Nome próprio

Detentor de dez medalhas em Paralimpíadas, Andre Brasil sonha ver “País do Futebol” virar “País Olímpico”

  • Data: 30/03/2015 09:03
  • Alterado: 30/03/2015 09:03
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Jogos Cariocas
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Andre Brasil conquistou para o país que lhe empresta o sobrenome nada menos que 43 medalhas em Paralimpíadas, Parapan-Americanos e Mundiais. Mas, antes de iniciar essa rotina de subida em pódios, o começo da vida do nadador carioca não foi fácil. Aos seis meses de idade, foi diagnosticado com poliomielite. Como sequela, traz até hoje uma deficiência na perna esquerda. Até os oito anos foram sete cirurgias, várias terapias experimentais e fisioterapia quase todos os dias. A natação surgiu como uma forma de reabilitação – competiu na natação convencional dos 10 aos 20 anos. “Sempre nadei com atletas sem deficiência e obtive bons resultados. Mas foi só em 2004, ao assistir pela TV os Jogos Paralímpicos de Atenas, descobri o sonho de participar do maior evento esportivo do planeta”, relembra. Nos jogos gregos, conheceu Clodoaldo Silva, nadador que conquistou naquele evento seis medalhas de ouro e uma de bronze. E também o canadense Benoit Huot, que tem deficiência similar à dele e se tornaria um futuro adversário. “E um grande amigo”, acrescenta o atleta do Esporte Clube Pinheiros.

Em 2005, Andre começou a competir com nadadores com limitações físico-motoras. Na primeira competição, quebrou o recorde mundial dos 50 m livre. Na segunda, superou o recorde mundial nos 100 m borboleta. No mesmo ano, foi impedido de disputar competições do esporte adaptado. “Me consideraram sem deficiência o suficiente para me enquadrar. Tive de provar que era ali o meu lugar!”, ressalta. Sete meses depois, foi autorizado a competir novamente. E não parou mais. Das duas Paralimpíadas de que participou – Pequim e Londres –, tem ótimas lembranças. “Tenho dez medalhas paralímpicas, sendo sete de ouro e três de prata!”, comemora. Participou também de três Mundiais e dois Parapan-Americanos, que lhe renderam mais 24 medalhas de ouro, seis de prata e três de bronze. Para 2015, os objetivos são o Mundial de Natação, em Glasgow, na Escócia, e os Parapan-Americanos em Toronto, no Canadá. Mas o foco são os Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016. “Quero ver um esporte diferente pós-Jogos, onde o Brasil realmente seja considerado o ‘País Olímpico’ e não apenas o ‘País do Futebol’”, torce.

Jogos Cariocas – Como a natação influiu no seu jeito de ser?
Andre Brasil – Devo minha condição de vida à natação. Foi com ela que pude fortalecer músculos os quais os médicos diziam não funcionar. É um esporte que requer muita disciplina, repetindo incansavelmente movimentos iguais! Tenta-se chegar à improvável “perfeição”, mas sempre há algo a melhorar. Atualmente, são dois treinos que duram uma média de 2 horas cada um, mais 1:30 h de musculação. Em média umas 5 a 6 horas de trabalho diário! Mas os amigos que fiz em mais de 20 anos nas piscinas são as coisas mais importantes que conquistei.

Jogos Cariocas – Qual prova é a sua especialidade?
|Andre Brasil – Gosto de nadar provas do nado livre e borboleta, mais sei que os 100 m livre são as “meninas” dos meu olhos! Uma prova aparentemente rápida, mas que requer muita estratégia!

Jogos Cariocas – Quais foram seus momentos mais emocionantes, dentro do esporte?
Andre Brasil – Minha primeira medalha na Paralímpiada de 2008, em Pequim. Não apenas por conquistar o ouro, mas poder ter a presença da minha mãe e minha tia Salete na arquibancada, representando minha família. Depois, em Londres, pude reunir as duas mais uma vez e ainda meu pai e meu irmão Filipe, para ganhar mais algumas medalhas e poder compartilhar com eles!

Jogos Cariocas – Como estão suas chances de estar nas Olimpíadas de 2016?

Andre Brasil – Prefiro sempre seguir com os pés no chão. Peço saúde a Deus e corro atrás do resto. Primeiro conquistar a minha vaga, depois entrar numa final. São oito atletas com chances de subir ao pódio! E darei tudo para estar lá. Será uma grande festa! Dentro de casa, ou melhor dizer, no “jardim de casa”, já que sou carioca. Sonho poder realizar o melhor trabalho da minha vida! E ser reconhecido por isto!

Jogos Cariocas – O que acha que poderia ser feito para dar melhores condições de desenvolvimento ao esporte brasileiro?
Andre Brasil – Investimentos, sem sombra de dúvidas. Os Jogos são o primeiro passo, mas outros passos deverão vir atrás. É preciso gerar oportunidades a todos. Criar uns pais integrado, mesmo com suas peculiaridades. Onde o direito de ir e vir de todos seja respeitado. Mas, acima de tudo, valorizar o povo alegre que somos!

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Crédito:Acervo CPB/MPIX Entrevista com o nadador Andre Brasil
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  • Data: 30/03/2015 09:03
  • Alterado:30/03/2015 09:03
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  • Fonte: Jogos Cariocas









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