Paradoxo em marcha

Câmbio automatizado é a principal atração da versão Drive 1.3 GSR do Fiat Cronos, mas também rende críticas ao sedã

  • Data: 27/06/2018 10:06
  • Alterado: 27/06/2018 10:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Agência AutoMotrix
Paradoxo em marcha

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O Cronos, versão sedã do hatch Fiat Argo, chegou às concessionárias brasileiras em março deste ano, importado da Argentina. Sua missão é disputar os consumidores de sedãs compactos espaçosos e bem equipados, como o Honda City, o Chevrolet Cobalt e o também novato Volkswagen Virtus, lançado poucas semanas antes do Cronos. Com um vistoso design de estilo italiano, o Cronos oferece duas opções de motor. As configurações Drive são equipadas com o 1.3 Firefly de quatro cilindros, 109 cavalos e 14,2 kgfm, enquanto as Precision trazem o 1.8 E.torQ com até 139 cavalos e 19,3 kgfm. O primeiro motor pode vir associado ao câmbio manual ou à transmissão automatizada GSR, ambos de cinco marchas. Pela comodidade de dispensar o pedal de embreagem para as trocas, uma demanda crescente de quem enfrenta o trânsito das grandes cidades, a versão GSR está entre as mais procuradas do sedã. Mas, apesar de ser efetivamente prático, o câmbio automatizado do Cronos gera alguns solavancos nas mudanças das marchas, o que causa estranheza a alguns motoristas – principalmente aos acostumados aos câmbios automáticos.

Em todas as versões da linha Cronos, o design é certamente um dos fatores determinantes na compra. O sedã é 36 centímetros mais comprido que o Argo, mas preserva os mesmos 2,52 metros de entre-eixos. Os 1,72 metros de largura e 1,51 de altura também são iguais nos dois modelos. Embora não deixe de ser um Argo com um porta-malas proeminente – que oferece ótimos 525 litros de capacidade –, o Cronos consegue ter uma personalidade própria. Seus traços exprimem uma singular mistura de robustez com elegância e modernidade. A frente segue a assinatura digital da marca e traz grade encorpada e faróis afilados, com um desenho diferenciado em relação ao hatch de origem, principalmente no para-choque de aspecto mais aerodinâmico e esportivo. A grade do sedã incorpora um friso cromado inexistente no hatch. No perfil, chama a atenção o caimento da parte posterior do teto no estilo fastback – um formato de carroceria típico dos esportivos, nos quais o ângulo entre o vidro traseiro e a tampa do porta-malas é tão aberto que quase vira uma reta. Já na traseira, destacam-se as lanternas com leds, que têm um elegante formato de asa e invadem a tampa do porta-malas.

O Cronos Drive 1.3 GSR, além do câmbio automatizado, tem como atrativos uma boa oferta de equipamentos aliada a um preço competitivo – a versão parte de R$ 60.990. Vem de fábrica com itens como direção elétrica progressiva, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, chave canivete (com telecomando para abertura das chaves, vidros e porta-malas), vidros elétricos dianteiros (com um toque e antiesmagamento), rodas de 15 polegadas com calotas, sistema de monitoramento dos pneus, isofix, entrada USB, auxiliar, Bluetooth, volante com ajuste de altura e comandos de rádio e telefone, central multimídia Uconnect com tela sensível ao toque de sete polegadas compatível com Adroid Auto e Apple Car Play, sistema de reconhecimento de voz, assistente de partida em rampa, controles eletrônicos de tração e estabilidade, retrovisores externos elétricos com função tilt down, sistema start-stop e aletas atrás do volante para trocas de marchas.

Herdado do Argo, o motor flex Firefly tem quatro cilindros, 8 válvulas e sistema de partida a frio que dispensa o anacrônico tanquinho. Entrega 101 cavalos com gasolina e 109 com etanol, ambos a 6.250 rpm, com torques de 13,7 kgfm com gasolina e 14,2 kgfm com etanol, sempre em 3.500 giros. Acoplado ao motor está a transmissão automatizada GSR – sigla da expressão Gear Smart Ride. No console, aonde costuma estar a alavanca de câmbio, o Cronos tem um console com cinco botões – A/M (Automático/Manual), D (Drive), N (Neutral), R (Reverse) e S (Sport) –, com funções similares às encontradas nos câmbios automáticos. Na linha Cronos, o câmbio automático só é oferecido na versão Precision 1.8 – que custa 30% mais caro. Na Drive 1.3 GSR, quem se aborrece com o modo automático do câmbio tem a opção de fazer as trocas manualmente, usando os “paddle shifts” atrás do volante – e sem deixar de dar descanso ao pé esquerdo.

EXPERIÊNCIA A BORDO
Na ponta dos dedos
Por dentro, o Cronos é bastante semelhante ao Argo. Os bancos têm boa ergonomia e acomodam bem o corpo. Embora o entre-eixos seja idêntico ao do hatch, o reposicionamento do banco traseiro no Cronos oferece mais espaço aos passageiros altos, com melhor área para as pernas. O habitáculo tem poucos porta-objetos – o maior deles é nicho que fica sob o console dos botões da transmissão, que é grande e adequado para guardar coisas que não se queira deixar visíveis, como bolsas ou celulares.

O volante tem ajuste de altura, mas não de profundidade. Os comandos são bem localizados e de fácil manuseio. As superfícies são rígidas, porém com texturas agradáveis. O padrão de montagem é decente e o design interno é moderno. A tela “touch” de 7 polegadas situada na parte superior do console central, embora não se integre ao painel e pareça um tablet “pendurado”, oferece boa visibilidade e é de alta definição – algo que melhora as imagens da câmera de ré opcional, presente no modelo testado. A tela acessa a central multimídia, que obedece comandos vocais e interage com smartphones Android e iPhone. O volante é multifuncional e traz botões para informações de computador de bordo e som. Os comandos são bem posicionados, e não é difícil aprender a interagir com o sistema.  

