Mostra Festas, Sambas e Outros Carnavais celebra o início das atividades do Sesc Casa Verde

Exposição ocupa mais de 1.000 m² da área de Convivência da Unidade e promove diálogo entre as diversas manifestações de arte popular de 10 estados brasileiros, e as do bairro da Casa Verde

  • Data: 24/10/2023 08:10
  • Alterado: 24/10/2023 08:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Sesc São Paulo
Mostra Festas, Sambas e Outros Carnavais celebra o início das atividades do Sesc Casa Verde

Maracatu Rural, 2004, município de Nazaré da Mata (PE)

Crédito:Walter Firmo

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No próximo dia 27 de outubro, o Sesc Casa Verde inicia suas atividades com a abertura da mostra Festas, sambas e outros carnavais, exposição que destaca, por meio das festas brasileiras, a importância das artes e culturas populares como centro dinâmico da memória coletiva e tem como eixo a celebração do bairro da Casa Verde. A região é conhecida pela tradição e concentração de agremiações de escolas de samba e um dos principais destinos para a população preta que, no início do século 20, foi desalojada de bairros mais próximos ao centro da cidade, em função de processo de gentrificação ocorrido no período. O trabalho de pesquisa resultou na seleção de artistas e obras, principalmente dos acervos do Museu do Pontal (RJ), mas também dos colecionadores particulares Edmar Pinto Costa e Analu Cunha e do Centro de Referência do Artesanato Brasileiro (RJ). A exposição fica em cartaz até 18 de fevereiro de 2024 e a entrada é gratuita. 

A antropóloga e escritora Angela Mascelani e o fotógrafo e pesquisador Lucas Van de Beuque, ambos diretores do Museu do Pontal (RJ), idealizaram a mostra a partir do diálogo entre territórios e obras de 73 artistas de 10 estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo), com textos de 25 autores convidados, além de seis filmes, um jogo interativo e série de imagens de cinco fotógrafos de diferentes gerações, com destaque para os cariocas Walter Firmo (1937) e Ratão Diniz (1984). Mascelani e Beuque assinam também a curadoria, juntamente com Tadeu Augusto Matheus, mais conhecido como Tadeu Kaçula, sambista, sociólogo e pesquisador, responsável pelo núcleo Casa Verde da exposição. 

Concebida ao estilo de um desfile de carnaval, Festas, sambas e outros carnavais tem seus diferentes núcleos organizados em blocos, dentro dos quais cada assunto se desenvolve. E tal qual um desfile carnavalesco na avenida, estímulos sonoros, visuais e cenográficos costuram a exposição. Para compor toda a mostra, a curadoria contou com a colaboração de 18 acervos pessoais e institucionais de diversas partes do Brasil, dentre eles estão o Museu do Pontal, a coleção Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro – CRAB, o acervo do artista João Cândido, do fotógrafo Walter Firmo, do Acervo Instituto Moreira Salles, entre outros. 

Logo na entrada, o visitante é recebido com o Abre alas: retratos em grande escala de moradores do bairro, pelas lentes de Roger Cipó (1991), fotógrafo nascido em Diadema, região metropolitana da capital, que tem seu trabalho voltado para as celebrações das comunidades negras. São representantes de agremiações, dirigentes espirituais e sambistas que marcaram a história da comunidade de Casa Verde, como Dona Guga, uma das matriarcas do samba paulistano, Seu Carlão do Peruche e Mãe Wanda, do terreiro de candomblé Ilê Yamin Oxum Moiwa, entre outros. Retratos de moradores ancestrais que deixaram importante legado histórico também integram a mostra. 

A homenagem aos moradores do bairro segue com uma sala dedicada à obra do pintor e escultor João Cândido da Silva (1933), conhecido como Cachimbo e um dos fundadores da escola de samba Unidos do Peruche. Mineiro de nascimento e descendente de família de artistas – a irmã Maria Auxiliadora da Silva viu sua arte ser celebrada pelo mundo em livros e exposições –, João Cândido é outro expoente dos Silva que conquistou reconhecimento internacional. 

Algumas das pinturas em tela e esculturas do artista plástico com trabalho voltado aos festejos populares foram expostas em coletivas na Europa. Sua produção pictórica costuma ser identificada pelo uso de uma paleta de cores vibrantes e aos 90 anos, segue ativo e produzindo no ateliê que mantém na Casa Verde. Residente do tradicional bairro da zona norte paulistana, é um dos personagens homenageados na mostra. 

Uma sequência de oito salas marca o núcleo “As festas pelo Brasil”, cada qual com obras de um artista em destaque, tendo ao lado diversos trabalhos de outros criadores que se debruçaram sobre os mesmos temas. Na sala 1, o artista popular Antônio Bruno Pinto Nogueira, o Nhozinho (MA, 1904-1974), o mesmo que dá nome a museu em São Luís (MA), era mestre na talha de buriti e tem obras relacionadas ao complexo festivo do Bumba-meu-boi; e Nhô Caboclo (PE, 1910-1976), filho de mãe indígena Fulni-ô e pai negro, é o destaque da sala 2, que busca sensibilizar os visitantes para as sonoridades na cultura e na resistência. O artista trabalhou com materiais diversificados, incluindo madeira, folha-de-flandres, tecidos para amarrações e penas, desenvolvendo obras cinéticas nos anos 1960 e 1970. Em suas criações destacam-se barcos e navios de guerreiros. 

