Jeep Renegade: Ajustes pontuais

Quando foi lançada na Europa, a linha 2019 do Renegade apresentou uma renovação no visual e aperfeiçoamentos no sistema multimídia. Mas a grande novidade do Jeep compacto fabricado na Itália foi uma nova família de motores, todos enquadrados na norma Euro 6. A gasolina, são três opções turbo – 1,0 litro de três cilindros, com 120 cavalos e 19,4 kgfm, e 1,3 litro de quatro cilindros, com 150 cavalos ou 180 cavalos, sempre com 27,5 kgfm de torque máximo. Lá, existem ainda três opções turbodiesel da família Multijet II: 1.6 de 120 cavalos, 2.0 de 140 cavalos e 2.0 de 170 cavalos, sempre com sistema AdBlue. No Brasil, o modelo 2019 demorou cinco meses a mais a chegar e se limitou a pequenos ajustes estéticos e às inovações no multimídia. Foram mantidos os motores 1.8 Flex com 139 cavalos e Multijet 2,0 litros turbodiesel de 170 cavalos, de origem Fiat, que acompanham o Renegade desde seu lançamento nacional, em abril de 2015.

Mesmo em termos estéticos, o Renegade brasileiro teve mudanças bem mais tímidas. A versão “made in Brazil” não incorpora a peça que coloca os faróis de neblina mais ao centro e abre duas entradas de ar abaixo das setas, presente no modelo europeu. A grade redesenhada preserva as tradicionais sete fendas, apenas um pouco mais baixas. Agora, o Renegade nacional tem mesmo para-choque para as versões flex e diesel, com melhor ângulo de ataque (até 28 graus ou 30 graus na Trailhawk) e um sutil retoque na região dos faróis de neblina. Nas configurações mais caras, os faróis de leds, que são de série na Trailhawk e Limited e opcionais na Longitude, substituem os de xenônio. Os faróis de neblina também recebem leds. Por dentro, o detaque é a tela multimídia com 8,4 polegadas nas versões mais caras e as novas rodas, entre elas uma exclusiva de aro 19” na versão Limited. A partir da Limited, o Renegade passa a ter sete airbags de série. O porta-malas ficou 47 litros maior – agora comporta 320 litros – pelo uso do estepe fino, algo que já existia desde a linha 2018. Apenas a versão Trailhawk manteve o estepe normal por conta de sua vocação para o fora-de-estrada. A tampa traseira ganhou uma maçaneta externa, que torna a abertura mais fácil.

A partir das versões Longitude, o Renegade 2019 passa a contar com a maior tela multimídia da categoria, de 8,4 polegadas, a mesma do Compass. É possível parear o smartphone por meio das interfaces Android Auto e Apple Car Play, para acessar pelo monitor do veículo aplicativos de navegação, como Google Maps e Waze e de música, como Spotify e Deezer. O Uconnect 8,4” permite ainda acessar as funções do ar-condicionado remotamente, por toques no monitor ou por comandos de voz. Nas configurações Sport 1.8 Flex, com câmbio manual ou automático, o Renegade mantém de série o Uconnect 5”, com tela “touch” e câmera de ré incorporada. A segunda entrada USB, que ficava dentro do porta-objetos central, agora está voltada para os passageiros traseiros. E o console central ganhou novos nichos.

O novo SUV chega em quatro versões de acabamento: a básica Sport, a intermediária Longitude e as “top” Limited e Trailhawk. A primeira têm sempre motor 1.8 16 V E.torQ Evo flex – de 132 cavalos e 19,1 kgfm e a segunda oferece a opção do 2.0 Multijet II turbodiesel, com turbina VGT, de geometria variável, de 170 cavalos e 35,7 kgfm. A Sport é a única versão que oferece a opção de câmbio manual de 5 marchas, mas pode vir também com transmissão automática de 6 marchas. A Longitude vem com o câmbio automático de 6 velocidades na versão flex ou de 9 marchas na diesel. A Limited vem apenas com motor flex e câmbio automático de 6 marchas, enquanto a Trailhawk tem motor diesel, sempre associado ao moderno câmbio automático de 9 velocidades.

Em três anos e meio no mercado nacional, o Renegade já acumula 160 mil emplacamentos apenas no mercado interno. Para melhorar essa performance, a política de preços da linha 2019 está mais agressiva nas versões mais baratas, nas quais os preços foram reduzidos em relação ao modelo anterior. A versão 1.8 Flex AT6 (exclusiva para PCD) sai por R$ 69.999. A Sport 1.8 Flex MT5 custa R$ 78.490 (redução de R$ 7 mil em relação ao modelo 2018). A Sport 1.8 Flex AT6 custa R$ 83.990 (redução de R$ 8 mil). A Longitude 1.8 Flex AT6 manteve o preço de R$ 96.990. Já as versões mais completas tiveram seus valores ligeiramente majorados. A Limited 1.8 Flex AT6 custa R$ 103.490. A Longitude 2.0 Diesel AT9 4×4 sai por R$ 125.490. E a “top” Trailhawk 2.0 Diesel AT9 4×4 agora atinge R$ 136.390.

