Luto em São Paulo – de cada cinco pacientes que vão para a UTI, um não volta para casa
O Isolamento determinado pelo Governo do Estado de São Paulo já conseguiu evitar muitas mortes e o colapso no sistema de saúde. 20% dos pacientes infectados morrem por causa da doença
- Data: 15/05/2020 10:05
- Alterado: 15/05/2020 10:05
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo / Agência Brasil
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São Paulo tem 4.315 mortos pelo novo coronavírus e um a cada cinco pacientes com internação em UTI vem a óbito. A informação foi divulgada nesta quinta-feira pela Secretaria Estadual da Saúde. A taxa de ocupação de leitos de UTI na Grande São Paulo é de 85,5%. No Estado, esse índice está em 69%. Em todo o Estado, estão internadas em UTI com coronavírus ou com suspeita da doença 3.884 pessoas.
“A taxa de letalidade é de 20% nesses casos. Isso significa que, de cada cinco pacientes que vão para a UTI, um não volta para casa”, afirmou Luiz Carlos Pereira Júnior, diretor técnico do Instituto Emílio Ribas. “Além disso, 40% dos pacientes que vão para a UTI acabam precisando fazer terapia renal”, disse.
A taxa de letalidade da doença no Estado é de 7,9%, de acordo com Paulo Menezes, da Coordenadoria do Controle de Doenças do Estado. “Não foi por falta de leito de UTI que as pessoas morreram. É porque, a cada dia que passa, nós entendemos que o vírus é mais agressivo do que parecia no início da pandemia”, afirmou. Além disso, o Estado, que é o que concentra os maiores números do País, tem 54.286 casos confirmados da doença, 3.189 confirmados em 24 horas.
Segundo o diretor do Emílio Ribas, alguns pacientes de covid-19 estão apresentando insuficiência renal. “De cada dez pacientes, quatro estão evoluindo para insuficiência renal. Desses pacientes que vão receber alta, alguns deles vão precisar continuar fazendo diálise. E alguns terão ainda sequelas pulmonares. Estamos diante de uma doença nova que surpreende a cada dia com novas manifestações clínicas”, disse Pereira Junior. “Não queremos só diminuir o número de casos, mas que a população colabore [com o isolamento] para que a gente não tenha pacientes graves ou com sequelas”, enfatizou.
Infectados
Dados mais recentes mostram que o estado de São Paulo tem 54.286 casos confirmados do novo coronavírus, com 4.315 mortes. Há 3.884 pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) entre infectados e com suspeita de infecção pelo novo coronavírus. Além disso, 6.110 estão internados em enfermarias.
A taxa de ocupação de leitos de UTI em todo o estado está em torno de 69%, enquanto na Grande São Paulo ela é crítica, em torno de 85,5%.
Mais hospitais
No dia 20 de maio, São Paulo deve ganhar um novo hospital de campanha, em Heliópolis. Será o quarto na capital paulista e terá 200 leitos, 24 deles de UTI. Já funcionam em São Paulo hospitais de campanha no Estádio do Pacaembu, no Anhembi e no complexo do Ibirapuera. Em São Bernardo do Campo foi inaugurado nesta quinta-feira o Hospital de Urgência, aumentando em 80 leitos de UTI e 170 leitos de enfermaria os serviços para a região.
Isolamento
A taxa de isolamento em todo o estado paulista tem se mantido em 47%, um índice baixo, considerando expectativas da Secretaria de Saúde, que considera 55% de isolamento das pessoas um percentual mínimo satisfatório para evitar a disseminação do vírus e um colapso no sistema de saúde.
De acordo com Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan e coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o isolamento precisa ser mantido, e com taxas altas, não somente para evitar um colapso na saúde, mas também porque ainda não há uma vacina ou tratamento adequado para a doença.
“Umas das questões é se a imunidade que o indivíduo desenvolve contra o vírus é permanente ou não. Os primeiros indícios mostram que não. E, portanto, se não há essa proteção de longo prazo, isso significa que o vírus vai continuar circulando. Daí a necessidade de uma vacina”, falou ele, acrescentando que ela só deve ser realidade a partir do segundo semestre do próximo ano.
“O coronavírus está mudando o mundo e a forma como ele funciona. O dia em que tivermos uma vacina e pudermos vacinar em massa a população mundial, poderemos então voltar a pensar ou evoluir para uma situação em que não tenhamos que nos preocupar com transmissão de vírus de uma pessoa para outra. Mas neste momento, vamos ter que lidar com ele por muito tempo”, disse Paulo Menezes, da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo. “É um vírus muito grave. O H1N1 matou uma em cada mil pessoas diagnosticadas. Mas aqui estamos falando, no Brasil, em uma a cada 12 pessoas diagnosticadas. Precisamos transmitir essa mensagem não para criar pânico, mas para que pessoas saibam o que estamos enfrentando nesse momento”.
Óbitos em São Paulo
Segundo o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, 31% dos óbitos ocorridos em todo o Brasil pelo novo coronavírus ocorreram no estado de São Paulo. Mas esse número, segundo o secretário, já foi maior. No dia 15 de abril, os óbitos de São Paulo correspondiam a 45% de todo o país. Isso, de acordo com ele, se deve ao resultado da quarentena em São Paulo que, apesar de ainda distante do ideal, já conseguiu evitar muitas mortes e o colapso no sistema de saúde. “A política de isolamento social em São Paulo salvou vidas”.
“No início da pandemia, no dia 24 de março, 68% dos casos de coronavírus do Brasil eram de São Paulo. Depois disso, caiu para 27% no dia 13 de maio (ontem)”, acrescentou. “Essas taxas têm sido decrescentes, demonstrando a eficácia da política de isolamento social”, disse Vinholi.
Hospital de campanha
A cidade de São Paulo vai receber, na próxima quarta-feira (20), um novo hospital de campanha para tratar os casos de baixa ou média complexidade do novo coronavírus, mas que necessitam de internação. Com isso, além dos hospitais de campanha do Pacaembu e do Anhembi, administrados pela prefeitura de São Paulo, e do Ibirapuera, administrado pelo governo estadual, São Paulo vai ter o seu quarto hospital de campanha, o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Barradas, na comunidade de Heliópolis. O AME Barradas terá 200 leitos, sendo 24 de UTI e 28 de estabilização. O investimento neste hospital é de R$ 30 milhões, com R$ 915 mil de custeio.
Segundo a secretaria estadual da Saúde de São Paulo, o hospital de campanha do Ibirapuera, inaugurado no dia 1º de maio, tem neste momento 114 pacientes internados. Mas já passaram por ele 244 pacientes, sendo que 87 tiveram alta. Esse hospital do Ibirapuera recebe pacientes encaminhados por hospitais da Grande São Paulo.