Pelas Barbas do Profeta repercute a Independência

Independência é, acima de tudo, ser livre. Paulo Porto nos conduz, com maestria, a refletir sobre os momentos e os movimentos para que promulguemos a nossa Independência

  • Data: 29/11/2016 19:11
  • Alterado: 29/11/2016 19:11
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Paulo Porto é roqueiro do ABC. Músico, Compositor, Pesquisador Cultural e Advogado
Pelas Barbas do Profeta repercute a Independência

 

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A independência é a não dependência. É ser livre, portanto, e não apenas para decidir e escolher, mas, principalmente, para não esperar. O independente conhece o tamanho e a importância da vida e por isso tem pressa.

E podemos ver e analisar a independência sob dois prismas: o da coletividade e da individualidade.

Um governo existe para promover a paz social, coordenar e dar rumo a uma nação e em respeito à dignidade humana, de preferência. E uma nação se faz com apenas duas coisas: território e povo. Comemoramos hoje o dia da independência do Brasil, a independência do povo brasileiro em suas terras – proclamada em 1822.

E assim caminha a humanidade. No início do século passado, não havia no mundo mais que 60 Nações. As transformações, evoluções e revoluções propuseram o fim a impérios, colônias, da União Soviética, entre outros e, hoje, já somos mais de 200 Países… E contando… Aliás, pouca gente sabe, mas a independência da Itália data do ano de 1861, ou seja, quase 40 anos depois do Brasil.

Mas a independência de uma nação é capaz de tornar seu cidadão, um homem livre? E o que isso realmente quer dizer?

São tantas as liberdades que uma sociedade tem a conquistar – como a da terra em que se vive e que, no mínimo, sejamos dignamente enterrados nela – que o homem, em sua luta diária, muitas vezes negocia a prioridade de ser livre pelo sentido de ser feliz, aceitando facilmente uma mudança na ordem das coisas, ou seja, daquilo que entende estar ruim para algo que, se espera, seja melhor.

E uma semana depois da deposição de nosso segundo presidente, comemoramos a nossa independência. Interessante… Mas qual delas?

Já comentei que somos um povo íntegro e ambicioso por bem comum. Quis dizer que somos miscigenados e que o êxodo mundial provocado por guerras, massacres e fome dos dois últimos séculos, fez de nosso País a grande pátria mãe de todas as pessoas do mundo, acolhendo aqui não fugitivos, mas homens livres em busca de liberdade e dignidade humana. E toda a parte pobre e dominada do mundo veio pra cá também (escravizada), contribuindo com seu tempero étnico e, tudo isso está fazendo de nós brasileiros, os verdadeiros cidadãos do mundo. E dando o exemplo para o mundo de que a perfeita convivência de toda essa mistura de gente serve para mostrar e comprovar que só há uma raça no mundo: a raça humana.

No entanto, existe uma moral viciada no mundo, não advinda dos bons costumes, e que corriqueiramente se tenta implantá-la também no Brasil: a de que o caminho para a felicidade não passa, necessariamente, pelo da liberdade. Aliás, está implantada hoje em dia. Individualmente, não percebemos, mas, coletivamente, sabe esse povo rejeitá-la. Vou tentar explica-la em parcas linhas:

Democracia é o governo do povo, feito pelo povo e para o povo. Para ser democrático, o povo outorga, por meio de voto direto, poderes a quem se propõe a comandar determinada nação. Outorgar poder é transferir a outrem autoridade de representação. A ditadura, por sua vez, é o governo autoritário de um ou de poucos. Logo, posso concluir que, democraticamente, posso manter um ditador dominando a minha nação, se perpetuando nela, por esses ou aqueles meios ‘legais’, sem que, necessariamente, seja um deles.

