Mãe de Ágatha promete recorrer após absolvição do PM acusado da morte da filha
Caso reacende debate sobre violência policial e justiça no Rio de Janeiro.
- Data: 11/11/2024 09:11
- Alterado: 11/11/2024 09:11
- Autor: Redação/IA
- Fonte: O TEMPO
Ágatha foi morta na comunidade da Fazendinha
Crédito:Reprodução/Facebook
A família de Ágatha Félix, representada por sua mãe Vanessa Francisco, anunciou a intenção de apelar contra a decisão do júri popular que absolveu o policial militar Rodrigo José de Matos Soares. O oficial foi acusado de ser o responsável pelo tiro fatal que vitimou a menina de oito anos em 2019. “Continuaremos a buscar justiça enquanto houver possibilidade de recurso”, declarou Vanessa.
O julgamento, iniciado na sexta-feira, 8 de novembro, e concluído nas primeiras horas do sábado seguinte, resultou na absolvição do policial por quatro dos sete jurados. Eles consideraram que Soares não teve intenção de atingir Ágatha, que se encontrava em uma van com sua mãe no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. A ação policial visava supostos suspeitos em uma motocicleta, mas uma bala ricocheteada atingiu fatalmente a criança.
O Ministério Público do Rio de Janeiro havia acusado Soares de homicídio doloso qualificado, argumentando que a ação foi motivada por razões fúteis e executada de modo a impedir a defesa da vítima, em um cenário pacífico e movimentado. Após um julgamento que se estendeu por 12 horas, os jurados reconheceram Soares como o autor dos disparos, mas descartaram a intenção de matar.
Vanessa Francisco participou ativamente do julgamento e expressou sua dor ao reviver os trágicos momentos finais com sua filha. “Foi devastador para minha família. Não era o desfecho que esperávamos”, desabafou. Ela relatou o desespero de seus familiares após o veredito.
Apesar de respeitar o resultado do júri composto por cinco homens e duas mulheres, o Ministério Público já interpôs recurso. Rodrigo Mondego, advogado assistente de acusação e ex-defensor público do Rio, manifestou-se nas redes sociais sobre o veredicto. Ele criticou o fato de o júri ter reconhecido que Soares mentiu sobre o disparo e ainda assim optado pela absolvição, expressando sua indignação com a aceitação passiva da morte de crianças pela sociedade.
A morte de Ágatha gerou diversas versões contraditórias apresentadas inicialmente pela Polícia Militar e pelos próprios agentes envolvidos. A corporação alegou confronto com criminosos no momento dos tiros; contudo, investigações subsequentes desmentiram essa versão, revelando que os ocupantes da moto não estavam armados.
Este caso emblemático continua a suscitar discussões sobre o uso da força policial e a busca por justiça em casos envolvendo vítimas inocentes.