A sala 3 homenageia a música na cultura popular e os grandes músicos brasileiros, como Cartola e Dona Zica, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus e Pixinguinha, em fotos do Mestre Walter Firmo. Entre as obras, chamam atenção as formações musicais e as experimentações, na qual sobressaem as criações de Zé do Carmo (PE, 1933-2019), cujas esculturas incluem anjos negros no imaginário religioso cristão. 

Nas salas 4 e 5 a ênfase são as festas de origem religiosas, tais como as Folia de Reis e Reisado, além de procissões e festas de santos, em que sobressaem os festejos de São Jorge, São Benedito, São Gonçalo, Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, celebrações a Iemanjá, ao Divino, a Nossa Senhora Aparecida e a Nossa Senhora do Rosário. Destaca-se o artista baiano Tamba, que junto com o irmão Armando, viveram na década de 1970, na região de Cachoeira, no interior do estado, na qual a presença da religiosidade de matriz africana é relevante. Entre outras, suas criações trazem barcos com oferendas a Iemanjá e outros orixás. 

Nas salas 6 e 7 o público conhecerá os personagens do Cavalo Marinho e as indumentárias usadas pelos grupos de Maracatu, com suas formações e caracterização de seus participantes. A sala 7, apresenta a obra de Sil da Capela, que aborda o forró como celebração da vida diária. A artista começou a vida como cortadora de cana, tendo perdido a infância no trabalho pesado da lavoura. Tornou-se ceramista após o contato com o artista João das Alagoas, criador de uma escola de arte na cidade de Capela, no interior de Alagoas; apresenta ainda um jogo interativo de Danças Brasileiras, na qual o público é convidado a experimentar os ritmos brasileiros: funk, frevo, carimbo, chula e jongo. 

Encerrando a mostra, a sala 8, Carnaval, traz os bate-bolas dos subúrbios cariocas, o carnaval do interior de Minas Gerais, de Antônio de Oliveira, e uma grande instalação do artista fluminense Adalton Lopes que apresenta um desfile de escola de samba, na qual centenas de personagens se movimentam ao som do samba-enredo Aquarela Brasileira, de Silas de Oliveira, e cujo desfile mostra uma mistura de diversas escolas de samba, com suas alas e destaques.

Além da visitação ao espaço expositivo, enquanto Festas, sambas e outros carnavais, estiver em cartaz o público poderá participar de um conjunto de atividades integradas que buscam estreitar as trocas artísticas e aprofundar os debates propostos. Para tanto, a mostra tem na equipe do educativo uma de suas bases para o trabalho de formação do público, de modo a articular os saberes de quem adentra a exposição com as possibilidades de interpretações das obras expostas, numa construção conjunta entre educadores e público, seja em oficinas ou visitas mediadas para grupos espontâneos ou escolares. 

A exposição é composta pelo acervo de instituições como da Agência O Globo, do Instituto Moreira Salles/Walter Firmo, Instituto Samba Autêntico, USP Imagens/Saulo Marino, Conteúdo Globo, Lou Filmes, Museu do Pontal, de Fábio Takeshi Ishio e Flavia Companhoni Medina; das coleções de Analu Cunha, Edmar Pinto Costa, Sabrina Veloso e do Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro – CRAB; e pelos acervos pessoais de Isabel Cristina Jambo, João Cândido da Silva, Odette Carvalho, Ratão Diniz, Ricardo Oliveira de Paula, Sônia Santos da Silva e Valquiria de Louders André. 

Serviço:
Exposição Festas, sambas e outros carnavais
Abertura: 27 de outubro, sexta-feira, 10h
Horários para visitação: terça a sexta-feira, 10h às 19h; sábados, domingos e feriados, 10h às 18h
Entrada gratuita
Em cartaz até 18 de fevereiro de 2024
Endereço: Avenida Casa Verde, 327, São Paulo – SP
Bicicletário: necessário trazer corrente e cadeado e apresentar documento com foto. 

Como chegar

Ônibus: partindo da estação Santana da linha 1-Azul do metrô, há opções de ônibus que desembarcam na Rua Valdemar Martins, 116, que fica a 300 metros da Unidade, como as linhas 177H-10, 177H-21 e 971V-10. O trajeto dura 20 minutos.

Ônibus que desembarcam na Rua Leão XIII, 690, que fica a 400 metros da Unidade, como as linhas 971A-10 e 175P-10. O trajeto dura 20 minutos.

Da estação Palmeiras-Barra Funda da linha2-Vermelha do metrô, parte a linha de ônibus 175P-10, com desembarque na Rua Leão XIII, altura 621, que fica a 500 metros da Unidade. O trajeto dura 40 minutos. 

Metrô: aproximadamente 20 minutos da estação Santana da linha 1-Azul e a 40 minutos da estação Palmeiras-Barra Funda da linha 2-vermelha, utilizando transporte público.

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  • Data: 24/10/2023 08:10
  • Alterado:24/10/2023 08:10
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