O que é História?

Muitos acreditam que História é pura decoreba e, que por isso acaba sendo chata. Por isso vou lhe mostrar o quanto pode ser interessante se sairmos do método tradicional das salas de aula

  • Data: 21/08/2018 14:08
  • Alterado: 21/08/2018 14:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Jorge Andrade
O que é História?

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Eai, você sabe o que é História?
Bom, para começarmos, é importante se questionar sobre uma coisa: História é apenas aquele monte de decoreba que nos ensinam na escola?

Eu te respondo:

Não! História não é apenas decorar informações sobre pessoas consideradas importantes, ou ainda, guerras e revoluções que aconteceram em alguma parte do globo. Por exemplo, você sabia que existe uma História do Banho?

Sim, existe! Mas por que haveria de existir uma chamada História do banho? Por que isso é interessante? O que faz alguém estudar sobre isso? Bom, se você se fez estes questionamentos, então já está pensando historiograficamente (ou seja, pensando como um historiador, que pesquisa, estuda e escreve sobre História), sabe por quê?

Acontece que a História hoje não é produzida como foi há muito tempo, de modo a apenas descrever grandes eventos, exaltar pessoas consideradas importantes (cumprindo assim um papel político e parcial) ou dizer o que temos que fazer para alcançar um fim determinado. Hoje, a História atua de uma maneira muito mais elaborada, ou seja, crítica. Ao pegar um livro de algum Historiador, você perceberá que este estuda muitas vezes um tema aparentemente inexpressivo, como a História do banho, por exemplo. Contudo, ao ler o trabalho do historiador, ficará muito claro a você que o banho, enquanto uma medida higiênica, evita a contração de diversas doenças derivadas de bactérias, diminuindo assim os índices de mortalidade da população estudada, bem como pode contribuir para a falta de água em uma região, dificultando o abastecimento daquelas sociedades. Ou seja, o banho nada mais é, neste caso, do que o ponto de partida do historiador, pois a partir dele você pode chegar a inúmeras conclusões, desde a mais simples: de que determinado povo toma X banhos por dia, até as mais complexas: de que forma o costume do banho influi no índice de mortalidade daquela sociedade e por quê houve uma guerra por água entre aqueles povos?

Percebe? A História hoje deriva de coisas banais/cotidianas, isso porque, sua finalidade não é mais exaltar o sucesso de uma nação, para desta forma convencer um povo a ter orgulho de seu governante e continuar a servi-lo, de modo a não se rebelar contra ele, mas sim buscar entender o motivo pelo qual as coisas aconteceram ou acontecem na sociedade atual. Desta forma, tudo o que se relaciona com o homem é passível de se historicizar, desde a sua relação com a natureza, de modo a conceber as primeiras civilizações, até a relação dos homens entre os homens, bem como dos objetos que o rodeiam. Posto isto, podemos concluir que a História tem a função de nos fornecer possíveis interpretações sobre a realidade, do quê, quando, onde, como, por quê, para quê… determinada coisa aconteceu ou acontece. E é neste sentido que se você se questionou a respeito da História do banho que mencionamos acima, você já está pensando historiograficamente, pois é a partir destes questionamentos que um historiador desenvolve o seu trabalho.

Contudo, não devemos pensar que as coisas sempre foram assim, como as concebemos hoje. Na História e, nesta coluna que vos apresento, nós iremos ver que durante os vários séculos, tanto os costumes, como crenças dos homens sempre variaram, ou seja, tudo o que você conhece hoje e acredita, pode não ter sido o que uma pessoa do século XV conhecia ou acreditava. Por exemplo, o veneziano Marco Polo, quando supostamente viaja para a China, no século XIII e volta com o seu famoso livro “As viagens de Marco Polo”, onde retrata toda a sua experiência vivendo com o Grande Khan dos mongóis (semelhante ao que para a nossa cultura seria um imperador), traz em seus relatos descrições dos costumes, modo de vida, dentre outras tradições e culturas mongóis. Contudo, nem tudo descrito por Marco Polo foi levado a sério pelos homens de seu tempo. Para demonstrar o que digo, pegarei apenas dois pontos de sua obra e, você deve analisar o que acha que é verdadeiro e o que acredita ser falso:

  • Marco Polo descreveu, ao relatar o grande poder do Khan em seu livro, que este vivia rodeado por seus sacerdotes e, que o Khan era tão forte e temido que conseguia inclusive fazer chover caso fosse de sua vontade.
  • Também disse que os mongóis eram tão desenvolvidos, que haviam encontrado um material inflamável que ao ser despejado na madeira, bastava uma faísca para que houvesse fogo.

Então, o que para você, homem do século XXI, parece mais provável? Que um rei consiga fazer chover, ou que exista um material inflamável capaz de acender o fogo com uma faísca?

Pois bem, como havíamos dito antes, os costumes e crenças dos homens sofreram e sofrem constantes mutações ao longo do tempo, desta forma, não é de se pasmar que no século XIII quando Marco Polo edita seu livro, a ideia de que o Grande Khan conseguia fazer chover foi muito mais aceita no Ocidente, do que a existência de um material que acendia a fogueira com apenas uma faísca. Portanto, cabe ao historiador, pesquisar, estudar e entender estas diferentes concepções de mundo, sendo algumas já ultrapassadas, mas muitas ainda vigentes em nosso tempo, nunca deixando de recordar que mesmo o que não é mais praticado hoje, teve a sua importância, não só em outras épocas, como também na formulação de tudo o que temos hoje. Sendo assim, a contextualização passa a ser um dos fatores mais importantes no fazer historiográfico, por esse motivo, estudos sobre o banho, o riso, a imprensa, dentre outras coisas, também são modos de produzir História.

Agora você já sabe o que é História e podemos continuar nossa conversa em outras publicações que virão. Espero ter contribuído para que não veja mais a História como um monótono e sem graça suceder de fatos. Pois eu garanto, que não é monótona e abarca uma infinidade de abordagens, desde as nossas vivencias do cotidiano, até as mais trágicas guerras e revoluções. Uma vez por semana eu estarei aqui para conversar sobre os mais variados temas dessa intrigante humanidade, aguardo você!
Grande abraço,

Jorge Andrade.

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  • Data: 21/08/2018 02:08
  • Alterado:21/08/2018 14:08
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