Pererecas-pintadas-do-rio-pomba ganham novo lar em Araçoiaba da Serra
Projeto pioneiro de conservação busca evitar extinção de anfíbio criticamente ameaçado
- Data: 03/12/2024 13:12
- Alterado: 03/12/2024 13:12
- Autor: Redação
- Fonte: Agência SP
Micos são atendidos em núcleo mantido pelo Governo de SP
Crédito:Divulgação/Governo de SP
Mais de 260 exemplares da perereca-pintada-do-rio-pomba, um anfíbio em situação crítica de extinção, serão transferidos para um novo habitat em Araçoiaba da Serra, na Região Metropolitana de Sorocaba, até o final deste ano. A iniciativa ocorre no Núcleo de Pesquisa e Conservação de Fauna Silvestre (Cecfau), uma unidade dedicada à preservação de espécies ameaçadas, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo. O espaço recém-criado, com 60 metros quadrados – o triplo da área atual –, visa melhorar o manejo dos anfíbios e intensificar os esforços de reprodução e pesquisa.
Além das pererecas-pintadas, o Cecfau atua na conservação de outras cinco espécies ameaçadas: a arara-azul-de-lear, o mico-preto, o mico-leão-de-cara-dourada, o tamanduá-bandeira e o sagui-da-serra-escuro.
A perereca-pintada-do-rio-pomba encontra-se em perigo crítico e habita uma restrita área de 1,36 km² nas proximidades do Rio Pomba, em Cataguases, Minas Gerais. Essa região não possui proteção oficial e faz parte de uma propriedade privada na Zona da Mata. A espécie foi identificada pelo pesquisador Clodoaldo Assis, ligado à Universidade Federal de Viçosa, que investiga sua biologia para formular estratégias eficazes de conservação.
Os indivíduos adultos dessa espécie pesam entre 10 e 20 gramas e medem entre 5 e 8 centímetros. Sob cuidados humanos, sua dieta inclui grilos, baratas e besouros. Embora não sejam venenosas, informações sobre sua longevidade ainda são desconhecidas. Desde que as primeiras fêmeas chegaram ao Cecfau em 2021, cinco desovas bem-sucedidas foram registradas: duas em 2022 e três em 2023. A temporada reprodutiva de 2024 começou em outubro e se estenderá até o início do próximo ano.
O Cecfau participa de um projeto voltado para a conservação ex situ dessa espécie, ou seja, fora do seu ambiente natural. O objetivo é criar uma população segura em cativeiro para prevenir a extinção na natureza. “Iniciamos nosso programa com dez pererecas provenientes de Minas Gerais; hoje contamos com 265 aqui no centro e mais exemplares foram enviados a instituições parceiras”, destaca Giannina Piatto Clerici, assessora técnica do Cecfau.
O Cecfau é pioneiro mundial na criação dedicada à reprodução da perereca-pintada-do-rio-pomba e permanece como a única instituição a realizar tal trabalho. Outras duas organizações colaboradoras desenvolvem estudos com indivíduos originados desta “maternidade”. “Ainda estamos aprofundando nossos estudos sobre a espécie. Observamos que as fêmeas colocam entre 1.100 a 3.800 ovos por vez, com uma taxa de sobrevivência anual variando entre 3% a 9%”, informa Giannina.
Fundado em junho de 2015, o Cecfau iniciou suas operações com um pequeno número de animais ameaçados e desde então ampliou significativamente suas atividades. Agora se prepara para incluir a jacutinga em seus esforços conservacionistas, dependendo da finalização de novos recintos e recomendações formais pertinentes.
A seleção das espécies atendidas pelo Cecfau baseia-se em diretrizes nacionais e internacionais para conservação, além da capacidade física e operacional da unidade para atingir os objetivos propostos para a manutenção ex situ dessas espécies.