Personalidade dinâmica

Prestes a ser lançado no Brasil, Citroën C4 Cactus mostra em Portugal os atributos da versão 1.2 PureTech automática

  • Data: 26/07/2018 14:07
  • Alterado: 26/07/2018 14:07
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: António de Sousa Pereira/Absolute Motors/Portugal/ exclusivivo no Brasil para a Agência AutoMotrix
Personalidade dinâmica

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Em março de 2014, o Citroën C4 Cactus foi um dos mais disruptivos modelos lançados no Salão de Genebra. Em outubro de 2017, foi apresentado seu novo visual, que expressa uma proposta mais madura e menos associada ao conceito “low cost”. Mas a maturidade e o maior refinamento também redundaram em um automóvel visualmente menos apelativo e decididamente menos irreverente. Ao se tornar mais consensual, o renovado C4 Cactus abdicou de boa parte da originalidade e da ousadia do modelo original. Esse crossover da marca francesa, que chegou em março desse ano às concessionárias europeias, já está em pré-produção também na fábrica de Porto Real, no Estado do Rio de Janeiro, e seu lançamento no Brasil está confirmado para setembro.

Para ganhar uma maior abrangência, o C4 Cactus adotou uma estética que, não sendo propriamente banal, é original apenas o suficiente para se destacar de toda a concorrência. Tamanhas são as diferenças em relação ao seu antecessor que o novo modelo herdou não mais do que 10% das peças da carroceria. Na renovação estética, perdeu as barras de teto e, principalmente, as controversas, porém inconfundíveis almofadas de ar Airbumps, que protegiam a lataria das portas dos pequenos impactos comuns nos estacionamentos. Elas agora estão montadas apenas na base das portas e reduzidas a sua mínima expressão, tanto em termos visuais quanto de utilidade.

Felizmente, a evolução operada no C4 Cactus está longe de se limitar à aparência exterior. O habitáculo, com um estilo igualmente mais maduro e refinado, começa por se impor pelo atraente padrão dos bancos, que faz lembrar modelos de outras eras. O tablier minimalista continua a ser o mais original do segmento, algo valorizado, na unidade testada, pelo acabamento opcional Metropolitan Red, expresso pelo tablier e extremidades dos bancos de tonalidade avermelhada. Esse é um opcional importante por incluir, ainda, os novos e amplos bancos dianteiros Advanced Comfort, com regulagem de altura e apoio lombar para o condutor, agora independentes e dotados de espumas de diferentes densidades.

Na Europa, os motores disponíveis para o C4 Cactus são dois, que compõem cinco versões: 1.2 Puretech a gasolina de três cilindros, em variantes aspirado de 82 cavalos e turbinados de 110 e 130 cavalos, e a diesel um 1.6 BlueHDI em opções de 100 e 120 cavalos. O Citroën C4 Cactus 1.2 PureTech 110 Auto Shine, turbocompressor intercooler com 20,9 kgfm de torque, é a única versão com transmissão automática oferecida no mercado europeu. O crossover francês continua a não ter tração nas quatro rodas nem como opção – é sempre dianteira.

Para o C4 Cactus “made in Brazil”, está definido pela Citroën que a versão topo de linha será equipada com o motor THP (Turbo High Pressure) 16V Flex, que gera uma potência máxima de 173 cavalos (com etanol) e um torque máximo de 24,5 kgfm, associado à caixa de câmbio automática sequencial de 6 marchas EAT6. Para as versões mais básicas, a marca mantém o mistério. Uma das possibilidades é o 1.6 flex aspirado, que rende 122 cavalos no etanol e 115 cavalos na gasolina, com torque é de 16,4 kgfm no álcool e 15,5 kgfm na gasolina, usado no Peugeot 2008. A outra opção é exatamente o 1.2 PureTech turbinado testado em Portugal – que provavelmente, em uma inédita versão flex brasileira, entregaria mais que os 110 cavalos e 20,9 kgfm do europeu a gasolina. Atualmente, o C3 e o 208 produzidos em Porto Real utilizam a versão aspirada do motor 1.2 PureTech, que produz 90/84 cavalos e 13/12,2 kgfm com etanol/gasolina. O mesmo motor, só que movido apenas a gasolina, é oferecido na versão mais básica do Cactus europeu, mas não será adotado no brasileiro. No interior, a extravagante configuração europeia – que inclui quadro de instrumentos e central multimídia de aspecto “flutuante”, porta-luvas com abertura para cima e tiras de couro que no painel e nos puxadores de portas – deve dar lugar a um estilo mais convencional na versão brasileira. (colaborou Luiz Humberto Monteiro Pereira/Agência AutoMotrix)

EXPERIÊNCIA À BORDO

ESTILO PRÓPRIO
A decoração interior do Citroën C4 Cactus 1.2 PureTech 110 Auto Shine europeu é um primor de elegância e originalidade, e o padrão dos bancos é delicioso. Indubitavelmente mais macios e confortáveis no dia a dia, os bancos dianteiros Advanced Comfort pecam, todavia, pela falta de apoio lateral e por uma excessiva maciez, que acbam por penalizar quem os ocupa nas deslocações mais longas, ao contrário do que seria o seu objetivo.

