Pelas Barbas do Profeta aconselha: Siga as Borboletas
Nesse artigo o autor nos faz refletir sobre nossas escolhas e caminhos. Hoje, decide-se o impeachment. É Tênue Viver.... É Tênue Existir...
- Data: 29/11/2016 20:11
- Alterado: 29/11/2016 20:11
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Paulo Porto é roqueiro do ABC. Músico, Compositor, Pesquisador Cultural e Advogado
Certa vez eu li uma frase atribuída a Oscar Wilde, nobre escritor irlandês: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas existe”. Me lembrei dela nessa semana conturbada, onde nosso País, nesse momento, depõe um presidente, outorgando, dessa forma, ao vice, a sua função. E aí, as pessoas se manifestam, as ruas se movimentam, o mundo se declara, a favor ou contra, enfim…. Todos se postam firmes, como pessoas de opinião, acerca disso. Um vai-e-vem de fatos, conhecimentos e retóricas. Opiniões e até indagações, ok. Mas certezas desabrocham como flores aqui e ali, desafiando o nosso inverno, num festival de cores, odores e belezas…
Mas quais estradas essas flores buscam enfeitar, para a oferta de meus passos? Qual a trilha mais bela que me conduzirá?
Ruas de gerânios laranja e amarelos, que buscam aquecer-nos aos poucos, não tão diretamente quentes quanto fortes dálias vermelhas, rubras e bordôs… E tem aquela estrada das hortênsias, belas azuis, roxas, lilases…. Todas num fundo naturalmente verde, em um céu azul celeste…
E no experimento empírico dessas sensações novamente vividas, permito-me, sem querer, ouvir vozes amigas que não convencem; inimigas que impõem; suaves que me chamam a atenção tanto quanto as brutas que me assustam; e as desesperadas que choram…
Outra frase, essa concluída por mim mesmo, me diz que há no mundo apenas dois tipos de pessoas: as que comandam e as que são comandadas.
Isso porque sou um cara que gosta muito de princípios. E, para mim, o ponto de vista de todas as coisas é a vida. Não importa o que façamos, não me importa onde estejamos e nem com quem. Todas as coisas que se dizem importantes da vida perdem o sentido e fica sem graça, quando o sentido é, acima de tudo, viver. Meu time de futebol, meu partido político, minha religião, minha cor, meu dinheiro, minha luta por qualquer direito… A guerra para quando vou ao banheiro, a guerra para sempre que preciso dormir… E, já que, dormindo ou acordado, vivemos e sabemos que vivemos – como seres dotados de inteligência, por que não produzirmos algo de valia para nossas vidas, para a nossa sociedade?
E já que estou falando de princípios, que tal ali, dentro dele, estar o desejo de ser feliz? E ele há de estar mesmo. Tem uma letra de música minha que diz que “pessoas passam, vem e vão, em qualquer tipo de revolução, na sua dose essencial”.
E estradas são escolhas, caminhos de vida; simuladas, desbravadas, abertas, fechadas, enfim, ali, para a nossa própria revolução. Na sua dose essencial. Naquilo que cada um se satisfaz em sua essência de vida. A felicidade de ontem dormiu e a de amanhã ainda não acordou. Felicidade é o que te faz feliz hoje. E aí está uma diferença entre viver e existir.
E é assim, por princípios, que busco ser na vida um comandante. Um comandante vive por si, não apenas por suas ideias, não apenas pelo que a vida o oferece para que se mantenha vivo. Vive por sua felicidade. E, vivendo em sociedade, isso será mais fácil se for esse o desejo de cada um. Disse na outra coluna que só cada homem justo produzirá uma sociedade justa.
Por isso não sigo nenhuma estrada que eu não escolha por mim mesmo. Não revoluciono de modo algum que não seja para a minha dose. Não produzo para nada que não seja para a minha felicidade. Tentando apenas, conduzir minha vida, no conjunto da vida de todos. Porque, se assim não fosse, o que pretenderia a minha vida sem o meu comando? Porque viver pelo outro é muito diferente de viver para o outro.
Sempre nos lembrar de que na vida nem tudo são flores, porque todos sabem disso. Quantos desertos, quantas negativas, chuvas ácidas e portas fechadas em nossas caras não nos impedem de sorrir? E quantas dessas promessas vãs farão de você ainda um comandado? Um ‘existir de sua vida’ pelo outro, brinda a sua existência? Eu sempre refutei existir em lugar de viver…
Me parece ser pouco ver flores no primaveril caminho partilhado por pessoas de outono, inverno e até de verão…. Quem faz meu caminho, sou eu. O tempo todo. Mas e quanto aos outros? Àqueles, que Presidem ou que Vice-Presidem; que aceitam ou que negam esse velho ou novo comando? Seriam eles comandantes ou comandados? Você, que se vê sem saída, porque acha que não entrou (mas que foi colocado ali), que teme o fim porque acha que abriu mão do começo, que, enfim, você vive pela felicidade daquele que o prediz? Se conforma ou é feliz? Vive ou existe?
Minha proposta sempre vai ser fazer Oscar Wilde errar. Viver não pode ser raro ao homem. E existir não há de ser comum. Na dúvida, não temer e crer (ainda) na natureza das coisas. Nem todas as cores ou odores ou belezas plantadas pelo homem há de ser sinal de vida para se viver, ainda que seja o homem a necessidade de sua vida. Nas flores, tudo pode ser um belo cenário da arte, tentando imitar a vida que poderia ser sua. Procure seguir seu instinto natural de pessoa própria, de vida própria. E na dúvida do que julgas ser um florido caminho a seguir, faça como eu: siga as borboletas! Elas sempre pousarão nas flores verdadeiras…