Milhares de pacientes podem esperar até 1 ano pelo transplante de córnea deixa
Mais de 24 mil pessoas aguardam por uma chance de recuperar a visão, revela o Sistema Nacional de Transplantes
- Data: 03/09/2023 02:09
- Alterado: 11/09/2023 13:09
- Autor: Be Nogueira
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:Pixabay
O transplante de córnea – uma intervenção médica vital para a recuperação da visão de 90% das pessoas com deficiência visual decorrente de problemas na córnea – está gerando uma dor de cabeça adicional para os pacientes: uma demora média de mais de 13 meses na fila de espera. Essa situação foi evidenciada em dados fornecidos pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), revelando que mais de 24 mil pacientes em todo o Brasil aguardam pela oportunidade de passar pelo procedimento.
A concentração dessas cirurgias na região Sudeste do país é alarmante, representando 46% do total de pacientes na fila. Os números, apesar de impressionantes, não revelam a realidade completa do problema, pois, de acordo com o Dr. Luiz Brito, chefe da especialidade da Córnea do H.Olhos – Hospital de Olhos, o tempo de espera varia significativamente dependendo da região em que o paciente está inscrito. No Estado de São Paulo, por exemplo, a espera pode durar de três meses a até dois anos, criando uma situação de incerteza e angústia para aqueles que almejam recuperar sua visão.
Um ponto a favor, é que qualquer pessoa com idade entre 2 e 80 anos pode se tornar um doador de córnea e fazer a diferença na vida de quem precisa. Após manifestar seu interesse em ser doador, inicia-se um processo de triagem que envolve um questionário aplicado à família do potencial doador, uma análise do histórico médico da família e a coleta de exames de sangue para os procedimentos subsequentes.
Independentemente do serviço de saúde escolhido, seja pelo Sistema Único de Saúde (SUS), convênio médico ou atendimento particular, todos os pacientes estão na mesma fila de espera. No entanto, existe a possibilidade de priorização com base em critérios estabelecidos, incluindo a avaliação da câmara técnica da Secretaria de Saúde do Estado.
O Dr. Luiz Brito ainda destaca que as filas de espera poderiam ser significativamente menores se houvesse uma melhoria na logística envolvendo os transplantes de córnea. Ele enfatiza a necessidade de distribuição mais equitativa entre os Estados, semelhante ao que ocorre com alguns órgãos, em colaboração com o Serviço Nacional de Transplante (SNT).
No entanto, devido às limitações logísticas que recai sobre o SNT, a distribuição de córneas permanece altamente regionalizada e desigual, inclusive no Estado de São Paulo.
Quem tem prioridade
Segundo o especialista existem critérios para identificar quais pacientes devem ter prioridade no recebimento de transplante de córnea:
- Crianças abaixo de 7 anos com Opacidade Corneana Bilateral (perda de transparência na córnea)
- Pessoas com úlcera de córnea intratável
- Descemetocele (condição oftalmológica grave em que a córnea é tão fina que começa a protuberar para fora do olho, formando uma bolsa ou saco. É causada por uma lesão ou úlcera que afeta a camada mais profunda da córnea, conhecida como membrana de Descemet)
- Perfuração corneana
- Falência primária