De resto, a habitabilidade continua a ser elogiável, inclusive atrás. O bagageiro oferece razoáveis 358 litros de capacidade, naturalmente ampliáveis mediante o rebatimento assimétrico do banco traseiro, no caso, até uns significativos 1170 litros. O que merecia ser revisto, por contrariar o instigante design interior, é a sofrível qualidade da esmagadora maioria dos materiais utilizados na versão europeia, assim como a ausência recorrente do conta-giros em um painel de instrumentos excessivamente minimalista. Os vidros traseiros com abertura por meio de manivelas não se harmonizam com a modernidade do ambiente.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR

CONFORTO EM MOVIMENTO
Lisboa/Portugal – Após ocupar o melhor lugar a bordo, é tempo de conhecer um dos principais trunfos do novo Citroën C4 Cactus: o conforto substancialmente melhorado. O modelo passou a ser o mais confortável representante da sua categoria. Até o conforto acústico aumentou de forma evidente, por conta da utilização de maior quantidade de material fonoabsorvente, de um para-brisa acústico e de vidros laterais mais espessos.

Contudo, o “must” do novo C4 Cactus são mesmo os amortecedores progressivos com um batente hidráulico PHC em cada um dos seus extremos, conceito nascido na competição, que pretende recriar, por um sistema muito menos complexo e oneroso, a mítica suspensão hidropneumática da Citroën. Sucintamente, o princípio de funcionamento dessa solução consiste em um amortecimento suave, para absorver as irregularidades de alta frequência (desníveis do piso, estradas de paralelepípedos), que vai progressivamente ficando mais firme, para controlar os movimentos de maior amplitude. Essa transição é assegurada pela passagem de óleo por orifícios de diâmetro cada vez menores, à medida que o curso do amortecedor se esgota.

O conforto em marcha é simplesmente o mais elevado da classe, devido à nova e eficiente suspensão com batentes hidráulicos progressivos. Mesmo com pneus de baixo perfil, o sistema funciona de forma convincente, garantindo ao modelo um conforto digno do invejável histórico da Citroën nesse particular, e uma capacidade para enfrentar as irregularidades com desenvoltura. A direção e a embreagem leves facilitam a condução na cidade, que é onde a maioria dos C4 Cactus deverá passar boa parte do seu tempo. Obviamente, nem tudo são vantagens. O crossover da Citroën não foi feito para grandes correrias. Adotar ritmos mais intensos, em traçados mais sinuosos, implica ter de lidar com movimentos de carroceria que poderiam ser melhor controlados, como um acentuado adernar em curvas. Os pneus Goodyear Efficient Grip, de medida 205/50R17, são mais vocacionados para poupar combustível do que para garantir a máxima aderência em altas performances.

Em velocidades maiores, as reações são menos progressivas do que o ideal, e fica patente a tendência para a subesterço, a popular “saída de frente”, quando a perda de aderência nos pneus dianteiros em uma curva faz o carro espalhar e querer ir reto, apesar de o volante estar virado. Mas a agilidade do Cactus anterior se manteve: basta levantar o pé do acelerador para fazer rodar um pouco a traseira e colocar o carro na rota correta com toda a naturalidade. Só é lamentável que a calibragem excessivamente conservadora do controle eletrônico de estabilidade (impossível de desligar) impeça os mais atrevidos de tirar melhor partido desse trunfo. Fora de estrada, e provando que a Citroën ainda não foi ao ponto de romper por completo com as origens, a altura ao solo de 15,5 centímetros até permite algumas pequenas aventuras. Quem pretender ir mais longe deve considerar o opcional controle de tração otimizado Grip Control.

Para o motor de três cilindros sobrealimentado 1.2 PureTech, com 110 cavalos, sobram elogios: suave e silencioso, continua a ser um dos melhores da sua categoria, cumprindo, e bem, com as exigências. Bastante disponível a baixo e médio regimes e exibindo um maior vigor acima das 3000 rpm, anda bem e gasta pouco, oferece uma sonoridade interessante e garante performances dinâmicas de bom nível (no que é ajudado por um peso do conjunto inferior a 1.100 quilos). Tudo contribui para uma condução fácil e descontraída.

Já a caixa automática de seis velocidades “casa” muito bem com o motor e mostra-se rápida, suave e inteligente na maioria das situações. O modelo oferece interessantes sistemas de auxílio à condução opcionais. Disponível no C4 Cactus testado, o Pack Drive Assist inclui frenagem autônoma de emergência, alerta de saída involuntária da faixa de rodagem, alerta de atenção e fadiga do motorista, sistema de leitura de sinais de trânsito e alerta de veículo no ponto cego.

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  • Data: 26/07/2018 02:07
  • Alterado:26/07/2018 14:07
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