Oito meses após cirurgia de osseointegração, paciente entra em fase final de reabilitação

Articulação entre Lucy Montoro de Diadema e Hospital Mário Covas já beneficiou outros dois pacientes que tinham mobilidade reduzida

  • Data: 27/09/2024 11:09
  • Alterado: 27/09/2024 11:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: FUABC
Oito meses após cirurgia de osseointegração, paciente entra em fase final de reabilitação

Após osseointegração, paciente entra em fase final de reabilitação no Lucy de Diadema

Crédito:Divulgação

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A intensa rotina de fisioterapia que teve início em fevereiro, um mês após ser submetido ao procedimento de osseointegração no Hospital Estadual Mário Covas (HEMC), em Santo André, tem garantido resultados cada vez mais promissores para o paciente Maicon Rocha de Almeida, de 24 anos, que sofreu amputação da perna esquerda após ser atropelado em 2021. Desde 2022, o paciente segue a rotina de reabilitação e tratamento nas unidades de Saúde gerenciadas pela Fundação do ABC e, agora, a expectativa é de que volte em breve a caminhar sem o apoio de muletas.

Há dois anos acompanhado pela equipe do Centro de Reabilitação Lucy Montoro de Diadema, Maicon faz rigoroso trabalho de fisioterapia após ser submetido à cirurgia de osseointegração, em 10 de janeiro. A técnica permite a integração entre a prótese e o coto remanescente do membro inferior, oferecendo uma solução aos pacientes que enfrentam dificuldades na adaptação das próteses convencionais — como era o caso de Maicon. O paciente não se adaptou ao dispositivo antigo e, por isso, foi selecionado para realizar este inovador procedimento. Instabilidade, desconforto e falta de firmeza eram os principais problemas enfrentados.

Maicon está na terceira e última fase da reabilitação após o implante da nova prótese. Inicialmente, passou por exercícios de ativação muscular dos membros inferiores e superiores, fortalecimento do tronco, mobilidade de quadril e trocas posturais. Depois, iniciou a etapa de treino com cargas parciais, com uso de muletas. Atualmente está na última fase, dedicada às atividades do dia a dia, como os treinos de marcha para aperfeiçoar a estabilidade.

“Ele teve uma evolução muito satisfatória após a cirurgia. Já consegue caminhar utilizando apenas o auxílio de uma muleta, realiza treino com a prótese na bicicleta, circuitos com obstáculos e em terrenos acidentados. Daqui para frente, será só aprimorar as passadas, soltar a outra muleta e vida normal. Está super adaptado”, disse a fisiatra e coordenadora médica do Lucy Montoro de Diadema, Marcella Coppini.

ARTICULAÇÃO

A cirurgia foi realizada graças à exitosa articulação entre o Centro de Reabilitação Lucy Montoro de Diadema e a equipe de Ortopedia do Hospital Estadual Mário Covas, serviços gerenciados pela FUABC em parceria com o Governo do Estado. Agora, a perspectiva é de que o paciente volte a caminhar em breve e, aos poucos, recupere a sua autonomia e melhore a qualidade de vida. Os exames e consultas médicas são realizados no HEMC, bimestralmente, para acompanhar a evolução ortopédica. Já o trabalho de fisioterapia é conduzido pelo Lucy Montoro, onde o paciente também recebe assistência psicológica.

“A sinergia entre o Lucy Montoro de Diadema e o Hospital Mário Covas tem sido fundamental para o sucesso desses procedimentos de ponta. Esta conquista evidencia o valor da cooperação entre duas unidades sob gestão da Fundação do ABC, instituição que prioriza a excelência no atendimento à saúde. O comprometimento das nossas equipes multidisciplinares e o foco intenso na recuperação dos pacientes têm proporcionado resultados notáveis, a exemplo do Maicon. É com imensa satisfação que participamos ativamente dessa jornada de transformação na vida dos nossos pacientes”, disse a diretora-geral da unidade, Marina Macedo Daminato.

Em janeiro, o procedimento de osseointegração foi feito de forma inédita na Região Metropolitana de São Paulo, sob supervisão do precursor da técnica no Brasil e chefe do Serviço de Ortopedia Oncológica do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), Dr. Antonio Marcelo Gonçalves de Souza. O cirurgião operou Maicon junto à equipe de Ortopedia do HEMC e, na mesma ocasião, ministrou treinamento aos ortopedistas e enfermeiros do bloco cirúrgico da unidade. Desde então, o hospital já realizou o implante intraósseo em outros dois pacientes que fazem tratamento no Lucy de Diadema. Ambos estão em fase de reabilitação.

A RECUPERAÇÃO

Maicon trabalhava como estoquista e está afastado do trabalho desde o acidente. Hoje, dedica-se aos estudos na área de Tecnologia da Informação enquanto recupera e aprimora sua mobilidade nas atividades de fisioterapia. “Atualmente a rotina está bem mais tranquila. Fui cortar o cabelo esses dias, sozinho, com apoio da muleta. Agora, já começo a dar alguns passos sem o apoio. Consigo sentir melhor a pisada, tenho mais segurança. A prótese antiga escorregava, machucava a virilha. Não tem comparação”, disse o paciente, que começa a amadurecer a ideia de treinar para ser um atleta paralímpico. Natação, arremesso de peso e arco e flecha estão entre as modalidades preferidas. “Já visitei o Centro de Treinamento Paralímpico e gostei muito. Senti as portas se abrirem para novas possibilidades. Vou atrás de conseguir o transporte gratuito e a ideia é dar continuidade. Sempre pratiquei e gostei muito de esportes. Quem sabe?”, pondera.

A gratidão pelo tratamento recebido nas unidades da FUABC é visível no dia a dia das atividades e no trato com as equipes. O vínculo criado com os profissionais é tão grande que o paciente chega a “lamentar” a ideia de, enfim, ter alta da fisioterapia. “Vai ser bom e ruim ao mesmo tempo. Aqui é perfeito”.

O PROCEDIMENTO

A técnica de implante intraósseo é relativamente nova e tem sido usada com mais frequência na Austrália. Mesmo para países como os Estados Unidos, representa uma abordagem inovadora na medicina ortopédica. Após longo período de testes, o procedimento foi aprovado para realização no Brasil em 2021, após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para ser apto ao procedimento o paciente precisa atender a alguns critérios, como não ter problemas vasculares, não ser fumante, não ter histórico de infecções recentes ou radioterapias, além de não possuir peso corporal superior a 110kg.

Além do benefício direto ao paciente, o procedimento no Hospital Mário Covas é objeto de estudo acadêmico, com a equipe de Ortopedia do HEMC e a disciplina de Ortopedia e Traumatologia do Centro Universitário FMABC colaborando para a produção de um artigo científico. Publicações internacionais já destacam a melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes submetidos a este tratamento.

As cirurgias de osseointegração, sem custos para o hospital graças à doação da endoprótese, não apenas elevam o patamar de tratamentos realizados no HEMC, mas também estabelecem um marco na medicina ortopédica da região, reforçando o compromisso da Fundação do ABC com a inovação médica e a excelência no cuidado aos pacientes.

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  • Data: 27/09/2024 11:09
  • Alterado:27/09/2024 11:09
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