Operação da PF aponta Bolsonaro como peça central em plano golpista no Brasil
Relatório da PF expõe minucioso plano de golpe envolvendo Bolsonaro; resistência das Forças Armadas foi crucial na proteção do estado democrático de direito do Brasil.
- Data: 27/11/2024 09:11
- Alterado: 27/11/2024 09:11
- Autor: Redação
- Fonte: Correio Braziliense
Crédito:Reprodução
Em um extenso relatório de 884 páginas, a Polícia Federal detalhou minuciosamente uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil, ocorrida entre 2021 e 2022, na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é apontado como figura central. O documento menciona Bolsonaro em 535 ocasiões e descreve ações como a elaboração de uma minuta golpista e reuniões com altos comandos militares para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O relatório menciona encontros no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada, onde teriam sido discutidos planos para alterar a composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manter Bolsonaro no poder e convocar novas eleições. Um documento manuscrito, apreendido na sede do Partido Liberal (PL), indicava que Lula não deveria assumir a presidência, configurando uma clara referência ao plano golpista.
Evidências reunidas pela Polícia Federal incluem mensagens apagadas em 2022 e posteriormente recuperadas, além de documentos e minutas que descrevem cronogramas de ações planejadas. A investigação também destaca uma minuta de decreto recebida por Bolsonaro, que previa uma ruptura institucional através da decretação de um Estado de Defesa para bloquear a posse do novo governo.
Apesar das supostas articulações, a execução do plano não avançou devido à resistência dos comandantes do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB). Enquanto o chefe da Marinha teria oferecido apoio às intenções golpistas, os demais líderes militares mantiveram-se fiéis ao Estado Democrático de Direito.
O relatório também aborda o desenvolvimento de cartas destinadas a convencer tanto o público quanto as Forças Armadas sobre a necessidade do golpe, utilizando argumentos de fraude eleitoral. Entre os documentos discutidos por militares estavam versões intituladas “Carta ao Povo Brasileiro” e “Carta ao Comandante do Exército”, que alegavam degradação política e instabilidade social.
A investigação conclui que as tentativas golpistas falharam devido à rejeição dos comandantes militares em participar da conspiração. A defesa de Jair Bolsonaro não se manifestou sobre as alegações do relatório, enquanto o almirante Garnier, envolvido nas acusações, declarou-se inocente.
Por fim, a Polícia Federal aponta que as articulações iniciaram em 2019 com o objetivo de perpetuar Bolsonaro no poder mediante uma ruptura democrática. No entanto, a falta de apoio decisivo por parte das Forças Armadas impediu a consumação do golpe.