Posse de Maduro na Venezuela divide países da América Latina
A cerimônia ocorre em meio a questionamentos sobre a legitimidade das eleições e reações divergentes entre nações vizinhas
- Data: 10/01/2025 11:01
- Alterado: 10/01/2025 11:01
- Autor: Redação
- Fonte: ABCdoABC
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
Crédito:Ricardo Stuckert/PR
A atenção internacional se volta para a Venezuela, onde está programada para esta sexta-feira, 10, a cerimônia de posse do presidente Nicolás Maduro. O evento terá início ao meio-dia no horário local (13h em Brasília) e ocorre em um contexto de polarização entre os países da América Latina, especialmente após as eleições presidenciais de julho do ano passado.
As nações da região estão divididas em relação ao reconhecimento da vitória de Maduro, o que levanta questões significativas para governos de orientação esquerdista como Colômbia, México e Chile. Embora todos tenham solicitado a divulgação das atas eleitorais e expressado desconfiança sobre a legitimidade das eleições, as abordagens variam consideravelmente.
Posturas contrastantes entre Colômbia, Chile e México
O governo colombiano, liderado pelo presidente Gustavo Petro, manifestou repúdio à recente detenção da opositora María Corina Machado, ocorrida na quinta-feira, 9. Embora Machado tenha sido liberada poucas horas após a prisão, o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia reiterou sua posição sobre a necessidade de respeitar os direitos dos líderes da oposição. O chanceler Luis Gilberto Murillo também destacou que romper relações diplomáticas com o governo venezuelano seria contraproducente e prejudicial para o próprio país.
Por outro lado, o Chile decidiu não enviar representantes para a posse de Maduro. A decisão foi anunciada após o fechamento da representação chilena em Caracas, ocorrido na terça-feira. O governo chileno, que já havia classificado as eleições como fraudulentas, considera que a ausência de um representante não implica em rompimento total das relações diplomáticas. A ministra do Interior, Carolina Tohá, enfatizou que um rompimento completo seria (“contraprodutivo”).
O presidente chileno Gabriel Boric foi incisivo ao criticar o regime de Maduro, chamando-o abertamente de (“ditadura”) e ressaltando a importância de esforços internacionais para restaurar a democracia na Venezuela.
No caso do México, a postura adotada é mais neutra. O embaixador mexicano na Venezuela, Leopoldo de Gyves, confirmará presença na posse. A presidente Claudia Sheinbaum afirmou em coletiva que o México não vê motivos para não enviar um representante e que a questão deve ser decidida pelos próprios venezuelanos. Vale ressaltar que após as eleições, México, Brasil e Colômbia tentaram mediar um diálogo entre Maduro e a oposição, mas o México retirou-se da iniciativa algumas semanas depois.
Postura do Governo Lula na posse de Nicolás Maduro
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou a presença da embaixadora Glivânia Oliveira na cerimônia de posse de Nicolás Maduro, reforçando a estratégia brasileira de manutenção de relações diplomáticas com a Venezuela. A decisão, discutida no Palácio do Planalto, reflete a importância de preservar canais de diálogo com o país vizinho, mesmo diante do endurecimento do regime chavista e das recentes tensões políticas, como a detenção temporária da opositora María Corina Machado. Apesar de não reconhecer os resultados das eleições venezuelanas, o Brasil busca uma postura pragmática, considerando que a comunicação pode mitigar conflitos e facilitar negociações futuras. A participação na posse de Maduro se soma a outras ações do governo Lula em eventos diplomáticos internacionais, evidenciando a relevância atribuída às relações bilaterais e à construção de pontes no cenário latino-americano.
Com essas diferentes posturas na América Latina em relação à posse de Nicolás Maduro, fica evidente a complexidade das relações diplomáticas na região e o impacto contínuo da política interna venezuelana sobre seus vizinhos.