Premiê de Portugal reforça compromisso em manter distância da ultradireita e garante estabilidade política
Lisboa atrai turistas com clima ameno, enquanto governo enfrenta crise imobiliária e desafia extremismo. Montenegro destaca política migratória inclusiva
- Data: 16/11/2024 09:11
- Alterado: 16/11/2024 09:11
- Autor: Alex Faria
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Crédito:João Pedro Domingos
O clima ameno de Portugal continua a atrair turistas de todo o continente europeu, especialmente do norte, que buscam em Lisboa um refúgio ensolarado durante o outono. A capital portuguesa, famosa por sua segurança e baixa criminalidade, fervilha com a presença de startups inovadoras e o prestigiado Web Summit, o maior evento de tecnologia da Europa, que recentemente lotou as margens do rio Tejo.
Reflexos na Imigração – Xenofobia
No entanto, liderar Portugal não é uma tarefa simples, conforme experimenta Luís Montenegro, primeiro-ministro desde abril. O custo dos aluguéis disparou, superando as capacidades financeiras de muitos portugueses, cuja renda está abaixo da média europeia. Além disso, Montenegro enfrenta a pressão do Chega, um partido de extrema-direita que critica os imigrantes, apesar de suas contribuições fiscais essenciais para o sistema de bem-estar social português.
Com 51 anos e duas décadas de experiência política pelo Partido Social Democrata (PSD), Montenegro defende uma política de exclusão ao Chega, reafirmando que “não é não” quanto a qualquer aliança com o partido. Às vésperas de uma viagem para o G20 no Brasil como observador, Montenegro discute questões como xenofobia e a situação dos imigrantes lusófonos em uma entrevista escrita à Folha.
Portugal é um dos raros membros da União Europeia a permitir a regularização de imigrantes já presentes em seu território. Em resposta à nova regulamentação da UE que restringe essa prática, Montenegro reitera o compromisso do país com uma política migratória inclusiva e humanista, destacando a importância dos imigrantes para a sociedade portuguesa.
Sobre a xenofobia enfrentada por brasileiros em Portugal, Montenegro afirma ser esta uma preocupação séria e assegura que o governo intensificará esforços para combater a discriminação e promover integração através da educação e diálogo intercultural.
Em relação ao racismo, embora Portugal careça de uma legislação específica como no Brasil, dispõe de um conjunto abrangente de leis contra discriminação racial. O governo busca fortalecer essas medidas através da educação e políticas integrativas.
Montenegro reafirma seu compromisso de manter o Chega fora do governo devido às suas posturas radicais. Quanto às relações internacionais, expressa confiança na parceria sólida entre Portugal e EUA e destaca a necessidade de autonomia estratégica da UE diante das incertezas geopolíticas.
A crise na agência Aima, responsável pela imigração em Portugal, está sendo abordada com planos para melhorar sua eficiência administrativa. O governo pretende reforçar recursos para acelerar processos migratórios.
Montenegro defende uma “discriminação positiva” para imigrantes da CPLP devido aos laços históricos compartilhados. No entanto, assegura que todos os imigrantes são bem-vindos desde que sigam as vias legais estabelecidas.
O aumento dos aluguéis é atribuído a múltiplos fatores, incluindo os “vistos gold” e alojamentos locais. O governo lançou um programa para aumentar a oferta habitacional pública até 2030 como resposta à crise imobiliária.
Clima
Na questão climática, Portugal se comprometeu com metas ambiciosas de redução das emissões e aumento do uso de energias renováveis até 2045. Apesar da ausência na COP29 devido a compromissos internos, Montenegro garante participação ativa através de sua equipe ministerial.
Quanto à privatização da TAP, Montenegro vê interesse econômico na continuidade das rotas estratégicas operadas pela companhia aérea nacional. As negociações garantem a manutenção dos voos essenciais para regiões com forte presença da diáspora portuguesa.
Participando do G20 no Brasil como observador, Portugal apoia as prioridades da presidência brasileira nas áreas de combate à fome e desenvolvimento sustentável. Montenegro espera que o encontro contribua significativamente para soluções globais mais justas.
Luís Montenegro nasceu no Porto e é formado em Direito pela Universidade Católica Portuguesa. Iniciou sua carreira política como deputado em 2002 pelo PSD e foi eleito primeiro-ministro em 2024 após presidir o partido desde 2022.