Na linha de tiro
O major Cassio Rippel treina duro para fazer bonito nas Olimpíadas do Rio
- Data: 12/10/2015 09:10
- Alterado: 12/10/2015 09:10
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Jogos Cariocas
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O paranaense Cassio Rippel, de 38 anos, é o que se costuma chamar de “militar de carreira”. Nasceu em Ponta Grossa, cresceu na cidade catarinense de Caçador, cursou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas/SP, e seguiu carreira na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende/RJ, onde formou-se como bacharel em Ciências Militares. Depois, cursou a Escola de Educação Física do Exército, no Rio de Janeiro, onde fez também mestrado em Ciências Militares. Atualmente, o bicampeão brasileiro na modalidade carabina deitado 50 metros mora em Campinas e treina na Associação Campineira de Tiro Esportivo (ACTE), que funciona na 11ª Brigada de Infantaria Leve, onde Cassio é major. Em julho desse ano, a medalha de ouro conquistada nos Jogos Pan-Americanos de Toronto garantiu sua vaga para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. “Ganhar o ouro, subir ao pódio no lugar mais alto e ouvir o Hino Nacional é um sentimento maravilhoso”, comemora.
Jogos Cariocas – Como se aproximou do tiro esportivo?
Cassio Rippel – Minha carreira esportiva está diretamente ligada à entrada no Exército. Em 1995, entrei na equipe de tiro da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx) e depois nas equipes da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Já como cadete, fui campeão da Navamaer e do Sulamericano de Cadetes, no Peru, em 1999. Desde 2000 integro a equipe da Comissão de Desportos do Exército (CDE) e da Comissão Desportiva Militar do Brasil (CDMB). Paralelamente às modalidades militares – praticadas a 300 metros e com um fuzil de calibre 6 mm –, iniciei o treino das modalidades olímpicas, em 2003, começando a competir nas provas de carabina deitado e 3X40, a 50 metros, e carabina de ar em alvos a 10 metros. Contudo, só em 2011 consegui montar e cumprir um plano de treinamento de alto rendimento, que levou aos resultados que temos hoje.
Jogos Cariocas – O tiro esportivo enfrenta preconceito, por causa das armas?
Cassio Rippel – O preconceito é um conceito errôneo de que as armas são ruins. Ruins são as pessoas que as portam sem autorização e cometem crimes. No caso do tiro esportivo, temos regras de segurança muito rígidas, de tal maneira que estejamos 100% seguros o tempo todo. E espero que, divulgando o tiro esportivo, possamos angariar mais participantes e ter mais chances de melhorar nossos resultados a nível mundial.
Jogos Cariocas – Como é seu ritmo de treinamentos?
Cassio Rippel – Treino de 5 a 6 horas por dia. Tenho um plano de treino que prevê não só o treino real (com munição) mas também o treino com o simulador, o treino em seco (somente permanecer na posição de tiro), com aplicações específicas da parte técnica e tática. Ainda faço complemento físico, basicamente com exercícios aeróbios e neuromusculares específicos. E também o treinamento de biofeedback e sessões de ioga, acupuntura e reposicionamento de cadeias musculares.
Jogos Cariocas – Como estão suas chances para as Olimpíadas de 2016?
Cassio Rippel – Queremos chegar em 2016 com a certeza de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para obter o melhor resultado. O tiro esportivo é um esporte em que temos que lutar contra nós mesmos. Não temos um adversário para derrotar para nos consagrarmos campeões. A certeza de que se está fazendo o trabalho de maneira correta, com uma técnica impecável, é o que possibilita atingir as melhores performances.
Jogos Cariocas – No tiro esportivo, competir em casa pode representar uma vantagem?
Cassio Rippel – Acho que depende muito do enfoque de cada um. Se você achar que vai ajudar, pode ajudar muito. Já tive a presença de minha família comigo em grandes competições e me ajudou bastante, os resultados foram excelentes. A técnica tem que ser soberana, a execução tem que ser correta sempre, no treino, no aquecimento, no Campeonato Nacional, na Copa do Mundo ou nas Olimpíadas. E creio que de abril até agosto de 2016 possamos fazer muitos treinamentos no CNTE (Centro Nacional de Tiro Esportivo). Assim, teremos vantagem sobre os demais competidores.
Jogos Cariocas – Quais deverão ser seus maiores adversários nas Olimpíadas do Rio?
Cassio Rippel – No Rio, teremos os dois americanos, Matthew Emmons e Michael McPhail, que é o atual número 1 do mundo, o russo Sergey Kamenskey, atual recordista mundial, e o atual campeão mundial, o australiano Warren Potent, entre muitos outros.