Mudança brusca no tempo exige hidratação e vacinação em dia

Uma grande amplitude térmica que pode se tornar cada vez mais comum devido às mudanças climáticas, mas que significam um aumento real dos riscos para a saúde.

  • Data: 27/09/2023 15:09
  • Alterado: 27/09/2023 15:09
  • Autor: DANIELLE CASTRO
  • Fonte: FOLHAPRESS
Mudança brusca no tempo exige hidratação e vacinação em dia

Crédito:Reprodução

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Depois de uma intensa onda de calor, com picos de até 45°C e sensações térmicas ainda mais altas pelo país, a meteorologia prevê a chegada nesta semana de uma frente fria igualmente impactante, com termômetros despencando para mínimas de 15°C. Uma grande amplitude térmica que pode se tornar cada vez mais comum devido às mudanças climáticas, mas que significam um aumento real dos riscos para a saúde.

De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, o problema se agrava entre aqueles que não têm acesso a água potável no dia a dia e também para os que estão com capacidade reduzida de hidratação por causa da idade ou de doenças preexistentes.

A médica geriatra Carla Núbia Borges, diretora científica da Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer) nacional e presidente da Associação Brasileira de Neuropsiquiatria Geriátrica (ABNPG), reforça que tanto o aquecimento quanto as baixas temperaturas exigem precauções básicas. Entre elas, estar com a vacinação em dia (contra gripe, Covid, pneumocócica), ter uma boa hidratação, estar em um ambiente limpo e arejado e com medicações contínuas em dia.

No caso de idosos, Borges, que também é diretora do serviço Geriatria no Lar e professora da Universidade Católica de Pernambuco, diz que o envelhecimento traz alterações que precisam ser consideradas nestas condições de clima tão instável. “Nós, geriatras, sempre nos preocupamos com essas mudanças de temperatura porque os idosos têm peculiaridades e essas alterações podem causar prejuízos e complicações para a saúde deles”, diz a médica.

Ela destaca, por exemplo, que o avanço da idade representa uma quantidade de água corporal reduzida e menor sensibilidade à necessidade de hidratação. “Para as altas temperaturas, pela própria alteração do centro regulador da sede, os idosos correm o risco de ficar mais desidratados e essa desidratação pode se apresentar, muitas vezes, como confusão mental, sonolência, delírio e até problemas mais sérios, como hipotensão e insuficiência renal”, afirma.

O calor intenso pode piorar ainda várias situações clínicas, como diabetes, hipertensão, problemas hepáticos e lesões de pele, que podem coçar mais e infeccionar.

No caso de temperaturas muito frias, Borges diz que o aquecimento adequado e a limpeza do ambiente são essenciais para a preservação das vias respiratórias, especialmente as mais envelhecidas, que em si acabam sendo mesmo menos eficazes em suas funções. “Além disso, existe mais risco cardiovascular e de distúrbios do sono [com a amplitude térmica], os ambientes podem tornar-se mais hostis, pois as pessoas ficam mais confinadas, aglomeradas, e isso gera risco de adoecimento”, aponta a médica.

A recomendação para quem tem idosos em casa é cuidar da alimentação e da ingestão de líquidos e, ao primeiro sinal de confusão mental, procurar o serviço médico, evitando que a desidratação leve a tontura e riscos de queda.

Em comunicado da rede MaterDei, o clínico geral Andres De La Flor Lenti reforça que “pessoas com dificuldades de acesso à água são mais vulneráveis” a condições médicas durante essas grandes amplitudes térmicas.

Idosos, crianças e pessoas acamadas com enfermidades que afetam a sensação de sede são os grupos populacionais mais vulneráveis, uma vez que o organismo humano está preparado para atuar em uma faixa de temperatura entre 35,5°C e 37°C e fica exposto em extremos térmicos.

No aumento de temperatura, o organismo reduz o superaquecimento corporal produzindo suor, mas, para isso acontecer, a hidratação precisa estar em dia. “O suor produzido na pele pelas glândulas sudoríparas também é rico em sódio (por isso o gosto salgado do suor). A perda excessiva desse eletrólito pode levar a sérios problemas médicos”, alerta.

A perda excessiva de líquidos pela produção de suor pode gerar queda de pressão, perda da função renal, quedas por tonturas e aumento do cansaço. A baixa de sódio, por sua vez, pode causar alterações neurológicas e até levar ao coma profundo ou convulsões (crises epilépticas).

“O calor também aumenta a reprodução de microrganismos (especialmente bactérias) no ambiente. Isso leva à degradação de alimentos de forma mais acelerada e aumenta, por exemplo, os riscos de intoxicações alimentares ou a exacerbação de micoses de pele”, diz o médico.

A exposição direta à radiação solar em períodos de calor intenso, além de queimaduras graves na pele, pode também acarretar sobrecarga do organismo, levando a internações. “Uma pessoa desidratada, já tendo superada a capacidade de dissipar calor, pode ter aumento da temperatura corporal. Isso pode levar a danos em órgãos nobres como fígado e rins e chegar a ser fatal”, afirma Lenti.

O médico recomenda estar atento à hidratação e observar a cor da urina para identificar a falta da água no corpo. “A urina não deve estar amarelada e deve ser vertida em quantidades razoáveis, em torno de 1.500mL/dia para um adulto de 60Kg”, pondera.

Usuários de medicações diuréticas, como furosemida, hidroclorotiazida ou espironolactona, entre outros, devem consultar seus médicos sobre ajustar as doses desses medicamentos em tempos de calor elevado, ou aumentar adicionalmente a ingestão de líquidos.

Outra dica é optar por roupas leves, que protejam da radiação solar, mas permitam a evaporação do suor. Deve-se evitar ainda usar roupas molhadas, pois podem contribuir para proliferação de fungos nas áreas de dobras de pele, como virilha, axilas e pés.

Todos devem evitar exposições ao sol sem proteção nos horários de maior irradiação e cuidar para que a umidade do ar, em qualquer extremo, esteja equilibrada no ambiente, para não dificultar a sudorese, nem ressecar as vias respiratórias.

Quem usufrui de ambientes refrigerados, apesar das temperaturas mais amenas, deve estar ciente de que isso implica em um ar mais seco e em perdas significativas de água pela respiração, o que exige um consumo de água elevado. Os especialistas destacam que, nestas condições climáticas extremas, é urgente oferecer água com frequência às crianças, idosos e demais pessoas com qualquer dificuldade de acesso a ela.

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  • Data: 27/09/2023 03:09
  • Alterado:27/09/2023 15:09
  • Autor: DANIELLE CASTRO
  • Fonte: FOLHAPRESS









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