Pessoas vivendo em situação de rua em todo o Brasil aumentou aproximadamente 25%
Crescimento alarmante revela crise habitacional e falta de políticas públicas efetivas
- Data: 03/01/2025 15:01
- Alterado: 03/01/2025 15:01
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Imagem ilustrativa
Crédito:Tânia Rêgo - Agência Brasil
Um estudo recente revelou um crescimento de 25% no número de pessoas vivendo em situação de rua no Brasil. O levantamento, realizado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais (OBPopRua/POLOS-UFMG), aponta que o total de indivíduos nessa condição passou de 261.653 em dezembro de 2023 para 327.925 ao final do ano passado.
Este aumento significativo é ainda mais preocupante quando comparado aos dados de onze anos atrás, que mostravam apenas 22.922 pessoas vivendo nas ruas. O atual total representa um crescimento exponencial, evidenciando uma crise persistente e crescente.
Os dados utilizados para essa análise foram extraídos do Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico), que inclui beneficiários de iniciativas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Essa base fornece uma visão abrangente das populações vulneráveis e auxilia no direcionamento dos recursos federais para os municípios.
A Região Sudeste concentra a maior parte dessa população, com 63% do total, ou seja, 204.714 pessoas, seguida pela Região Nordeste, que conta com 47.419 indivíduos (14%). Em São Paulo, onde se encontra 43% do total nacional, o número saltou de 106.857 em dezembro de 2023 para 139.799 um ano depois. Este total é alarmante, representando doze vezes mais do que os registros feitos em dezembro de 2013.
Os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais também apresentam números expressivos, com 30.801 e 30.244 pessoas, respectivamente.
Segundo André Luiz Freitas Dias, coordenador do observatório responsável pelo estudo, o crescimento da população em situação de rua está relacionado à consolidação do CadÚnico como um registro crucial para acesso às políticas públicas, além da falta de políticas efetivas que garantam moradia digna, oportunidades de trabalho e acesso à educação.
Adicionalmente, o levantamento aponta que cerca de 70% dessas pessoas não completaram o ensino fundamental e que 11% são analfabetas, o que agrava as dificuldades enfrentadas ao buscar emprego nas cidades.
Robson César Correia de Mendonça, representante do Movimento Estadual da População em Situação de Rua em São Paulo, destacou que a cidade possui aproximadamente 590 mil imóveis particulares vazios, um número significativamente maior do que os cerca de 92.556 indivíduos vivendo nas ruas atualmente na capital paulista.
Mendonça argumenta que essa discrepância evidencia a falta de interesse político em resolver a questão da habitação: “Se temos tantas propriedades desocupadas e uma população crescente sem abrigo, é claro que há uma necessidade urgente de ação política eficaz”.
Ele propõe a reabilitação desses imóveis como uma solução viável para reduzir a demanda por abrigo temporário e atender as necessidades habitacionais da população em situação vulnerável.
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo não forneceu informações detalhadas sobre a quantidade atual de moradores de rua no estado. No entanto, mencionou que no ano passado foram alocados cerca de R$156 milhões dos aproximadamente R$240 milhões disponíveis no Fundo Estadual de Assistência Social para serviços relacionados à Proteção Social Especial.