Ditadores sócio-populistas e financiadores de capital sabem que a opressão, a pobreza e a infelicidade é uma bela ferramenta de perpetuação de poder. Para um ou para outro. E, quando surge uma justa luta contra a desigualdade, o opositor do governo que ali está se nutre dessa luta para a ruptura, a fim de provocar a mudança, usando o povo para isso, pois, afinal, ninguém quer ser infeliz. E é aí que você, ser individual que quer se livrar desse status quo, aceita de grátis o apoio e a opinião deste opositor e, assim, passa a defendê-la. E, sem perceber, sozinho, passa a trabalhar pela mudança do cruel estado de coisas (o que é correto), no entanto, a cegamente brigar por uma por essa nova forma de dominação (o que é errado), quando você deveria se apoiar na moral coletiva de seu povo e não na imposta por essas forças mundiais, porque a vida seguirá, seja por A ou por B, e continuará a ser necessária a dureza da vida como ferramenta para a proposta de um ou de outro…

E assim você luta para não andar por sua sociedade, mas para que alguém o domine novamente, não sendo finalmente livre. A oportunidade que era sua, você a entregou. E passa a acreditar que a felicidade estará na dominação do novo autoritário e perene ditador que só quer para ele a perpetuação do poder com suas benesses ou nos poderosos donos do capital que decide a roupa que você usa, a matriz energética que leva e traz você e o lugar onde você possa guardar a ínfimos juros os ‘pseudo-ganhos’ do suor de seu trabalho.

E essa moral viciada vigente desde o código de Hamurabi, há 4.000 anos, impõe a ética aceitação de nossa convivência, inclusive aqui, no Brasil. No entanto, vejo que eles (esses senhores invisíveis) não entenderam ainda é que o povo brasileiro é a melhor referência de povo do mundo, de raça humana, justamente por sermos o lugar distante e ignorado que se miscigenou, com o pensamento coletivo de que a felicidade só poderá ser alcançada pela via da liberdade.

Por isso o povo depôs um segundo presidente em menos de 30 anos. O sistema de governo que ‘eles’ querem não funciona aqui… talvez nem o capitalismo, talvez nem a democracia, talvez nem nenhum governo, ouso dizer, com 100 anos de antecedência disso e que, creio, se comprovará.

O povo brasileiro é, acima de tudo, a melhor tradução de um projeto para o que deve ser um humano. É, bom, longânimo e, unido, é também ambicioso pelo bem de todos e não de alguns. E contra isso, nada e nem ninguém de nenhum lugar mudará isso. Na insistência dessa forma hipócrita de governo, com políticos hipócritas, haverão de cair mais três ou quatro outros presidentes nos próximos 20 anos.

E para quem gosta de melhores e maiores comprovações, esse tipo de povo sempre esteve na Bíblia, em Gálatas, 5:22, onde, para ele, não há e nem haverá lei humana contra quem quer o bem e o amor ao próximo, acima de todas as coisas.

E quanto mais os poderosos do mundo com seus fracassados modais de vida em sociedade, imputarem aos brasileiros o seu sistema, mais serão punidos por estes. Muitos falam que o Brasil não é um grande País, porque suas universidades não estão entre as maiores do mundo, porque suas publicações científicas são pífias, porque ainda não temos um Nobel… E é tudo verdade… Mas é igualmente verdadeiro ver esse mundo que nos manobra, um falso mundo, repleto de erros e imposições pelos quais não haveremos de tomar por regra.

Independência é, acima de tudo, ser livre. E ser livre é, senão, decidir e escolher para a sua vida. E assim, nós, da periferia do mundo, quem sabe, poderemos um dia ser centro, porque essa nossa ‘barbárie’ que destoa do mundo, não deixa de ser, senão, uma nova cultura.

A cada dia, a cada estação, a cada ano, a cada geração, essa massa crítica de povo vai envolvendo o nosso território e tomando uma silenciosa forma de vida. De iguais por liberdade para si e de vida justa e digna para todos. E escolhi falar sobre isso hoje, não porque é o dia da independência do Brasil, posto que nosso País já a conquistou. Mas mais por nossa própria independência do que o mundo insiste em influir para decidir por nós. Para que, definitivamente, proclamemos a nossa!

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  • Data: 29/11/2016 07:11
  • Alterado:29/11/2016 19:11
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Paulo Porto é roqueiro do ABC. Músico, Compositor, Pesquisador Cultural e Advogado









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