de separação correta dos resíduos desde cedo“, argumenta.
A Comlurb informa que realiza ações contínuas de divulgação nos pontos mais movimentados da cidade e em redes sociais com o intuito de informar e engajar os cidadãos na prática da reciclagem.