Papa Francisco critica políticas de imigração de Trump
Líder da Igreja Católica condena medidas de deportação e reforça apelo à dignidade e proteção dos mais vulneráveis
- Data: 20/01/2025 14:01
- Alterado: 20/01/2025 14:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Vaticano
O Papa Francisco expressou, em entrevista recente, sua profunda preocupação com as políticas de imigração propostas por Donald Trump, considerando-as moralmente inaceitáveis. Durante a conversa transmitida pela televisão italiana, o líder da Igreja Católica qualificou os planos do ex-presidente dos Estados Unidos para deportar migrantes ilegais como uma “vergonha”, enfatizando que tais ações poderiam condenar à miséria aqueles que já enfrentam dificuldades extremas.
Dignidade humana e direitos dos migrantes
O pontífice ressaltou que “fazer com que os mais vulneráveis paguem a conta não é a solução para os problemas” e que essa abordagem ignora a dignidade humana. Ele recordou a promessa de Trump de realizar a maior deportação de imigrantes indocumentados na história americana assim que assumisse a presidência.
Na mensagem enviada ao ex-presidente, Francisco fez questão de transmitir “saudações cordiais”, instando-o a promover uma sociedade onde não haja espaço para “ódio, discriminação ou exclusão”, mas sim um ambiente propício à “paz e reconciliação entre os povos”.
A defesa de pontes e não muros
A questão dos migrantes é um tema recorrente nas falas do Papa, que considera a proteção dos direitos humanos fundamental. Em agosto, durante uma audiência pública, ele descreveu como “grave pecado” a ideia de trabalhar sistematicamente para afastar migrantes. Em 2016, Francisco já havia se manifestado criticamente sobre o plano de construção de um muro na fronteira com o México, afirmando que “uma pessoa que pensa apenas em construir muros… e não em construir pontes, não é cristã”.
O encontro entre o Papa e Trump ocorreu em 2017, quando o então presidente visitou Roma. Às vésperas das eleições presidenciais americanas de 2024, Francisco foi cauteloso ao abordar questões eleitorais, limitando-se a aconselhar os cidadãos a escolherem o “mal menor” conforme sua própria consciência.
Durante a mesma entrevista, o Papa também se deteve sobre a questão da migração na Europa, observando que muitos países do sul do continente enfrentam desafios demográficos e precisam de mão de obra. Ele enfatizou que todos têm o direito de permanecer em seus lares ou emigrar se desejarem.
Apelo pela paz
Francisco manifestou sua perplexidade diante da dificuldade em alcançar a paz em conflitos como os da Ucrânia e do Oriente Médio, questionando: “Por que fazer a paz é tão complicado? Parece haver uma força internacional empurrando para a autodestruição”.
Com 88 anos, o Papa Francisco ocupa o cargo desde 2013, sucedendo Bento XVI. Sua posição firme sobre direitos humanos e imigração continua a ser um pilar central de seu papado.