Lula nos EUA: Biden quer relação forte para recuperar influência diz Ian Bremmer
Intenção de criar um forte laço com o Brasil, na avaliação de Bremmer, fará Biden colocar a discussão sobre democracia no centro do debate
- Data: 09/02/2023 15:02
- Alterado: 09/02/2023 15:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
A conversa preliminar de Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro passado, despertou nos americanos a sensação de que a reunião entre o brasileiro e o presidente Joe Biden terá um tom construtivo. “Pelo que tive notícia, quando Jake Sullivan esteve no Brasil houve uma reunião extraordinária, na qual os dois passaram por uma série de temas internacionais, domésticos”, afirma Ian Bremmer, fundador da consultoria de risco político Eurasia Group, que avalia que é de interesse da Casa Branca construir uma relação sólida com o Brasil, durante o governo Lula.
“Biden certamente quer um relacionamento forte com o Brasil, especialmente depois da Cúpula das Américas do ano passado”, disse Bremmer, que classificou o evento como um dos piores fóruns multilaterais. Realizada em Los Angeles (EUA), em junho de 2022, a Cúpula das Américas foi um evento esvaziado, que deixou claro o declínio da influência americana no hemisfério.
A decisão dos americanos de excluir Venezuela, Cuba e Nicarágua do fórum gerou boicote de outros países da região, como o México importante parceiro dos americanos. Os presidentes de El Salvador, Guatemala e Honduras também não compareceram. O cenário levou Biden a fazer uma inflexão na sua política de não se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro e convidar o brasileiro para um encontro bilateral, o que garantiu a presença do Brasil na Cúpula, que vinha sendo descrita por analistas como um fracasso.
A intenção de criar um forte laço com o Brasil, na avaliação de Bremmer, fará Biden colocar a discussão sobre democracia no centro do debate, mas também dar espaço para outros assuntos, como meio ambiente e comércio. “Lula é uma voz forte sobre meio ambiente, em oposição a Bolsonaro, e Biden também deve abrir questões como comércio, investimentos, há oportunidade para discutirem mais sobre essas áreas”, afirma o fundador da Eurasia.