O fascínio das fugas da prisão

A premiada minissérie “Escape at Dannemora” traz de volta um dos assuntos favoritos de Hollywood.

  • Data: 21/01/2019 11:01
  • Alterado: 21/01/2019 11:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Lilian Trigo
O fascínio das fugas da prisão

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Há muito tempo as fugas da prisão povoam o imaginário das plateias de todo o mundo. As escapadas de homens encarcerados renderam filmes e séries nas mãos de diretores como Spielberg, Don Sieger, Franklin J. Schaffner e Frank Darabont.

Tendo isso em mente, Ben Stiller, famoso por seus papéis cômicos, escolheu um caso real para fazer sua estreia como diretor na minissérie “Escape at Dannemora”. A história é fascinante: dois condenados por homicídio executam um plano de fuga elaboradíssimo com a ajuda de uma funcionária da prisão com quem ambos têm um caso. O elenco reúne os excelentes Benicio Del Toro como Richard Matt, a mente criminosa por trás da fuga, Paul Dano como David Sweat, o cúmplice que faz todo o trabalho pesado, e Patrícia Arquette como Joyce “Tilly”Mitchell, a facilitadora de toda a ação. Durante os sete episódios, o expectador acompanha o desenvolvimento do relacionamento dos personagens, a elaboração e execução do plano e a conclusão de tirar o fôlego, que mostra que a realidade pode ser muito mais estranha que a ficção.

No entanto, quem tirou melhor proveito das escapadas da cadeia foi o cinema. Em 1958, “Acorrentados” contava a história de dois prisioneiros, um negro e um branco, que fogem da prisão acorrentados um no outro. Considerado um clássico, venceu dois Oscar, sedimentou a carreira de Tony Curtis e fez história, quando Sidney Pointier tornou-se o primeiro ator afro-americano a ser indicado ao prêmio da Academia.

Há 55 anos, “Fugindo do Inferno” reuniu um elenco de estrelas com Steve McQueen, Richard Attenborough, Donald Pleasence, James Garner e Charles Bronson, para contar a história verídica da fuga dos aliados de um campo de prisioneiros alemão, considerado impenetrável. As cenas de Hilts, personagem de McQueen, dão o tom cômico ao filme e sua fuga é, até hoje, vista como um dos momentos antológicos do cinema. 

O ator, inclusive, voltou a protagonizar outro drama sobre a temática, o cultuado “Papillon”, de 1973. O filme, baseado no livro de Henri Charrière, o verdadeiro Papillon, conta seu período de encarceramento na Ilha do Diabo, colônia penal criada por Napoleão III, na Guiana Francesa, para criminosos franceses de alta periculosidade. Apesar da vida fascinante de Charrière, o grande trunfo do filme é a relação de amizade entre o personagem de McQueen e o de Dustin Hoffman, dois sujeitos extremamente diferentes que se ajudam e se completam para enfrentar a dura vida no cárcere. Em 2018, foi lançada no Brasil a refilmagem com Charlie Hunnam (de “Sons of Anarchy”) e Rami Malek (ator que interpreta Freddie Mercury em “Bohemian Rhapsody”), nos papeis principais, mas o filme não chega aos pés do original.

Outro que também se mandou duas vezes da cadeia foi George Clooney. Na comédia “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?”, dos irmãos Coen, ele interpreta Everett, que foge junto com dois amigos para procurar um tesouro escondido. Em “Irresistível Paixão”, ele sequestra uma agente federal em sua fuga e, como o nome do filme já adianta, os dois se apaixonam perdidamente.

Em 1974, o ainda desconhecido Steven Spielberg lançava “A Louca Escapada”, seu segundo longa-metragem. O filme, que mistura fuga e perseguição policial, traz Goldie Hawn, em uma de suas melhores atuações, como a mulher que convence o marido a fugir da prisão para juntos sequestrarem o filho que está para ser adotado.

Sem dúvida, um dos filmes mais consagrados de Clint Eastwood é “Alcatraz: Fuga Impossível”, que conta a história verídica de três detentos que conseguem fugir da prisão na ilha de Alcatraz, considerada uma das mais seguras já construídas. Apesar dos prisioneiros nunca terem encontrados ou recapturados, o sucesso da aventura fez com que o complexo penitenciário fosse desativado. Em 2013, a série de ficção “Alcatraz” volta a visitar o famoso cenário para contar a história do misterioso desaparecimento de mais de 300 presos e funcionários da prisão. Apesar do tema interessante, desde a estreia a série lutou com a baixa audiência e foi cancelada após 13 episódios.

Em 2005, estreou na FOX a série sobre o homem que vai para a prisão para salvar o irmão condenado erroneamente pela morte do vice-presidente americano. “Prison Break” virou uma mania mundial e semana após semana, durante seis temporadas, o público prendia a respiração e ficava com os olhos grudados na TV para acompanhar o plano de fuga dos irmãos Michael e Lincoln. Apesar das soluções mirabolantes, a série sempre manteve as altas doses de tensão e as duas primeiras temporadas são consideradas perfeitas para os fãs do gênero.

Até as meninas de “Orange is the New Black” deram uma escapada do xilindró. No final da segunda temporada, Rosa, prisioneira com câncer terminal, consegue escapar com a ajuda de Morello. Na temporada seguinte, graças a um buraco na cerca, várias presas dão uma escapada para se banhar no lago próximo ao presídio.

Mas para os amantes de cinema, “Um Sonho de Liberdade” é o melhor filme já feito sobre o assunto. Baseado no conto de Stephen King, “Primavera eterna – Rita Hayworth e a redenção de Shawshank”, publicado na coletânea Quatro Estações, conta a história de Andy Dufresne, condenado à prisão perpétua pelo assassinato da mulher. Através dos olhos de Red, outro condenado que se torna o grande amigo de Dufresne, o expectador vai conhecendo os detalhes da história até o final surpreendente. Um belo filme sobre a capacidade humana de buscar a liberdade a qualquer custo.

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