Mancha de poluição no rio Tietê cresce 29% em um ano, no 3º aumento consecutivo

O crescimento foi de 29% em relação a 2023, quando o rio tinha mancha de poluição de 160 km.

  • Data: 19/09/2024 22:09
  • Alterado: 19/09/2024 22:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: FolhaPress/Jorge Abreu
Mancha de poluição no rio Tietê cresce 29% em um ano, no 3º aumento consecutivo

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O maior rio paulista, o Tietê, volta a registrar uma piora na poluição. Este é o terceiro ano consecutivo de aumento da mancha de impurezas: agora são 207 km de águas consideradas impróprias para uso.

O crescimento foi de 29% em relação a 2023, quando o rio tinha mancha de poluição de 160 km. Em 2022, eram 122 km.

Os dados integram estudo anual do projeto Observando os Rios, da Fundação SOS Mata Atlântica, divulgado nesta quinta-feira (19). No domingo (22), será celebrado o Dia do Rio Tietê.

Os trechos do rio com classificação ruim somam 131 km, e os considerados péssimos são 76 km. A mancha de poluição, de forma geral, é a extensão do rio sem oxigênio dissolvido na água. Nessas condições, ela não pode ser usada por humanos, mas há possibilidade de uso para navegação.

Assim como em anos anteriores, o estudo da ONG não registrou nenhum trecho com água tida como ótima em toda a bacia do rio Tietê nos pontos monitorados. O relatório reúne dados de 39 rios da bacia, a partir do acompanhamento de 61 locais de coleta.

Ao todo na bacia, 62% dos pontos estão com qualidade regular, 26% ruim ou péssima e 11% boa.

Apenas no rio Tietê o projeto monitora 576 km dos 1.100 km do curso d’água, desde a nascente, em Salesópolis (SP), até Barra Bonita (SP), na hidrovia Tietê-Paraná. O Observando os Rios, além dos dados de suas próprias coletas, baseia-se em informações da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

Gustavo Veronesi, coordenador do projeto, destaca que a piora nos índices se dá especialmente nas áreas de cabeceira com ocupação irregular, sem tratamento adequado de esgoto.

“São lugares que têm menos água, com uma população crescente, porque a gente tem processos de ‘periferização’ na região metropolitana [de São Paulo]”, explica.

“Alguns pontos chamam a atenção em relação à qualidade da água do rio Tietê. No município de Mogi das Cruzes, a água estava com a qualidade regular e foi para qualidade ruim. Em Suzano, de ruim foi para péssima, assim como em Itaquaquecetuba. Houve também piora em Guarulhos”, destaca, enumerando casos na Grande São Paulo.

Veronesi observa ainda que, fora da região metropolitana de São Paulo, a situação praticamente não mudou se comparada aos anos anteriores.

O coordenador da iniciativa destaca ainda que a estiagem vivida na região nos últimos meses tende a agravar o quadro de poluição, uma vez que, com níveis menores nos rios, a diluição dos poluentes na água diminui.

Para fazer frente à poluição, a Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo) diz ter realizado um diagnóstico dos 1.136 km do Tietê e lançado o programa Integra, que deve melhorar a governança e as ações em curto, médio e longo prazos.

Segundo a pasta do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), entre as medidas estão a melhora no tratamento de esgoto, a retirada de 1,5 milhão de m3 de sedimentos dos rios Tietê e Pinheiros, o desassoreamento e a educação ambiental.

“A gente está falando de R$ 15,2 bilhões de investimentos até 2026 e R$ 23 bilhões até 2029, para a gente conseguir superar esse desafio, melhorar o rio como um todo, da montante lá desde Salesópolis até chegando no Paraná”, afirma a secretária Natália Resende à Folha.

Como exemplo de recuperação, o estudo da ONG cita o rio Sena, em Paris, que recebeu provas durante os Jogos Olímpicos neste ano. Apesar de não ter chegado ao nível totalmente balneável, o ícone parisiense, declarado como “morto” no século 20, está agora décadas à frente dos rios paulistas.

A melhora do Sena deve-se a um projeto de longo prazo que incluiu rigorosas medidas de saneamento, controle de poluição industrial, apoio a práticas agrícolas sustentáveis e reinserção de espécies aquáticas, aponta o estudo.

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  • Data: 19/09/2024 10:09
  • Alterado:19/09/2024 22:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: FolhaPress/Jorge Abreu









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