Experiência a bordo

Funcionalidade ampliada
Na cabine do Renegade 2019, a área central foi redesenhada e os porta-objetos ficaram mais espaçosos. Entre as poltronas, se abriu um novo nicho, para acomodar itens como um telefone celular. Nas versões a diesel, o botão giratório do Selec-Terrain subiu um pouco para gerar mais amplitude na área ao redor. São muitos os comandos no volante e painel, mas não é difícil se adaptar a eles. A alavanca da transmissão automática tem boa empunhadura e os comandos são bastante precisos. Os revestimentos interiores são agradáveis e ajudam a tornam o veículo aconchegante. Os ajustes de volante – em altura e profundidade – e do banco são funcionais e facilitam a tarefa de achar uma boa posição para dirigir. O aproveitamento dos espaços é bem inteligente – uma herança do “lado Fiat” da FCA. O isolamento acústico é correto. Atrás, três ocupantes viajam, mas dois vão bem mais à vontade. A suspensão privilegia o conforto e absorve as eventuais falhas no piso.

A lista de equipamentos, desde sempre um destaque do Renegade em todas versões, evoluiu ainda mais na versão 2019. É equipado com controles de estabilidade (ESC) e de tração, suspensão independente nas quatro rodas, freio de estacionamento eletrônico, tela multifuncional no quadro de instrumentos e rodas de liga leve, entre outros destaques. Na versão topo de linha Trailhawk, o nível de equipamentos é o destaque. Nela, os sensores dianteiros e traseiros, além de câmara de ré, simplificam consideravelmente a tarefa de manobrar.

Primeiras impressões

Múltiplas facetas
Em um segmento de mercado no qual o espírito aventureiro é a mais importante ferramenta de marketing, a longa tradição da marca norte-americana certamente pesa. Nas estradas da Praia do Forte, na periferia de Salvador, foi possível avaliar a versão Sport 1.8 Flex AT6, a mais barata do Renegade com câmbio automático – custa R$ 83.990 e teve uma redução de R$ 8 mil em relação ao modelo 2018. Não por acaso, é uma das que puxam as vendas do compacto da Jeep. Pena que, no modelo 2019, a versão Sport manteve a velha tela de 5″ e os comandos analógicos da refrigeração. É preciso um olhar muito atento para notar os retoques visuais da versão de entrada. O que mais chama a atenção são as novas rodas de 17″.

Como a mecânica também não teve qualquer alteração, mantendo o motor 1.8 e-TorQ (139 cavalos e 13,9 kgfm de torque) e o câmbio automático de 6 marchas, o Renegade preserva a mesmo comportamento dinâmico do modelo anterior. A direção é bem calibrada, mas o trem de força exige mais torque e potência para mover com mais esportividade a “tonelada e meia” do Renegade. As aletas para trocas de marchas no volante ajudam a tornar a performance mais esperta. Apesar da altura de 1,72 metro, a versão Sport 1.8 Flex AT6 do utilitário esportivo pernambucano avaliada no teste demonstrou firmeza, com rolagens de carroceria controladas. A suspensão ameniza os movimentos da carroceria nos trechos esburacados e entrega um bom nível de conforto. É um compacto agradável de se dirigir, com bom comportamento dinâmico e um interior bastante aconchegante.

 Já a parte “off-road” do circuito foi feita com a versão “top” Trailhawk, de R$ 136.390. O motor a diesel 2.0, com seus 170 cavalos e robustos 35,7 kgfm de torque, certamente permite ao modelinho um pouco mais de exuberância dinâmica. O câmbio automático de 9 velocidades é moderno e faz um bom conjunto com o motor. A nova tela de 8,4″ facilita bastante a vida a bordo.

Nessa versão, o nível de acabamento é aprimorado e o interior é um pouco mais espalhafatoso – incorpora detalhes em vermelho no console central e no painel. No circuito off-road, o carro pôde exibir as inequívocas habilidades dos veículos a diesel dotados de tração 4×4. Embora pensado para o uso mais urbano, o jipinho está longe de fazer feio nas trilhas. Os sistemas eletrônicos tradicionais da marca, como o Select Terrain, se mostram efetivos nesse utilitário esportivo leve e de entre-eixos curto. Dá para se divertir bastante no off-road.

Ficha técnica
Jeep Renegade Sport 1.8 flex automático
Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.747 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de 6 marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência: 130 cavalos com gasolina a 5.250 rpm e 139 cavalos com etanol a 5.750 rpm.
Torque máximo: 18,6 kgfm com gasolina e 19,3 kgfm com etanol a 3.750 rpm.
Aceleração de zero a 100 km/h: 11,5 segundos.
Velocidade máxima: 181 km/h.
Diâmetro e curso: 80,5 milímetros x 85,8 milímetros. Taxa de compressão: 12,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo McPherson, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores, hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais.  Controle eletrônico de estabilidade e sistema anticapotamento.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD e assistente de partida em rampas.
Carroceria: Utilitário compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,23 metros de comprimento, 1,80 metro de largura, 1,72 metro de altura e 2,57 metros de entre-eixos. Airbags frontais de série.
Peso: 1.432 quilos.
Capacidade do porta-malas: 360 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Lançamento mundial: 2014.
Lançamento no Brasil: 2015.
Produção: Goiana, Pernambuco.
Preço: R$ 83.990.