Reajustes em combustíveis e passagens aéreas aceleram custo de vida em SP
Gasolina ficou 3,4% mais cara em setembro, impactando preços para classes mais baixas; altas podem reverberar na cadeia produtiva nos próximos meses, diz FecomercioSP
- Data: 07/11/2023 17:11
- Alterado: 07/11/2023 17:11
- Autor: Redação
- Fonte: FecomercioSP
Crédito:Rovena Rosa/Agência Brasil
O custo de viver na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu 0,34% em setembro, acelerando em relação aos 0,10% registrado do mês anterior, motivado principalmente pela alta dos preços dos transportes, segundo dados da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O grupo, que inclui combustíveis, subiu 1,72% em relação a agosto — o maior avanço entre todos os grupos pesquisados. Isso aconteceu, segundo a Federação, sobretudo pelo aumento dos preços da gasolina, que chegou a 3,4%, e ainda mais do diesel, que alcançou a casa dos 7,5%. Dessa forma, aqueles que mais sentiram a elevação dos preços foram as classes mais baixas: enquanto a variação mensal foi de 3,09% para a classe D e 2,76% para a classe E, o custo foi de 1,04% para a classe A [tabela 1].
Outro item que contribuiu para o aumento no custo de vida foi o grupo de habitação, com variação de 0,30% — impulsionada pelo crescimento dos gastos com energia elétrica, que ficou 1,3% mais cara nas residências, e pela elevação de 1,5% na média dos valores dos condomínios.
[TABELA 1]
CUSTO DE VIDA POR CLASSE SOCIAL (CVCS)
RECORTE POR CLASSE (SETEMBRO)
Fonte: FecomercioSP
Soma-se ainda a expansão significativa das passagens aéreas em 18,4% no mês como outro fator de elevação do grupo de transportes, com impactos mais sentidos por classes médias e altas.
Na percepção da FecomercioSP, a alta dos combustíveis pode gerar um efeito cascata na cadeia logística e de produção agrícola no País, encarecendo os custos repassados ao consumidor final. A energia elétrica, ao contrário, é uma questão pontual que não deve se repetir nos meses seguintes.
De qualquer forma, o resultado é positivo quando comparado ao ano anterior. Em setembro, a variação acumulada em 12 meses estava em 4,38%, bem abaixo dos 8% vistos nesse mesmo período de 2022 [tabela 2]. Prova disso é que os outros itens da pesquisa registraram queda nos preços, mostrando certo equilíbrio no custo de vida na RMSP.
[TABELA 2]
CUSTO DE VIDA POR CLASSE SOCIAL (CVCS)
RECORTE POR CLASSE (12 MESES)
Fonte: FecomercioSP
O grupo de alimentos e bebidas, por exemplo, registrou queda de 0,55%, o que se refletiu nos preços das carnes: a costela ficou 5,6% mais barata; o acém, 4,5%; e o contrafilé, 3,2%. O valor do feijão, que faz parte do prato da maioria da população, também caiu 6,5%, tanto pela maior quantidade produzida quanto pelo consumo mais moderado no Brasil. Também seguiram a mesma tendência o alface, que ficou 5,2% mais em conta, o óleo de soja (-3%) e ovo de galinha (-0,8%). Os artigos do lar também ficaram 0,21% mais em conta, assim como os móveis (1,9%) e eletrodomésticos (2,4%). Já os grupos de educação e comunicação permaneceram estáveis.
Por outro lado, o setor de saúde, que apresentou uma pequena redução de 0,2%, sofreu impactos diferentes de acordo com as faixas de renda. Enquanto a classe E sentiu uma redução de 0,32% nos preços, a classe A experimentou um aumento de 0,13%. Isso pode ser explicado pelo reajuste nos planos de saúde, que pesa para a classe mais alta, mas os medicamentos como hipotensores, antigripal e anti-inflamatório reduziram, exercendo influência maior para as faixas de renda mais baixa [tabela 3].
[TABELA 3]
CUSTO DE VIDA POR CLASSE SOCIAL (CVCS)
GRUPOS DE PRODUTOS
Fonte: FecomercioSP
Em suma, no acumulado dos oito primeiros meses de 2023, ficou 2,69% mais caro de morar em São Paulo e nas cidades da RMSP. Conforme previsto pela FecomercioSP em análises anteriores, o reajuste dos transportes exige atenção. Excluindo esse grupo da pesquisa de setembro, a variação da CVCS seria de -0,02%, o que mostra um custo de vida bastante equilibrado na região. No entanto, caso os combustíveis continuem aumentando, podem diminuir a magnitude da redução no preço dos alimentos, visto que afeta toda a cadeia.
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