A suspensão absorve com eficácia as imperfeições da pista e o isolamento acústico funciona razoavelmente. O câmbio automatizado GSR é um diferencial de conforto, principalmente para os motoristas oriundos de carros com transmissão manual, pois dispensa o motorista de acionar o pedal de embreagem e as marchas podem ser trocadas automaticamente. Contudo, os sacolejos provocados pela passagem das marchas e a imprecisão nas trocas proporcionada pelo câmbio GSR acabam reduzindo os benefícios nesse aspecto. Os botões da transmissão não são muito intuitivos e causam alguma estranheza inicial. Já as aletas atrás do volante para trocas de marchas são bastante práticas. Equipamentos como assistente de partida em rampa, controles eletrônicos de tração e estabilidade, retrovisores externos elétricos com função tilt down e sistema Start&Stop facilitam a vida do motorista e ajudam a tornar a convivência com o Cronos Drive 1.3 GSR mais amistosa.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Câmbio em evidência
Um bom câmbio é como um bom juiz de futebol – se trabalhar bem, ninguém repara nele. O câmbio GSR do Cronos nunca consegue ser esquecido por muito tempo pelo motorista. Embora represente uma evolução em relação aos primeiros câmbios automatizados Dualogic apresentados pela Fiat, há uma década, o GSR às vezes se mostra indeciso e faz trocas de marchas um tanto bruscas. Isso gera “trancos” que tornam a experiência de condução menos prazerosa do que a oferecida pelos câmbios automáticos, onde o conversor de torque proporciona trocas de marchas mais suaves. Acaba sendo cansativo de lidar. Para aliviar os “soluços” nas trocas de marchas, uma solução é tentar aliviar o pé do acelerador no momento das trocas. Ou então fazer as mudanças manualmente usando os “paddle shifts” atrás do volante, sem esquecer de diminuir a aceleração na hora das trocas.

Pelo menos o hill-holder segura o carro nas ladeiras por alguns instantes quando o motorista tira o pé do freio, o que reduz os inconvenientes das eventuais vacilações do câmbio nos aclives e declives. No trânsito das grandes metrópoles, aonde se costuma pegar longos engarrafamentos, o sistema Start&Stop ajuda a diminuir o gasto de combustível, religa o motor de maneira suave e transmite ao motorista uma agradável percepção de estar economizando.

Dinamicamente, o Cronos causa boa impressão. O motor 1.3 Firefly, que entrega até 109 cavalos de potência e torque de 14,2 kgfm, dá conta da demanda da versão, que tem uma proposta mais urbana e menos esportiva que a 1.8. Só não rende tão bem por conta da transmissão automatizada. O acerto de suspensão é mais firme que no Argo, mas é bem ajustado. O carro se mostra equilibrado em curvas feitas em alta velocidade e é estável nas freadas bruscas. Em termos de consumo, segundo o Inmetro, o Cronos 1.3 Drive GSR faz 8,8 km/l com etanol e 12,7 km/l com gasolina em trânsito urbano. Na estrada, o gasto de combustível fica em 10,4 km/l com etanol e 14,8 km/l com gasolina.

FICHA TÉCNICA
Fiat Cronos Drive 1.3 GSR

Motor: 1.332 cm3, quatro cilindros, flex

Potência: 109 cavalos a 6.250 rpm

Torque: 14,2 kgfm a 3.500 rpm

Taxa de compressão 13,2:1

Transmissão: automática de cinco velocidades

Suspensão: Independente McPherson (dianteira), eixo de torção (traseira)

Freios: disco ventilado (dianteira), tambor (traseira)

Dimensões: 4,36 metros de comprimento, 1,72 metro de largura, 1,51 metro de altura e 2,52 metros de entre-eixos

Peso em ordem de marcha: 1.159 quilos

Capacidade do porta-malas: 525 litros

Tanque de combustível: 48 litros

Consumo: 8,8 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada com etanol. 12,7 km/l na cidade e 14,8 km/l na estrada com gasolina

0 a 100 km/h: em 11,5 segundos

Velocidade máxima: 182 km/h

Equipamentos de série na versão: Direção elétrica progressiva, ar-condicionado, quadro de instrumentos com tela LCD  de 3.5 polegadas com computador de bordo, banco do motorista com regulagem de altura, chave canivete (com telecomando para abertura das chaves, vidros e porta-malas), vidros elétricos dianteiros ( com um toque e antiesmagamento), rodas de 15 polegadas com calotas, sistema de monitoramento dos pneus, isofix, entrada USB, auxiliar, Bluetooth, volante com ajuste de altura e comandos de rádio e telefone, adiciona mais uma entrada USB e a central multimídia Uconnect com tela sensível ao toque de sete polegadas compatível com com Adroid Auto e Apple Car Play, entrada USB, sistema de reconhecimento de voz, apoia-braço para motorista, vidros elétricos traseiros ( com um toque e antiesmagamento) controlador automático de velocidade, assistente de partida em rampa, controles eletrônicos de tração e estabilidade, retrovisores externos elétricos com função tilt down, sistema Start&Stop, aletas atrás do volante para trocas de marchas.

Preço básico da versão Drive 1.3 GSR: R$ 60.990.

Opcionais presentes na versão avaliada: Kit Stile (Faróis de neblina, rodas de liga leve de 16 polegadas, banco traseiro bipartido) – R$ 2.990; sidebags dianteiros – R$ 2.600; Kit Parking (sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico e câmera de ré com linhas dinâmicas) – R$ 1.600; Alarme antifurto – R$ 650

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