Nunes e Boulos priorizam zona sul e ignoram distritos onde Marçal ganhou
Os candidatos alteraram agendas e cancelaram uma série de atividades para visitar áreas sem luz ou atingidas por quedas de árvores
- Data: 25/10/2024 15:10
- Alterado: 25/10/2024 15:10
- Autor: Redação
- Fonte: MARCOS HERMANSON E IRAPUAN CAMPOS - Folhapress
Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL)
Crédito:Edson Lopes JR./Prefeitura SP e Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Adversários no segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) usaram suas agendas de rua para disputar eleitores da zona sul.
Candidato à reeleição, Nunes reduziu atividades ao ar livre e correu uma maratona de cultos religiosos uma em cada quatro agendas. Como vinha fazendo desde que caiu nas pesquisas, em agosto, ele grudou no governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Quando foi à rua, o prefeito concentrou sua agenda em distritos da região sul que lhe deram vitória no primeiro turno, como Grajaú e Socorro. O candidato à reeleição também visitou Perus e Jaraguá, onde seu adversário, Guilherme Boulos, teve vitória apertada.
O candidato do PSOL manteve a estratégia do primeiro turno e concentrou sua ação em caminhadas, carreatas e debates na rua com indecisos uma inovação da reta final, assim como a ideia de dormir na casa de eleitores.
Boulos se concentrou na zona sul e focou as regiões em que foi derrotado, como Santo Amaro, Pedreira, Cidade Ademar, Parelheiros e Grajaú. Para tentar ampliar votos, voltou ao extremo da leste, região onde venceu no primeiro turno.
O cinturão de distritos da zona leste que deu vitória a Marçal no dia 6 de outubro Mooca, Penha, Tatuapé e Vila Formosa, entre outros foi ignorado pelos dois candidatos.
A situação é mais confortável para Nunes, que herda 74% dos votos do ex-coach, segundo o Datafolha. Com 11% de preferência desses eleitores, Boulos emulou um pouco do estilo do empresário, com terno, microfone de lapela e boné.
Além disso, ele participou de uma sabatina conduzida por Marçal nesta sexta-feira. Mais de 400 mil pessoas assistiram simultaneamente a transmissão no Youtube. O atual prefeito foi convidado e declinou.
A campanha no segundo turno foi impactada pela chuva na cidade de São Paulo. Os candidatos alteraram agendas e cancelaram uma série de atividades para visitar áreas sem luz ou atingidas por quedas de árvores.
O tema dominou o debate eleitoral por alguns dias o deputado acusou responsabilidade da Prefeitura, e o prefeito apontou o dedo para o governo Lula.
No placar final, Boulos e Nunes fizeram número parecido de atividades na rua. Foram 133 agendas do prefeito contra 127 do deputado federal, contando primeiro e segundo turnos. A zona sul foi a região mais visitada pelos dois candidatos, com 78 agendas no total.
A Folha se baseou nos comunicados diários das candidaturas à imprensa para contar e localizar geograficamente os compromissos de rua dos candidatos à Prefeitura de São Paulo. Foram consideradas caminhadas, carreatas, cultos, encontros com lideranças e com empresários realizados entre 16 de agosto e 24 de outubro.
Agendas diferentes no mesmo dia, mas com localizações muito próximas um encontro com lideranças seguido de caminhada, por exemplo foram contabilizadas como uma só atividade. A contagem também desconsiderou sabatinas e entrevistas.
NUNES GRUDOU EM TARCÍSIO, E BOULOS DEU AZAR COM LULA
Como aconteceu no primeiro turno, Ricardo Nunes (MDB) grudou no governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nas semanas finais da campanha. Foram quatro agendas com o padrinho no segundo turno, e 21 no total, entre cultos religiosos, encontros com empresários e caminhadas de rua.
Foi na última semana de campanha que o emedebista teve o seu primeiro evento oficial com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoiou timidamente a candidatura que tem um nome do PL, seu partido, como vice. Nunes esteve com o ex-presidente em um um almoço numa churrascaria do Morumbi.
Já Guilherme Boulos deu azar com o presidente Lula (PT), que é o principal fiador da sua campanha. Duas caminhadas agendadas para o sábado (19) foram desmarcadas em função da chuva que atingiu a cidade.
Logo no dia seguinte, Lula caiu e bateu a cabeça, o que impossibilitará sua vinda a São Paulo para o fim de semana da eleição.
Para substitui-lo, entrou em campo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que havia apoiado a correligionária Tábata Amaral no primeiro turno. O ex-tucano participou de um ato com Boulos e dividiu com ele um sanduíche na lanchonete Estadão, no centro da cidade.